Núcleo Interdisciplinar da Criança e do Adolescente
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- Matthew Lipman: a infância como um deserto de oportunidades perdidasPublication . Costa Carvalho, MagdaQuando perguntavam a Matthew Lipman se o propósito da Filosofia para Crianças seria tornar os alunos mais sábios ou mais filosóficos, o autor rejeitava em absoluto a ideia. O objetivo do programa de ensino da Filosofia concebido por Lipman e projetado em conjunto com Ann Margaret Sharp era mais ambicioso: proporcionar às crianças o desenvolvimento de competências cognitivas, sociais e afetivas que as habilitem a lidar filosoficamente com qualquer problema que as interpele enquanto seres humanos. Este artigo divide-se em três partes: a tradução de um excerto de "Philosophy goes to School", uma breve apresentação biográfica do autor e uma exploração das ideias de Matthew Lipman sobre o ensino da Filosofia.
- O que significa ser eticamente crítico? Algumas reflexões sobre a Filosofia para CriançasPublication . Costa Carvalho, MagdaO nosso objetivo centra-se na problematização de alguns aspetos relacionados com a dimensão ética do projeto de Filosofia para Crianças iniciado por Matthew Lipman e Ann Sharp nas décadas de 70 e 80 do século XX. Lipman começou por preocupar-se em promover um programa que preparasse as crianças para lidarem com discursos ambíguos, como sejam a publicidade e a propaganda, centrando os seus esforços iniciais na razoabilidade (reasonableness), isto é, numa proposta educativa que promovesse seres humanos mais "razoáveis" ou capazes de raciocinar bem. A comunidade de investigação filosófica (community of philosophical inquiry) designa um grupo de pessoas envolvidas num processo de pensamento filosófico enquanto conjunto de processos deliberativos e colaborativos em que os participantes transformam as suas opiniões em juízos fundamentados e as suas discussões em diálogos, articulando-se de forma autocorretiva. Os trabalhos de M. Lipman e A. Sharp encontraram ecos no critical thinking movement a que autores como os psicólogos R. Ennis e R. Paul concederam grande visibilidade na segunda metade do século XX. Aliás, a incidência no pensamento crítico formal materializa-se com a publicação de Harry Stottlemeier's discovery, a primeira história do currículo de Lipman e Sharp para trabalhar filosoficamente com as crianças, texto especificamente orientado para a aquisição de competências lógicas básicas, privilegiando a perspetiva da aquisição e desenvolvimento de capacidades analíticas e cognitivas. Todavia, os trabalhos de Lipman e Sharp não se resumem a uma abordagem formal do pensamento lógico e destacam-se de outras propostas pedagógicas de estrito enriquecimento cognitivo pelas suas dimensões ética, estética, política e, até, existencial. Podendo ser concebido como um programa de largo espectro, às competências críticas juntam-se outras valências do designado pensamento de multidimensional, nomeadamente os pensamentos criativo, valorativo ou de cuidado (caring). Acresce que a prática filosófica com as crianças extrapola os limites da sala de aula: tal como uma pedra atirada ao rio, as comunidades de investigação filosófica assemelham-se a círculos concêntricos que, quando em funcionamento, irradiam para esferas mais largas e integradoras, o que lhes confere uma importante dimensão ética, social, política e, até, civilizacional. O nosso contributo na presente reflexão prende-se com a vertente ética do programa de Filosofia para Crianças, entendida nas suas expressões individual e coletiva, isto é, enquanto ressoa na conduta pessoal de cada membro da comunidade, bem como no plano social do seu compromisso com o grupo. Procuraremos pensar algumas linhas de articulação entre as dimensões ética e cognitiva do programa de Filosofia para Crianças, lançando a questão: o que significa ser eticamente crítico?
