Departamento de Oceanografia e Pescas
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Browsing Departamento de Oceanografia e Pescas by Field of Science and Technology (FOS) "Ciências Naturais::Ciências Biológicas"
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- Cold-water coral communities in the Azores : diversity, habitat and conservationPublication . Henriques, Andreia Filipa Domingues Braga; Santos, Ricardo SerrãoOs corais de águas frias constituem importantes e abundantes componentes estruturais dos habitats bentónicos do mar profundo, criando condições favoráveis para uma maior abundancia e variedade de invertebrados e peixes, muitos deles de elevado valor comercial. Contudo, o conhecimento acerca da diversidade taxonómica e dos padrões de distribuição desses organismos frágeis e de crescimento lento e escasso e fragmentado, o que dificulta a implementação de medidas de conservação e gestão espacial eficazes na região dos Açores (capítulo 1). Neste estudo foi feita uma compilação exaustiva de todos os registos disponíveis referentes aos principais grupos de corais de águas frias construtores de habitat – Alcyonacea, Antipatharia, Scleractinia e Stylasteridae – de modo a determinar a diversidade, distribuição e estrutura espacial das suas comunidades na Zona Económica Exclusiva (ZEE) dos Açores (capítulo 2). [...]. Esta tese afigura-se como uma valiosa contribuição para dar continuidade ao desenvolvimento de estratégias eficazes de conservação dos ecossistemas marinhos vulneráveis dos Açores. Os novos dados taxonómicos e ecológicos aqui apresentados em montes submarinos e encostas de ilhas oceânicas do nordeste Atlântico. Procurou-se assim reforçar a sua importância para a manutenção da biodiversidade marinha e vulnerabilidade face as ameaças antropogénicas atuais, como por exemplo a pesca de fundo, e em crescente expansão, a exploração de recursos minerais no leito marinho (capitulo 5).
- Genetic diversity of Porpitidae (Cnidaria, Hydrozoa) in the AzoresPublication . Leonardes, Francisca Oliveira; Gonçalves, João Manuel dos Anjos; Moura, Carlos Filipe JustoPorpitidae é uma família de hidrozoários neustónicos pouco investigados geneticamente, onde a maioria das publicações menciona somente a sua ocorrência. Para estudar a diversidade desta família nos Açores, foram recolhidos 277 indivíduos em praias de duas ilhas (Faial e São Miguel) e morfologicamente identificados como Velella velella ou Porpita porpita. Para confirmar a identificação das espécies e investigar a sua diversidade genética, associações filogeográficas e a estrutura da população, as amostras foram sequenciadas utilizando três marcadores moleculares diferentes: COI, 16S e ITS. O dispositivo MinION (Oxford Nanopore Technologies) foi utilizado, proporcionando uma sequenciação de leitura longa e rápida em tempo real. Foram construídas redes de haplótipos e árvores filogenéticas. A análise das sequências revelou diversidade genética dos Porpitidae nos Açores. No entanto, a variabilidade intra-género foi praticamente nula no gene nuclear (ITS) quando comparada com os genes mitocondriais (COI e 16S). Comparando com sequências disponíveis nas bases de dados, foi possível verificar uma maior semelhança com os indivíduos amostrados em locais mais próximos dos Açores (Mediterrâneo e Mar dos Sargassos). Nos genes com elevada diversidade genética, também foi possível distinguir dois indivíduos do género Porpita que exibiam uma distância genética significativa quando comparados com outros do mesmo local. Apesar da análise da delimitação das espécies ter apresentado resultados diferentes para ambos os métodos, o resultado sugeriu que podem existir duas a dezasseis espécies, mas há uma maior possibilidade de haver apenas duas espécies. Este estudo forneceu informações importantes ao nível taxonómico da família Porpitidae. Através deste trabalho foi conhecida uma boa representação da diversidade genética dos Porpitidae. Embora o número de indivíduos amostrados seja bastante grande, a baixa representação geográfica das amostras relativamente à distribuição dos géneros pode condicionar os resultados. Seria importante investigar indivíduos de outros locais e utilizar outros marcadores para providenciar informações mais completas.
