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Currículo escolar : uma questão política (e não só)

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Assumindo uma noção de política – baseada no étimo Politika – como governo da Polis e um entendimento de educação como bem público (artigos 73.º e 74.º da Constituição da República Portuguesa), felicita-se os organizadores deste evento pelo tema deste ciclo de conferências. De facto, é importante reafirmar e discutir o currículo escolar como questão política, considerando a crescente influência de discursos que veiculam a ideia de educação e currículo como mercadorias. Essa discussão evita a ilusão de que o currículo pode ser construído de forma procedimental, ou seja, através do cumprimento de uma série de procedimentos tecnicamente orientados, com base numa análise de necessidades, à semelhança da montagem de uma instalação elétrica com base num manual de instruções. Esta visão tecnicista do currículo predominou na génese dos Estudos Curriculares no início do século XX, atingiu o seu auge em meados desse século e tem mantido alguma influência até hoje. Porém, a sua pretensa neutralidade tem sido cada vez mais questionada, sob o impulso das teorias curriculares críticas, que evidenciam a construção do currículo como arena de luta pelo poder de decidir o que será ensinado nas escolas. Além disso, algumas correntes contemporâneas têm dedicado especial atenção ao currículo como meio de representação ou sub-representação de identidades. Uma ênfase excessiva neste tipo de questões conduziria os Estudos Curriculares a um desvio do seu objeto por excelência. Para evitar esse desvio, importa não descartar completamente as questões curriculares técnicas (que não implicam necessariamente um compromisso com a ideologia da eficiência social), sem prejuízo da valorização das questões políticas, entre as quais se destacam, na atual agenda dos Estudos Curriculares, as implicações curriculares da globalização, a regulação curricular e a participação dos professores nas decisões curriculares. A regulação curricular em Portugal tem sido marcada por uma tradição centralista, sempre baseada na prescrição pormenorizada de objetivos e conteúdos, à qual se tem associado, cada vez mais, a valorização de provas de avaliação externa. Esta ênfase na regulação “à saída”, como sugere a análise de casos ocorridos no estrangeiro, tende a gerar fenómenos de estreitamento, ou empobrecimento, curricular, subordinados a uma perversa assunção da ideia de exame com um fim em si mesmo. Um resgate da ideia de currículo enquanto recurso ao serviço de uma educação para todos, associado a uma avaliação orientada para a melhoria, não dispensa um forte envolvimento dos professores na construção do currículo, entendido como espaço de deliberação.

Description

Conferência realizada pela FENPROF em Ponta Delgada, no dia 06 de Junho de 2015, sob o tema: "Currículo escolar - uma questão essencialmente política?"

Keywords

Currículo Política Curricular

Pedagogical Context

Citation

Sousa, F. (2015). Currículo escolar: uma questão política (e não só). Conferência proferida no âmbito do Ciclo de Conferências “Currículo escolar – uma questão essencialmente política?”, promovido pela FENPROF, Ponta Delgada.

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FENPROF

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