DHFA - Teses de Doutoramento / Doctoral Thesis
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Também documentos cujo grau seja igual ou mais elevado que TESE DE DOUTORAMENTO, mas não siga a Convenção de Bolonha, são colocados nesta categoria.
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- Aspetos da defesa militar dos Açores no quadro Atlântico do ‘Mare liberum’ – a fortificação de uma periferia: o caso da ilha de Santa Maria (séculos XVI-XVIII)Publication . Cruz, Carlos Luís Marques Castanheira da; Faria, Carlos Guilherme Lopes Rilley Mota; Albergaria, Maria Isabel Whitton da Terra Soares deO presente estudo consiste numa abordagem aos aspetos da defesa militar dos Açores no quadro Atlântico do “Mare liberum”, com ênfase num estudo de caso, a saber a fortificação da ilha açoriana de Santa Maria (séculos XVI-XVIII). Como ponto de partida, analisamos de forma global os aspetos militares na obra do cronista quinhentista Gaspar Frutuoso, confrontando-os com outros autores e obras desde o período em tela até aos nossos dias, assim como procuramos compreender os exemplares de cartografia antiga que representam a ilha de Santa Maria, procurando reconstruir uma narrativa fundamentada da história da defesa militar da ilha. Além de informações historiográficas e cartográficas, entendemos que, durante os anos da investigação ao solicitar o acesso e manusear os fundos documentais sobre a Ilha de Santa Maria, hoje já quase totalmente processados e tratados arquivisticamente, contribuímos para o seu conhecimento e divulgação, permitindo a outros investigadores abrir e desenvolver, ou aprofundar, outras linhas de trabalho sobre a ilha. Pretendeu-se ainda inscrever a história da defesa militar da ilha num arco maior de defesa dos Açores, e de confronto das nações europeias no espaço de fronteira entre a Europa, a África e a América, constituído pelo arquipélago.
- O impacto social da presença norteamericana na ilha Terceira, Açores, durante o período do Estado Novo (1933-1974)Publication . Santos, Tânia Gabriela Godinho; Silva, Susana Serpa; Diogo, Fernando Jorge AfonsoA investigação subjacente à tese que agora se apresenta, pretende fazer perpetuar as memórias e a identidade de uma comunidade — neste caso, a da ilha Terceira — em consequência da presença estrangeira que aqui se estabeleceu. O nosso estudo incide primordialmente, sobre o impacto que a presença norteamericana, sediada na Base das Lajes, teve na população insular, presença esta que se oficializa em 1946 e que ainda hoje se faz sentir. Por consequência, esta pesquisa centra-se no período temporal de 1933 a 1974, isto é, os primórdios da Base das Lajes: desde a construção do aeródromo, com a sua pista de terra batida, até à chegada dos britânicos e as consequências das obras de melhoramento do campo de aviação, para os proprietários da planície das Lajes, como para a comunidade em geral, apresentando com maior incidência os impactos sociais resultantes da presença norte-americana que se iria oficializar, após a desmobilização da Royal Air Force, em 1946, e até ao final do Estado Novo em 1974. Em relação à presença dos militares norte-americanos, questão central neste trabalho, abordamos também os processos de adoção/entrega de crianças terceirenses a casais norte-americanos, bem como os matrimónios entre jovens insulares e militares, atendendo ao impacto que a presença estrangeira trouxe, mas que também permitiu vislumbrar a perspetiva de uma nova vida na outra margem do Atlântico, impulsionando a emigração e o perseguir do american dream. Destes casos resulta um conjunto de conclusões e reflexões que se vão levantando no seguimento da investigação, desde logo, a reflexão em torno da emigração e da miragem de uma melhor qualidade de vida, sendo esta uma das grandes motivações das jovens nubentes, mas também dos progenitores que entregam os seus filhos quase como se de uma “emigração” antecipada se tratasse, vislumbrando um melhor futuro para eles e uma fuga à pobreza endémica dos Açores. Tendo estes sido fenómenos arquipelágicos, não se centraram unicamente na ilha Terceira, foram transversais a todo o arquipélago. Cremos que estes dois fenómenos são instrumentais para se compreender o impacto social dos norteamericanos na Terceira, e nos Açores em geral. É nosso intuito resgatar e preservar as memórias de uma comunidade que vivenciou os fortes impactos da presença norte-americana e comprovar como esta presença transformou a vida e a quietude insular, trazendo desenvolvimento e prosperidade às gentes da ilha. Este recuo ao passado pretende ser um legado para as gerações futuras, com o intuito de compreender melhor as consequências sociais da implantação da Base das Lajes.