- Host-symbiont interactions in the deep-sea vent mussel Bathymodiolus azoricus : a molecular approachPublication . Barros, Inês Filipa Santos; Santos, Ricardo Serrão; Bettencourt, Raúl da SilvaA dorsal média oceânica é caracterizada por apresentar intensa atividade vulcânica resultando na criação de ambientes invulgares, tais como as fontes hidrotermais, favoráveis ao estabelecimento de uma fauna especializada distribuída mundialmente. Os mexilhões de profundidade do género Bathymodiolus azoricus são as comunidades dominantes das fontes hidrotermais, encontradas entre os 800 e os 2400 metros de profundidade, e localizadas na junção tripla dos Açores da Dorsal Média do Atlântico. Estes desenvolveram estratégias de sobrevivência, tais como a dupla relação endosimbiótica com bactérias metanotróficas (MOX) e sulfuroxidantes (SOX) localizadas dentro de células especializadas - as brânquias, bem como um sistema imunológico adaptativo, manifestado pela sua capacidade em adaptar-se a extremas mudanças ambientais. B. azoricus apresentou uma extraordinária plasticidade fisiológica, nos trabalhos experimentais desenvolvidos nesta tese, sujeito a diferentes condições experimentais, quando aclimatizado em aquário. B. azoricus tem revelado ser um excelente modelo de estudo para compreender o metabolismo do hospedeiro a nível molecular, nomeadamente na descrição dos genes envolvidos no sistema imune inato e na sua relação simbiótica com bactérias. Os objetivos desta tese incidiram na caracterização da adaptação do sistema imune do mexilhão B. azoricus, quando aclimatizado à pressão atmosférica durante um longo período de tempo, e os seus efeitos nas associações simbióticas bem como no estudo da prevalência das bactérias endosimbiontes, de forma a avaliar as capacidades imunológicas funcionais dos tecidos branquiais durante a adaptação fisiológica às alterações ambientais. Para uma completa abordagem do perfil das respostas biológicas do B. azoricus, os níveis de expressão dos genes imunes e bacterianos foram quantificados por PCR em tempo real e por microscopia de fluorescência (Fluorescence In Situ Hybridization) que possibilitou localizar e quantificar os endosimbiontes presentes no tecido brânquial. Com o objetivo de estudar as variabilidades microbianas e funcionais na estrutura do holobioma do B. azoricus, o RNA foi sequenciado. Os resultados aqui apresentados sugerem que os mexilhões das fontes hidrotermais desenvolveram mecanismos específicos de sobrevivência que envolvem a expresão diferencial de genes do sistema imune, evidenciado por um ponto fisiológico de alerta, traduzido pelo aumento da atividade transcricional quando aclimatizado à pressão atmosférica mais do que uma semana. [...].
- Immune responses in Bathymodiolus azoricus upon Vibrio challenges : approaches to characterize mussel survival strategies and physiological adaptations in deep sea extreme environmentsPublication . Graça, Eva Lúcia Martins; Bettencourt, Raúl da Silva; Santos, Ricardo Serrão; Figueras Huerta, AntonioO ambiente marinho profundo representa uma excelente fonte de investigação para desenvolver e melhorar os conhecimentos sobre os animais que habitam em ambientes extremos e sobre as relações quimiossintéticas estabelecidas nesse ecossistema marinho. Dessa premissa surge a necessidade de entender o funcionamento do sistema imunitário em animais do fundo marinho, nomeadamente do mexilhão do mar profundo Bathymodiolus azoricus. O facto de este mexilhão habitar e desenvolver-se em ambientes extremos, como as fontes hidrotermais marinhas de profundidade, torna-o num interessante modelo para caracterizar as suas estratégias de sobrevivência e adaptações fisiológicas nesses ambientes. Nestas fontes hidrotermais, o seu sistema imunitário está constantemente a ser desafiado por compostos estranhos e microrganismos, como as bactérias do meio ambiente circundante. Contudo, as respostas imunitárias no B. azoricus após contacto com Vibrio não estão completamente compreendidas. As bactérias do género Vibrio são frequentemente patogénicos marinhos que causam grande mortalidade em bivalves. Assim, a presente tese pretende compreender as respostas imunitárias dos mexilhões após a exposição a diferentes estirpes de Vibrio, de modo a elucidar as principais vias de sinalização dos genes e proteínas intervenientes na defesa dos mexilhões durante um determinado estímulo bacteriano. Neste sentido, os métodos apresentados nesta tese têm como base a utilização de diferentes técnicas da biologia molecular, com destaque para o PCR quantitativo em tempo real baseado no princípio da reacção em cadeia da polimerase. Esta técnica foi realizada: em brânquia de mexilhões B. azoricus submetidos ao contacto com diferentes suspensões bacterianas de patogénicos marinhos (Capítulos I); no estudo comparativo da expressão de genes e proteínas entre o mexilhão de profundidade B. azoricus e o mexilhão costeiro Mytilus galloprovincialis (Capitulo II) e no estudo sobre a especificidade da resposta imunitária em diferentes tecidos, entre populações de B. azoricus provenientes das fontes hidrotermais Menez Gwen e Lucky Strike, após contacto com a bactéria Vibrio diabolicus (Capitulo III). [...].
