ARQ - Hist2s - Vol 13 (2009)
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Artigos publicados no Vol. XIII – in Memoriam Sacuntala de Miranda – 2009
CONTEÚDO:
PEREIRA, Miriam Halpern - Historiadora e militante políticaESTUDOS
ALBERGARIA, Isabel Soares de - A igreja da Misericórdia de Ponta Delgada: considerações em torno de um monumento perdidoMARTINS, Rui de Sousa - As artes conventuais nos Açores e o processo de criação do arcano místico da Ribeira Grande
CYMBRON, Luísa - "Algumas modinhas de bom gosto, e duetos italianos para meninas" : a música e a educação de uma família micaelense do início do século XIX
DIAS, Fátima Sequeira - A companhia Exportadora Micaelense entre a imitação e a inovação : dirigir, contar e vender (1872-1881)
SILVA, Susana Paula Franco Serpa - Em torno da visita régia de 1901 aos arquipélagos da Madeira e dos Açores
CAMPOS, Nazareno José de - Açorianos do litoral catarinense : da invisibilidade à mercantilização da cultura
Conferências & Ensaios
MENESES, Avelino de Freitas de - Os Açores e os impérios : séculos XV a XXMENDONÇA, Manuel Lamas de - Ensaio sobre a origem dos Machado da ilha Terceira
Fontes
VIANA, Mário Paulo Martins - Para a História da metrologia em Portugal : um documento de 1353 relativo a BragançaRecensões
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- Para a História da metrologia em Portugal : um documento de 1353 relativo a BragançaPublication . Viana, MárioTendo já sublinhado o papel crucial dos municípios nas questões metrológicas durante a Idade Média, a existência no Arquivo Distrital de Bragança de um raro documento tendo por objecto alterações de medidas de capacidade, datado de 1353, faculta-me ocasião para retomar o assunto e analisar um pouco da conjuntura de meados do século XIV, desde os últimos anos do reinado de Afonso IV aos primeiros do seu sucessor.
- Ensaio sobre a origem dos Machado da ilha TerceiraPublication . Mendonça, Manuel Lamas deDo tronco insular dos Machado que se inicia com Gonçalo Eanes e Mécia de Andrade Machado descende uma parte considerável dos terceirenses, daqueles que se radicaram nas chamadas ilhas de baixo, e certamente muitos membros da comunidade açoriana emigrada. O ADN mitocondrial desta Mécia fará parte do património genético de dezenas de milhares de mulheres com raiz terceirense. Ao questionar as origens continentais deste casal de povoadores estaremos assim a debruçar-nos sobre uma questão que, podendo interessar apenas a uns poucos, acaba por dizer respeito a muitíssima gente. Aparentemente deparamos com um consenso alargado sobre o entronque dos Machado terceirenses nos Machado Carregueiro continentais mas que, em boa verdade, se limita a repousar sobre variantes de uma versão tradicional, sucessivamente transmitida por gerações de genealogistas açorianos. [...]
- Os Açores e os impérios : séculos XV a XXPublication . Meneses, Avelino de Freitas de[...]. Os Açores não constituem simplesmente um elo da correspondência transatlântica. Aliás, possuem uma identidade bem complexa. Com efeito, se a História evidencia muito a mundividência, apresentando as ilhas como o centro do Mundo, já a literatura ressalta muito o isolamento, resultante do afastamento dos continentes e da descontinuidade territorial, apresentando as ilhas como o fim do Mundo. Curiosamente, a política e os políticos, talvez com maior sentido do pragmatismo e da oportunidade, agem em função das circunstâncias. De facto, proclamam a projecção da universalidade, quando reivindicam mais capacidade de auto-governo, mas insistem na pobreza da ultraperifericidade, quando exigem mais contrapartidas financeiras. Apesar da divergência das perspectivas, atentemos mais na universalidade dos Açores, que historicamente influi na definição das dinâmicas do Atlântico, conferindo maior projecção à Europa.
- Açorianos do litoral catarinense : da invisibilidade à mercantilização da culturaPublication . Campos, Nazareno José deAs populações de origem açoriana do litoral catarinense possuem, no processo histórico, forte grau de invisibilidade. Se nos anos 1940 a política de brasilidade do governo Getulio Vargas pôs em evidência a questão da açorianidade, em especial com o Primeiro Congresso de História Catarinense ocorrido em 1949, apenas nas últimas décadas do século XX é que a cultura aço- riana volta a ter visibilidade. Todavia, não mais pelos mesmos motivos, mas plenamente integrada à conjuntura econômico-social local-regional, em que se inserem novos contextos e interesses econômicos, entre os quais o setor do turismo.
- Em torno da visita régia de 1901 aos arquipélagos da Madeira e dos AçoresPublication . Silva, Susana SerpaA visita régia de 1901 representou um momento único na história dos arquipélagos atlânticos. Pelo seu simbolismo e impacte, volvidos mais de cem anos sobre a sua ocorrência, continua a perpetuar-se na memória colectiva local. A análise dos seus antecedentes, da organização e do contexto em que se efectuou, das causas ou motivações que levaram D. Carlos a vir às ilhas, bem como dos múltiplos significados e interpretações que a visita assumiu e suscitou constitui o principal objectivo deste trabalho que, todavia, não esgotará, de certo, esta questão que tem merecido já a atenção de diferentes historiadores.