- Desenhar (n)a ilha: ensino e prática do desenho em São Miguel na segunda metade do século XIXPublication . Pereira, Ana Cristina Moscatel; Silva, Susana Paula Franco Serpa; Leandro, Sandra Maria FonsecaEste estudo pretende traçar a história do desenho, enquanto disciplina e enquanto prática, na ilha de São Miguel na segunda metade do século XIX. Consubstanciado como parte da educação e da instrução Oitocentista, o desenho ganhou uma importância civilizacional no século XIX, associando-se ao projeto de regeneração do país e de engrandecimento nacional que passava pelo desenvolvimento da “arte industrial”. Nesse contexto, este estudo vem traçar o percurso do desenho no que diz respeito às várias formas do seu ensino (liceal, industrial, particular e associativo) e às diversas vias da sua difusão pública na ilha (publicidade, ilustração e caricatura). Destacam-se as várias instituições e associações que viabilizaram o seu ensino, como o Liceu Nacional de Ponta Delgada e a Escola de Desenho Industrial Gonçalo Velho Cabral, mas igualmente diversas associações e particulares que ensinaram e praticaram desenho como parte da sua atividade profissional, social e cultural. Destacamos homens e mulheres que aprenderam desenho, fizeram dele a sua profissão e contribuíram, através da impressão e da imprensa, para que se tornasse uma presença quotidiana na ilha, à semelhança do que acontecia a nível nacional e europeu. Este estudo pretende, assim, contribuir para o conhecimento da História Social e Cultural dos Açores, abordando um dos elementos artísticos e culturais mais importantes do século XIX.
- CRISTOFORO COLOMBO versus CRISTÓBAL COLÓN Cristoforo Colombo, the weaver from Genoa, was not Don Cristóbal Colón, the navigator from IberiaPublication . Rosa, Manuel da Silva; Meneses, Avelino de Freitas de; Costa, João Paulo Oliveira eABSTRACT: In the interest of clarity and consistency we will write the navigator’s name, whom the English call Christopher Columbus, as Don Cristóbal Colón (1455?-1506). Colón is the surname he used while living in Castile - see Figure 1. Colón is also the surname utilized for five centuries in all the Spanish-speaking countries, and the surname by which his Spanish descendants are presently known. We will employ this name when quoting texts and only use a different form of the name if it becomes necessary to clarify a document. Therefore, phrases such as “uno che se dimanda Coloma, grandissimo marinaro, nepote del grande Coloma de Francia”1 may be corrected to “uno che se dimanda Colón, grandissimo marinaro, nepote del grande Colombo de Francia.” We will designate the navigator’s two brothers by their Castilian names Bartolomé Colón (1457?-1514) and Diego Colón (1459?-1515). Although Don Cristóbal’s first-born son is called Diego Colón in Spain, we will use his Portuguese name Diogo Colón (1480-1526) to differentiate him from his uncle Diego. As for Don Cristóbal Colón’s other son, we will call him Don Hernando Colón (1488-1539), the name on his tomb in the Cathedral of Seville. In our view, proper names should never be translated and there should be a rule, especially when dealing with surnames, to keep them in their original language format. When a name is translated it ceases to be the person’s actual name and becomes a pseudonym. For example, the Portuguese name Fernão de Magalhães started to be written as Ferdinand Magellan in Spanishspeaking countries and most of the world knows him by this Spanish name. Few know who we are talking about if we call him Fernão de Magalhães, his birth name. It also happens that the modification/translation of names from one language to another does not follow a standard rule. George Washington, the First President of the United States of America, is not usually translated into other languages.