- Influence of environmental drivers on the movement behaviour of harbour porpoises in the North SeaPublication . Stalder, Dominique Sabina; van Beest, Floris M.; Gonçalves, João Manuel dos AnjosO boto e um pequeno predador marinho com um elevado estatuto de conservação nas águas europeias. Para uma proteção eficaz desta espécie é importante ter conhecimentos detalhados das respostas comportamentais as mudanças das condições ambientais. Neste estudo, investiguei a influência das condições ambientais sobre a variação do comportamento de deslocação de grande escala da população de botos no Mar do Norte. Foram analisados dados de deslocações de 57 indivíduos rastreados por satélite num período de 19 anos. Para cada relocalização, estimou-se o estado comportamental subjacente do indivíduo (residência ou em deslocação) recorrendo a processos de modelação do estado espacial (State-space modelling, SSM). Estes estados comportamentais foram então correlacionados com variáveis ambientais estáticas e dinâmicas através de regressões logísticas. Estimou-se que os botos estão cerca de 81% do seu tempo em áreas circunscritas, passando apenas uma pequena parte do seu tempo (6%) em rápidas deslocações de longa distância, classificadas como estado de deslocação. Esses movimentos de curta duração e longas distâncias refletem provavelmente deslocações entre áreas de procura de alimentação. As restantes relocalizações (13%) não puderam ser atribuídas sem ambiguidade a nenhum destes estados comportamentais. Foram encontradas diferenças individuais consideráveis na extensão destas deslocações, com máximos variáveis entre 24 km e 867 km, relativamente à posição inicial. Consequentemente, a proporção de tempo gasto no estado de deslocação rápida (variando de 0,5% até 20,0%) e no estado residente (variando de 50,5% ate 99,5%) foi altamente variável entre indivíduos. O estado residente foi associado com baixos níveis de salinidade, temperatura e velocidade da corrente; com altas concentrações de clorofila-a em relação à media sazonal; e com declives intermédios do fundo. Estes resultados indicam indiretamente que as presas dos botos provavelmente se agregaram em áreas com as condições ambientais referidas, servindo, portanto, como área de alimentação. Estudos anteriores sobre a distribuição e abundância dos botos suportam a importância desses fatores ambientais. Os conhecimentos adquiridos neste estudo podem ser usados para melhorar os modelos populacionais espaciais que estão atualmente a ser desenvolvidos para estudar o impacto do ambiente marinho em mudança, e com as crescentes perturbações antrópicas, que afetam a dinâmica da população de botos.
- Microbial ecology in Azores deep-seafloor hydrothermal environmentsPublication . Cerqueira, Teresa; Santos, Ricardo Serrão; Bettencourt, Raúl da Silva; Egas, Maria da ConceiçãoOs oceanos são o maior habitat da Terra e cobrem aproximadamente dois terços da superfície do planeta. Desde as águas superficiais até às fossas abissais, os ambientes marinhos podem atingir 11 km de profundidade e pressões superiores a 1000 bar, variar entre temperaturas de 0 ºC nas regiões polares e mais de 300 ºC nas fontes hidrotermais. Em todos estes ecossistemas marinhos proliferam microorganismos que, independentemente das condições, conseguem colonizar até mesmo as regiões mais inóspitas do mar profundo e do subsolo oceânico. As fontes hidrotermais de profundidade são ambientes marinhos reconhecidos como pontos de ligação entre a litosfera e os oceanos, sendo mesmo consideradas “janelas” para a biosfera do subsolo. Nestes locais, por entre fissuras da crosta oceânica, há emissões de fluidos hidrotermais, uma combinação de gases e metais vinda do interior da Terra que é projectada para o oceano a elevadas temperaturas. Estes fluidos transportam espécies químicas reduzidas, geradas pelo contacto entre gases e minerais existentes na crosta oceânica, que servem de alimento a microorganismos quimioautotróficos dos domínios Bacteria e Archaea. Estes microorganismos desenvolveram estratégias fisiológicas únicas para conseguirem prosperar em tais condições, como a produção de enzimas e compostos activos alternativos, despertando o interesse dos cientistas para o potencial biotecnológico dos seus recursos genéticos. Bactérias e arqueas quimioautotróficas são os únicos organismos capazes de produzir matéria orgânica a partir de energia química. Estes microorganismos asseguram a produção primária nestes ambientes e a transferência de energia para a cadeia trófica, sustentando assim a vida no mar profundo. Dado o património genético, metabolismos próprios e capacidade de estabelecer relações de simbiose com outros organismos, estas bactérias e arqueas são potencialmente representativas dos organismos primordiais da Terra, e o seu estudo pertinente na explicação da origem e evolução da vida. Por desempenharem também um papel importante no ciclo biogeoquímico entre a crosta e o oceano, existe um interesse acrescido da comunidade científica na actividade, diversidade e distribuição destes microorganismos no subsolo e fundos oceânicos. Até à