- Filosofia para Crianças : a (im)possibilidade de lhe chamar outra coisaPublication . Costa Carvalho, MagdaAs ideias que apresentamos justificam algumas das opções tomadas pelo projeto de Filosofia para Crianças da Universidade dos Açores e configuram a especificidade do mesmo numa área que, nos últimas 40 anos, tem sofrido adequações e apropriações em diversos países e contextos culturais. Simultaneamente, procuraremos dialogar com um texto que, de forma rigorosa e perspicaz, coloca uma série de importantes questões ao programa de Filosofia para Crianças apresentado por Matthew Lipman (1922-2010) e Ann Sharp (1942-2010), nos Estados Unidos da América, na década de 70 do século XX. Trata-se da excelente reflexão da autoria da homenageada no presente volume, Maria Luísa Ribeiro Ferreira, intitulada “A (im)possibilidade de uma Filosofia para Crianças: algumas questões”.
- Sentir, pensar, agir : a dimensão ética do programa de Filosofia para CriançasPublication . Costa Carvalho, MagdaQuando uma criança formula uma questão de natureza metafísica, ficamos por vezes perplexos com a desconstrução dos mais simples e básicos sentidos que orientam a nossa existência quotidiana. A rápida necessidade de articularmos e justificarmos o que, anteriormente, não nos parecia problemático ou digno de dúvida confronta-nos com a insegurança de vermos o nosso mundo posto em causa e podemos ser tentados a entender a curiosidade natural da criança como uma incomoda característica das fases iniciais do ser humano. Mas é precisamente o direito que a criança tem de fazer perguntas, com o consequente dever do adulto de as acolher, um dos eixos que suporta o programa de Filosofia para Crianças. Iniciado nos Estados Unidos por Matthew Lipman e Ann Sharp na década de 70 do século XX, esta proposta tem sido desenvolvida e adaptada em inúmeros países e contextos culturais e geográficos. Como procuraremos evidenciar ao longo da nossa reflexão, encontramos na Filosofia para Crianças uma estrutura tripolarmente sustentada que se articula no dinamismo entre as dimensões afetiva, cognitiva e volitiva (referente à ação). Será nesse âmbito que iremos justificar o eixo ético do exercício filosófico com as crianças, em que, por um lado, a afetação fomenta o pensar e realiza-se no agir, e, por outro, ser afetado e agir são também modos de pensar.
- Thinking as a community : Reasonableness and EmotionsPublication . Costa Carvalho, Magda; Mendonça, DinaReasonableness is a common topic in the Philosophy for Children (P4C) literature. Nevertheless some important aspects regarding the inter-relationship among reasonableness, emotion and community of inquiry has not been theoretically addressed. Our thesis is that the emergence of reasonableness depends on the way emotions are fostered as crucial for the ethos of the community of inquiry because they play an important role in promoting the self-corrective and regulative aspects of thinking. We shows that just as thinking about thinking helps us to modify, correct and refine the activity of thinking for the continual growth of reasonableness in a community, so emotions about emotions help to modify, correct and refine the way we feel for deepening the sense of reasonableness. Thus, in the context of a community of philosophical inquiry, the growth of reasonableness can be acknowledged in self-evaluating moments because it enables participants to pay attention and regulate meta-emotions. This allows the community to foster deeper and more rigorous inquiry (cognition) and to acknowledge it (metacognition), turning thinking, feeling, acting and being like a community into a shared deliberate activity.
- O que faz a Filosofia na Infância?: Nós, antes de fazermos uma pergunta difícil, temos poucas dúvidas... e depois temos mais.Publication . Costa Carvalho, MagdaMas do que se trata quando se fala de Filosofia para Crianças? A resposta é demorada, mas comecemos pelo princípio: fazer perguntas. Assim tão simples e assim tão complexo: grande parte do trabalho da Filosofia para Crianças consiste na atividade de fazer (e convidar a fazer) perguntas.
- Comentário à Entrevista de Tere de la Garza : a luz que irradia dos bons exemplosPublication . Costa Carvalho, MagdaA entrevista a Tere de la Garza publicada no n. 1 da “Pensar Juntos”, a renovada Revista Iberoamericana de Filosofía para Niños, constitui uma peça fundamental para a compreensão do processo de disseminação da Filosofia para Crianças na América Latina, sobretudo no México. A descrição, na primeira pessoa, dos obstáculos encontrados para a divulgação do Programa de Matthew Lipman e de Ann Margaret Sharp, assim como das formas encontradas para superar esses mesmos obstáculos, apresenta-se de grande relevância e atualidade. O presente artigo constitui um comentário à entrevista de Tere de la Garza, bem como uma reflexão sobre a Filosofia para Crianças no contexto português.