- A Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo (de meados do século XVIII ao Compromisso de 1852)Publication . Medeiros, João Luís Andrade de; Silva, Susana Serpa; Gonçalves, Maria Margarida de Sá Nogueira LalandaEm meados de setecentos, as misericórdias portuguesas vivem, de forma geral, sob o signo da crise. Uma decadência que, entre outros fatores, brota da excessiva acumulação de dívidas incobráveis, de erros de gestão administrativa, da incúria, de fraudes e subornos eleitorais, da delapidação do património e, não raro, da recorrente distorção da vontade dos doadores. Neste contexto, a Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo não é exceção. Ainda assim, no mais antigo município micaelense, não é o peso das dívidas, nem a persistência de conflitos internos que precipitam a confraria para a crise. De facto, o indesejável arresto dos bens da capela do vigário Manuel Fernandes, o estado de degradação do património emblemático da instituição – hospital, igreja e granéis –, a apatia que se abate sobre a irmandade e, por acréscimo, a incúria e a drástica redução de heranças angariadas são as principais causas que originam o declínio da Santa Casa. Dotada de receitas muito comedidas, quase exclusivamente à base de rendas e foros que se convertem em trigo e moeda, a confraria vilafranquense não tem líderes, nem beneméritos com aptidão, vontade e/ou altruísmo para reverter a situação. Por isso, a meio de setecentos, o quotidiano da irmandade é marcado por muita hesitação, negligência constante e a indevida permanência dos mesmos dirigentes que, sob o pretexto de garantir a continuidade das obras de requalificação do hospital e da igreja, se vão perpetuando no comando da instituição dando azo à emergência de redes clientelares e muita corrupção. Anomalias que contam sempre com a anuência do Definitório e até fomentam a imisção do Juiz de Fora Francisco Pereira de Lacerda que, na mira de colher dividendos políticos e pessoais, também giza “tomar de assalto” a chefia da Santa Casa no ocaso de setecentos. [...].
- Os antigos modernos : o liberalismo nos Açores : uma abordagem geracionalPublication . Riley, Carlos Guilherme; Pires, António Machado; Ramos, Luís A. de Oliveira[…]. Jacques Le Goff, na entrada que redigiu sobre este tema para o 1º volume da Enciclopédia Einaudi, diz-nos o seguinte: O par antigo/moderno (…) durante o período pré-industrial, do século V ao XIX, marcou o ritmo de uma oposição cultural que, no fim da Idade Média e durante as Luzes, irrompeu na ribalta da cena intelectual. Conforme é seu timbre, dele e da chamada historiografia pós-moderna, Le Goff sublinha a ambiguidade e o relativismo histórico destes dois conceitos, debitando os exemplos clássicos do Renascimento – cuja modernidade passa pelo culto da Antiguidade – e do Romantismo, onde a rejeição dos tempos modernos se exprime pela valorização das tradições folclóricas e medievais. Dito de outro modo, antigo e moderno não são categorias com valor universal e absoluto, dependendo o seu significado do quadro histórico em que as analisamos. No caso da presente dissertação e sem prejuízo do seu carácter monográfico, o pano de fundo sobre o qual decorrem os acontecimentos é o da transição das Luzes para o Liberalismo ou, se preferirmos a linguagem cronológica, é o de um compasso com 60 anos de raio, da década de 1770 à de 1830. Ora, atendendo ao perímetro do campo de análise, há que manusear os conceitos de antigo e moderno com particular cautela, pois se é verdade que este arco cronológico, na perspectiva histórica do Ocidente, corresponde indiscutivelmente à Era das Revoluções e à passagem do Antigo Regime para a sociedade moderna, também não deixa de ser certo que, na perspectiva da História de Portugal e, mais restritamente, na da História dos Açores, este mesmo período representa um processo de viragem bem menos linear, pois o arquipélago experimentou não uma, mas duas experiências revolucionárias entre 1766 e 1832: a reforma pombalina (e centralizadora) do Governo dos Açores e a fragmentação política das