data desta dissertação, inúmeros estudos foram realizados no sentido de caracterizar a fauna hidrotermal e sua distribuição, incidindo sobretudo nas comunidades de invertebrados marinhos, mas apesar disso ainda muito se desconhece sobre a ecologia microbiana local, nomeadamente a associada a sedimentos hidrotermais de profundidade. Em particular, a informação sobre a diversidade microbiana associada a sedimentos do Menez Gwen, Lucky Strike e Rainbow, três campos hidrotermais de profundidade dos mares dos Açores, é ainda escassa. Apenas três estudos foram efectuados em sedimentos do Rainbow com recurso a métodos tradicionais de construção de bibliotecas genómicas de RNA ribossomal. O principal objectivo deste trabalho foi, por isso, caracterizar o microbiota associado a sedimentos dos três campos hidrotermais de profundidade mais conhecidos dos Açores, e elucidar o potencial metabólico dos microorganismos. Desta forma, obtemos informação relevante sobre formas de vida pouco ou nada conhecidas, sustentadas por mecanismos moleculares únicos e enzimas promissoras para potenciais aplicações biotecnológicas. Visto que a maioria dos microorganismos associados ao mar profundo não são cultiváveis em laboratório, os estudos de diversidade desenvolveram-se com recurso a ferramentas de sequenciação de DNA. Assim, os perfis taxonómicos de bactérias, arqueas e micro-eucariotas foram obtidos por pirosequenciação de um segmento do gene de RNA ribossomal. As comunidades microbianas associadas a sedimentos hidrotermais distintos foram comparadas e as suas funções metabólicas identificadas, por sequenciação metagenómica do DNA obtido directamente das amostras ambientais. Pela primeira vez, os microbiotas associados a sedimentos do Menez Gwen foram caracterizados. Verificou-se que as comunidades encontradas em sedimentos influenciados pelo hidrotermalismo diferiam significativamente daquelas encontradas em sedimentos não influenciados pelo hidrotermalismo. Em sedimentos amostrados perto de uma chaminé hidrotermal foram detectados microorganismos mesofílicos, termofílicos e hipertermofílicos pertencentes aos domínios Archaea (e.g., Archaeoglobus, ANME-1) e Bacteria (e.g., Caldithrix, Thermodesulfobacteria). Por outro lado, associados a sedimentos amostrados numa planície batial, abundavam representantes de filogrupos ubíquos no mar profundo (e.g., Thaumarchaeota MGI, Gamma- e Alphaproteobacteria). Da mesma forma, foram comparados os microbiomas associados a sedimentos recolhidos em três campos hidrotermais de profundidade dos Açores, Menez Gwen, Lucky Strike e Rainbow. Dadas as diferenças geológicas e geoquímicas registadas nos três campos, os seus sedimentos albergam comunidades microbianas distintas. Associados ao campo hidrotermal Menez Gwen foram identificados maioritariamente membros da classe Epsilonproteobacteria assim como alguns microorganismos metanogénicos anaeróbios pertencentes ao domínio Archaea. Em contrapartida, as comunidades do Lucky Strike e Rainbow revelaram ser dominadas por representantes da classe Gammaproteobacteria (e.g. Nitrosococcus, Acidiferrobacter e Marine Benthic Group JTB255). Para além disso, entre todos os sedimentos estudados, as comunidades associadas à fonte hidrotermal Rainbow foram as que apresentaram maior diversidade de representantes do domínio Archaea. A composição química dos sedimentos e a influência hidrotermal foram vistos como possíveis factores que explicam as diferenças encontradas nos microbiomas associados aos sedimentos de cada campo: Menez Gwen, Lucky Strike e Rainbow. Os resultados deste trabalho permitiram caracterizar a diversidade e distribuição dos microorganismos hidrotermais e permitiram seleccionar as amostras mais interessantes a serem investigadas num estudo metagenómico posterior. Neste contexto, as comunidades microbianas dos sedimentos hidrotermais dos campos Menez Gwen e Rainbow foram investigadas quanto à presença de genes intervenientes na fixação de carbon e metabolismos do enxofre, azoto e metano. A análise metagenómica destes dois microbiotas revelou quais os genes-chave envolvidos nos fluxos de carbono e energia em ambos ecossistemas hidrotermais. Para além de confirmar a variabilidade microbiana e geoquímica observada na composição dos diferentes sedimentos hidrotermais, os resultados revelaram o carácter amplamente autotrófico das comunidades microbianas aí residentes. A análise metagenómica aponta para a oxidação do enxofre como via metabólica dominante dos processos quimioautotróficos, que ocorre principalmente pela via metabólica das SOX nos sedimentos do Menez Gwen ou pela via reversa da redução do sulfato nos sedimentos do Rainbow. Foram igualmente detectados outros processos de obtenção de energia – como a oxidação do metano, do nitrito e do amoníaco – no entanto, parecem contribuir em menor escala para a quimioautotrofia nestes locais. Este trabalho de investigação contribui para o conhecimento global da ecologia microbiana de sedimentos hidrotermais de profundidade, e constitui um importante repositório de sequências de novos genes com potencial interesse biotecnológico.