- A Companhia Exportadora Micaelense entre a imitação e a inovação : dirigir, contar e vender (1872-1881)Publication . Dias, Fátima SequeiraFundada em 1872, a companhia Exportadora Micaelense vigorou durante vinte anos, organizando a produção de laranja, concedendo crédito, fretando navios, agrupando a oferta e diversificando os mercados, no pressuposto de que uma gestão eficiente dos factores seria condição suficiente para afastar da ruína os proprietários das quintas e derramar, uma vez mais, a prosperidade pela ilha. Na luta pela justa remuneração do capital aos accionistas, coube à Exportadora Micaelense a estratégia de se especializar na exportação de ananás. A prática da gestão não deixou, assim, de ser uma mais-valia para os sócios da Exportadora Micaelense: não salvou a laranja, mas ofereceu uma oportunidade ao ananás, como se verifica através da correspondência comercial.
- "Algumas modinhas de bom gosto, e duetos italianos para meninas" : a música e a educação de uma família micaelense do início do século XIXPublication . Cymbron, LuísaEm Portugal é raro terem-se conservado, até aos nossos dias, acervos relacionados com a prática musical doméstica, como aquele que serve de base ao presente artigo, acumulado por uma família micaelense, entre as décadas de 1810 e 1850. Da sua análise e da leitura dos volumes do copiador de correspondência de António José de Vasconcelos, verifica-se que a educação das filhas deste grande comerciante açoriano, formado no espírito pombalino, se distancia do modelo do Antigo Regime e inclui a música como uma componente essencial da educação feminina, ligada à esfera do entretenimento. Todavia, por necessidades familiares, a filha primogénita, Maria Luísa, é sujeita a uma educação que inclui também aspectos de História e formação moral, mais próxima da masculina. Os testemunhos recolhidos e a análise do espólio mostram-nos que, em S. Miguel, os repertórios e as práticas ligadas à vida musical doméstica estão muito próximos dos lisboetas. As ligações culturais com o reino sobrepunham-se às com outros países, com os quais a ilha tinha relações comerciais intensas, como é o caso da Grã Bretanha. Verifica-se também que todo o espólio é construído com base no piano, como instrumento solista, de acompanhamento, ou ainda como suporte do repertório de dança, mas a influência determinante é a do teatro de ópera. E esta subalternidade da música instrumental face ao mundo lírico é precisamente uma das características mais marcantes da cultura musical sul europeia. Algumas das espécies estudadas neste artigo permitem-nos reconstituir aspectos da cadeia de transmissão e mesmo parte da sonoridade da época. Elas mostram-nos as diferentes formas de utilização de um espólio como este, onde, na mesma espécie, coexistem géneros diversos, de compositores que não pertencem à mesma geração, utilizados em momentos e com funcionalidades diferentes por, pelo menos, duas gerações da mesma família.
- As artes conventuais nos Açores e o processo de criação do arcano místico da Ribeira GrandePublication . Martins, Rui de SousaAs artes tiveram um papel central nos processos de construção de sociedades perfeitas femininas no arquipélago dos Açores. A dádiva de doces e de objectos de arte criava laços de comunicação religiosa, instituía relações de poder no interior dos conventos, estreitava e aprofundava as relações familiares, económicas e políticas com a sociedade exterior. A instauração do Liberalismo e a extinção dos conventos dispersaram as freiras artistas, uma das quais se dedicou à criação e exposição do Arcano, a mais importante obra de escultura de tradição conventual dos Açores.
- A igreja da Misericórdia de Ponta Delgada : considerações em torno de um monumento perdidoPublication . Albergaria, Isabel Soares deA instituição das Misericórdias, criada por D. Leonor no final do século XV, constituiu um modelo assistencial de grande sucesso e rápida difusão pelo território nacional e ilhas Atlânticas. Na primeira década do século XVI foi fundado em Ponta Delgada o hospital da Misericórdia com a sua capela anexa de São João Baptista, a qual seria integrada no novo templo construído no último terço da mesma centúria e dedicado ao Espírito Santo. Todo o conjunto desapareceu na primeira metade do século XIX, quase sem deixar vestígios, após um longo processo de ruína. Com base na documentação do arquivo da Misericórdia consultada e coligida pelo investigador Rodrigo Rodrigues, bem como em outras fontes coevas, foi possível compreender a importância central da igreja da Misericórdia no panorama da arquitectura quinhentista, não apenas da cidade de Ponta Delgada, mas ao nível regional, e descortinar os processos de encomenda, autoria, e obra desse edifício, permitindo ainda reconstituir, com relativa segurança, o plano, alçados e elementos decorativos presentes no interior do templo.
- Historiadora e militante políticaPublication . Pereira, Miriam HalpernSacuntala de Miranda ao terminar a licenciatura não obteve autorização para ensinar em estabelecimentos públicos, era a represália aplicada aos que ousavam questionar o autoritarismo e a falta de liberdade em Portugal, no tempo de Salazar. Como a tantos outros, valeu-lhe o refúgio no Colégio Moderno, onde leccionou pelas mesmas razões outro historiador, Jorge Borges de Macedo. Exilada em Londres longos anos, aproveitou para efectuar a licenciatura em Sociologia, conhecer o mundo universitário inglês, que descreveu como «um deslumbramento», na sua autobiografia. Continuou sempre envolvida no combate pela justiça social e a liberdade, em duas frentes principais, a luta anti-colonial e de solidariedade com os movimentos de libertação africanos e a luta sindical dos trabalhadores portugueses imigrantes. [...].