ilhas por ocasião das marés Liberais das décadas de 1820 e 1830. Para acrescentar mais alguma densidade à questão e dissipar aquela ideia – tão afiada quanto a guilhotina – de que é a Revolução Liberal que faz rolar a cabeça do Ancien Régime em Portugal, recorde-se como os Republicanos celebraram no 1º centenário da morte do Marquês de Pombal a memória deste símbolo do Despotismo Iluminado como sendo o primeiro dos modernos portugueses. A atribuição de tal adjectivo a Sebastião José de Carvalho e Melo ainda faz mais sentido quando focamos o nosso olhar sobre os Açores, já que as reformas administrativas por ele operadas no arquipélago representaram – muito embora dentro da moldura institucional do Antigo Regime – a primeira experiência política moderna jamais ensaiada nestas ilhas desde o seu povoamento. Dir-se-ia, portanto, que Pombal é ao mesmo tempo uma coisa e o seu contrário, configurando um oxímoro político e cultural particularmente adequado ao tipo de abordagem aqui ensaiada em torno do par antigo/moderno pois, ao contrário de Le Goff, acreditamos que ela pode (e deve) ser feita no pressuposto de que estes dois conceitos não são necessariamente opostos. Colocando a tónica nas reformas pombalinas e delas partindo para a abordagem do Liberalismo nos Açores, procurámos ir contra aquela visão segmentada do passado que tem por hábito arrumá-lo em gavetas, período a período, como se os grandes terramotos da vida política que dividem o antigo regime e a modernidade liberal ou, noutra variante do vocabulário académico, a História Moderna e a História Contemporânea, fossem uma espécie de cronologia meridiana de Greenwich que regula o discurso historiográfico europeu. Se nos é permitida uma metáfora geográfica, o último quartel do século XVIII em Portugal e, muito particularmente, nos Açores, é como um rio a atravessar determinado território. Há quem nele veja a marca separadora entre duas províncias, concelhos, ou freguesias, e há quem o olhe como factor inclusivo de união entre as duas margens. Ora, tal como a geografia administrativa diverge da geografia humana na análise do mesmo objecto, também no campo historiográfico existem abordagens diferentes do processo de transição do absolutismo para o liberalismo, isto é, do antigo para o moderno. No caso vertente, aquela que adoptamos situa-se na esteira de uma tradição historiográfica inaugurada por José de Arriaga no século XIX e, nesse sentido, não apresenta qualquer ponta de originalidade, embora não se trate tanto aqui de escolher modelos historiográficos prêt à porter, mas sim de explicar as razões que nos levaram a segui-lo. A primeira delas foi a forma como o modelo se prestava muito naturalmente à abordagem geracional deste período de transição e, além disso, pareceu-nos interessante assumir uma grelha de leitura – geracional – que desde os tempos de Oliveira Martins e da geração de 70 enforma a percepção colectiva da nossa contemporaneidade e, mais ainda, que marca a própria separação meridiana entre o antigo e o moderno em Portugal. Outra das razões que nos levou a abraçar este modelo prende-se com o facto dele estar em contratempo com uma certa tradição historiográfica açoriana que, desde os tempos do Liberalismo, cavou uma trincheira muito funda entre o século XVIII e o século XIX, isto para não falar do enorme silêncio que pairava sobre a sociedade setecentista insular até ao último terço do século passado, desfeito a partir do trabalho pioneiro de José Guilherme Reis Leite e depois prosseguido, já no quadro institucional da Universidade dos Açores, pela investigação aprofundada de Avelino de Freitas de Meneses sobre o meio-dia do século XVIII nos Açores. Apesar do grande mérito desses trabalhos e também do contributo de José Damião Rodrigues para o conhecimento da ilha de S. Miguel na centúria de setecentos, julgamos persistir no campo historiográfico açoriano uma fronteira a separar os séculos XVIII e XIX, fronteira essa recentemente esbatida, é certo, pelo trabalho de Ricardo Manuel Madruga da Costa sobre Os Açores em finais do regime de