- Não deve dar a palavra aos amigos... assim não é justo! Representações das crianças sobre o gestor da palavra na comunidade de investigação filosóficaPublication . Santos, Ana Isabel; Costa Carvalho, MagdaO presente artigo tem como objetivo a apresentação e discussão das representações das crianças acerca do papel do Gestor da Palavra (GP). Trata-se de um recurso concebido e desenvolvido no âmbito de sessões de Filosofia para Crianças, de acordo com a metodologia da comunidade de investigação filosófica (community of philosophical inquiry) de Matthew Lipman (2003) e de Ann Margaret Sharp (1987). Designamos como “Gestor da Palavra” o membro da comunidade de investigação responsável por escolher, durante o diálogo, quem fala e quando fala. Surge como uma estratégia para envolver ativamente as crianças nos procedimentos da sessão e a sua importância estende-se até às dimensões pedagógica e filosófica da comunidade de investigação. Adotou-se como metodologia o estudo de um caso exploratório, recorrendo-se a um questionário para realizar o levantamento das formas de pensar das crianças. Da análise de conteúdo do questionário, emergiram três subcategorias na definição daquilo que o GP deve e não deve fazer: cognitiva, ética e social. Destas, é a dimensão ética aquela que revela maior incidência de respostas, com implicações para dimensões fundamentais da Filosofia para Crianças como sejam a promoção do caring thinking (LIPMAN, 2003) e a conceção de autoridade na comunidade de investigação. Assim, o artigo divide-se em cinco secções: a Filosofia para Crianças como área científica e como programa curricular, com incidência no conceito de “comunidade de investigação filosófica”; o GP no âmbito da comunidade de investigação; a metodologia do estudo; a apresentação dos resultados e a sua discussão.
- The question of desirability : how is education a riskPublication . Costa Carvalho, MagdaGert Biesta defende que a educação consiste em apresentar às crianças um caminho que vai daquilo que elas querem até àquilo que é bom que elas queiram, oferecendo-lhes as condições para que passem do primeiro ao segundo. Esta passagem de um reino de desejos individuais para o reino do desejável constitui, para o autor, uma "existência des-centralizada". Uma vez que existe uma dimensão normativa inegável nesta perspetiva, pareceu-nos relevante procurar os valores e princípios que a orientam. Na sua conferência no ICPIC, G. Biesta refere-se ao conceito levianasiano de responsabilidade, identificando os desejos individuais (das crianças) com um modo de existência egológico. No seu livro de 2014, The beautiful risk of education, o autor menciona o conceito de sabedoria educacional (dos adultos), a partir de uma perspetiva aristotélica. Em ambas as leituras, Biesta concede privilégios normativos aos adultos, afirmando que, num ambiente educativo, estes têm a responsabilidade de ser educadores e não “aprendentes” (learners). A partir deste contexto, questionamos a afirmação da educação como um risco. Uma vez que, segundo o autor, os professores e educadores têm ao seu dispor padrões normativos de avaliação pelos quais devem orientar as suas práticas, bem como os comportamentos dos alunos (seja a responsabilidade diante do Outro, seja a capacidade de produzir bons juízos), como se poderá ainda falar da educação como risco? Terminamos o nosso comentário procurando significados mais profundos para o conceito de risco em educação.
- Os diagramas De Venn como recurso filosófico no Jardim de InfânciaPublication . Costa Carvalho, Magda; Santos, Ana Isabel; Sequeira, Renata VanessaEsta investigação insere-se no âmbito científico e pedagógico da Filosofia para Crianças, mais especificamente na sua prática com pessoas em idade pré-escolar. Pretendeu-se investigar o tipo de resposta de uma comunidade de investigação filosófica, modelo pedagógico e epistemológico da Filosofia para Crianças, a alguns problemas lógicos cuja resolução envolveu o recurso a Diagramas de Venn. Explorou-se especificamente a formação de conjuntos com intersecção e concluiu-se pela exequibilidade deste recurso lógico no âmbito da educação pré-escolar, bem como pela sua relevância em termos de formação do pensamento.