Capitania-Geral (1800-1820), mas ainda assim tacitamente presente na sua própria moldura cronológica, o mesmo se podendo dizer da investigação de Maria Fernanda Teixeira Enes sobre O Liberalismo nos Açores, cujas coordenadas de estudo se situaram entre 1800 e 1832. Dito isto, não presumimos ocupar com a presente dissertação um hiato – se é que ele existe – na historiografia açoriana, mas, por outro lado, estamos conscientes dela representar uma abordagem do Liberalismo que, embora consagrada há muito pela velha historiografia republicana, tem estado ausente das investigações feitas entre nós neste último quarto de século, facto tanto mais notável quanto a periodização histórica açoriana até oferece uma moldura política e administrativa – a do regime da Capitania-Geral – particularmente convidativa para esse tipo de enquadramento. [da Introdução]
- Introdução da cultura do chá na ilha de São Miguel no século XIX (subsídios históricos)Publication . Moura, Mário Fernando de Oliveira; Costa, Susana GoulartO título desta tese é “A introdução da cultura do chá na Ilha de S. Miguel no século XIX” (subsídios históricos)”. Deixamos de fora as restantes oito Ilhas dos Açores porque, excetuando-se o caso da do Faial, nos finais do século XIX, a cultura e a produção do chá é um fenómeno da ilha de São Miguel. A História que propomos desta bebida estimulante não alcoólica, a segunda mais consumida no planeta, sendo a água a primeira, segue um percurso que começa no global e culmina no particular. Este trabalho articula-se em torno de dois eixos, à volta dos quais agem e interagem os demais temas: um institucional, centrado na acção da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense (SPAM), outro biográfico, centrado na figura de José do Canto. Permite-nos vislumbrar o contexto global do chá. Seguimo-lo do seu presumível berço original, situado numa vasta região montanhosa dos Himalaias, hoje partilhada por diferentes países, tais como a China, o Vietname e a Índia, até ao seu cultivo, uso e consumo. Muito embora recue aos primórdios asiáticos do chá, este trabalho situa-se, essencialmente, entre a década de sessenta do século XIX, tempo inicial das iniciativas dos irmãos José do Canto (1820-1898) e Ernesto do Canto (1831-1900) e do primo José Jácome Correia (1816-1886), e o ano de 1898, ano da morte do primeiro.
- O ensino primário nas ilhas de S. Miguel e Terceira : dos ideais às práticas educativas nas primeiras décadas do século XXPublication . Medeiros, Isolina Júlia dos Reis e Reis; Cordeiro, Carlos Alberto da Costa; Pintassilgo, Joaquim António de SousaPretende-se com este estudo dar a conhecer a história do ensino nas ilhas de S. Miguel e Terceira e destacar a importância que tiveram as sociedades de beneficência, Associação Século XX, a Sociedade Promotora de Instrução Terceirense e a Liga Micaelense de Instrução, no combate ao analfabetismo. Estas instituições republicanas, com forte influência da maçonaria, destinavam-se a promover a alfabetização e escolarização, através da implementação de comissões de beneficência, caixas económicas escolares, cursos noturnos, bibliotecas, museus e missões escolares, pelo método de João de Deus. As instituições, com vista à frequência escolar, proviam os meios necessários às crianças pobres e desse modo, garantiam a sua presença na escola. Mas, a democratização do ensino aberto às massas, comportava uma intenção ideológica: criar uma “nova escola” gratuita, obrigatória e laica, onde fossem inculcados os novos ideais e valores republicanos. Ao formar um “homem novo”, mais ativo e participativo na sociedade, era possível alcançar o progresso e a regeneração social. Estes novos ideais, confrontados com uma sociedade tradicional católica geraram, no caso terceirense, grandes controvérsias com a igreja. Este estudo pretende contribuir para o conhecimento da História da Educação nos Açores que regista uma produção muito reduzida, devido à informação escassa e dispersa, ao mau estado de certos fundos não catalogados e à falta de organização e tratamento documental.
- José Maria Raposo Amaral (1856-1919) : um progressista convicto?Publication . Pimentel, Afonso Alberto Pereira; Costa, Susana Goulart; Cordeiro, Carlos Alberto da CostaPelos múltiplos papéis que desempenhou - de dirigente partidário a autarca, de proprietário rural a industrial, de entusiasta da caça a impulsionador da piscicultura - José Maria Raposo de Amaral Júnior figura, sem dúvida, entre os homens cuja ação influenciou o quotidiano da ilha de S. Miguel num período que vai do último quartel de oitocentos às primeiras duas décadas do século XX. Herdeiro de uma das mais ricas fortunas da maior ilha do Açores, Raposo de Amaral faz parte da elite micaelense, destacando-se no rol dos protagonistas do primeiro movimento autonómico dos Açores e do processo de industrialização de S. Miguel que lhe surge associado. O Senhor do Colégio, como é popularmente conhecido, está à testa dos projetos das indústrias do álcool, do açúcar e do chá, liderando, igualmente, empreendimentos tão diversos como o fornecimento e distribuição de água a Ponta Delgada, o povoamento piscícola das lagoas das Sete Cidades e Furnas ou a construção do Coliseu Avenida (no presente, Coliseu Micaelense). Ora, a presente tese assume-se como uma das diversas narrativas possíveis sobre a vida de José Maria Raposo de Amaral, pretendendo-se, seja através do recurso ao testemunho direto do próprio, recolhido em milhares de cartas que escreveu e arquivou, seja com apoio de outras fontes da época ou trabalhos historiográficos já publicados, contribuir, complementarmente, para uma melhoria do conhecimento da história micaelense numa época marcada por grandes e aceleradas mudanças que culminariam na eclosão da Grande Guerra.
- O Liceu Nacional de Angra do Heroísmo nas décadas finais da Monarquia (1880-1910) : percurso de uma instituição liceal insularPublication . Ávila, Leandro Adelino Andrade Cardoso; Cordeiro, Carlos Alberto da CostaA Reforma de Luciano de Castro procurou imprimir ao ensino liceal português um novo rumo, mas foi com a legislação de Jaime Moniz que aconteceu a rutura com o estado caótico em que se encontrava este nível de ensino. Contudo, a assimetria entre os liceus continuou colocando-os em categorias diferenciadas. Neste encalce, o liceu angrense, durante várias décadas, pugnou pelo melhoramento da respetiva categoria, a fim de poder ministrar o curso liceal completo, mobilizando diversos argumentos que legitimassem tal pretensão. Ao nível arquipelágico, procurou-se que esta afirmação se efetivasse, assumindo-se concomitantemente como fator de valorização e de centralidade do próprio distrito. Neste domínio, esta e outras questões assumiram contornos políticos, não ficando incólume o papel das autoridades distritais, bem como o perfil político-partidário e prestígio dos reitores. Pese embora lacunas ao nível das instalações e recursos disponíveis, assim como o caráter elitista da população estudantil, o liceu angrense não deixou de ser um importante núcleo cultural e intelectual do distrito, influenciando e deixando-se influenciar pelo meio onde estava inserido. A contextualização da realidade liceal angrense no cômputo nacional assumiu-se como importante vetor, podendo contribuir para o entendimento mais holístico da realidade liceal portuguesa, integrando as especificidades de um liceu insular.