- Monitoring marine debris in two sandy beaches at Faial Island : AzoresPublication . Pieper, Catharina Diogo; Ventura, Maria da Anunciação Mateus; Cunha, Regina Tristão daOs resíduos marinhos constituem parte de um problema ambiental global, causador de impactes não apenas nos oceanos, mas também nas áreas costeiras. Deste modo, torna-se possível visualizar resíduos mesmo em ilhas mais remotas, como é o caso dos Açores. De forma a avaliar dados que permitam um acesso rápido à quantidade de resíduos e às suas flutuações ao longo do tempo e do local, um total de 30 transectos foram amostrados em duas praias distintas (Conceição e Porto Pim), num período de sete meses (Novembro a Maio). Itens entre 2 a 30 cm foram organizados em 7 categorias distintas, mostrando que a sua densidade variou desde 0 a 1,940 itens/m2, e que o plástico representou o tipo de resíduos arrojados com maior predominância (96% em Porto Pim e 82% na Conceição). No mês de Fevereiro, as condições prevalecentes de vento e ondulação dos quadrantes WSW e W, respectivamente, parecem ter providenciado as condições ideais para atingir a maior abundância de resíduos em geral, em ambas as praias (MConceição = 1.973 ± 0.103; MPorto Pim = 2.726 ± 0.103). Foi possível validar que o local e a altura do ano, durante a monitorização, influenciaram a presença de determinadas categorias de resíduos, fazendo sugerir uma possível relação entre factores físicos e ambientais na abundância dos mesmos. Este estudo pioneiro poderá continuar a contribuir na obtenção de dados com informação crucial para aumentar o conhecimento acerca da dinâmica e flutuações de resíduos no Norte do Oceano Atlântico, o que permitirá comparações com estudos semelhantes, realizados em locais distintos. Os resultados obtidos também sugerem que existe uma grande necessidade de sensibilizar e consciencializar os cidadãos locais, assim como a população em geral, de modo a alterar a práticas e hábitos enraizados na vida quotidiana.
- Otimização das condições de cultivo de Ulva lactuca (Chlorophyta, Chlorophyceae) para alimentação de Haliotis tuberculataPublication . Rodrigues, Flávio Alexandre António; Isidro, Eduardo José Louçã Florêncio; Santos, Orlando PimentaO crescimento em peso de Ulva lactuca foi estudado tendo em consideração diferentes temperaturas e salinidades do meio de cultivo. Neste contexto foi testado o efeito da temperatura a 15C e a 19C, mantendo-se a salinidade a 35‰, e o efeito da salinidade a 25‰ com uma temperatura fixa de 19C. Foi observado um crescimento variável em todas as experiências com decaimento no momento da densidade máxima suportada pelo sistema de cultivo na ordem dos 179g/25l. Também foi registada uma forte correlação entre o consumo de azoto dos nitratos e o aumento de peso. Foram observadas taxas médias de crescimento em peso na ordem dos 1,8% (a 19C e 35‰), 1,7% (a 15C e 35‰), e 2,1% (a 19C e 25‰) por dia. Neste estudo, o efeito combinado entre a salinidade a 25‰ e a temperatura a 19C promoveu o maior crescimento de biomassa em laboratório. Os abalones juvenis utilizados em laboratório no ano de 2014 necessitavam de uma quantidade máxima de algas de 0,144g por dia. Com uma produção média diária de 42g de algas por dia em mangas de 25l seria possível manter um cultivo de abalone juvenil até um máximo de 291 juvenis com peso máximo de 0,48g/indivíduo. Utilizando mangas de 80l para uma maior produção de algas seria possível aumentar o número de indivíduos juvenis no cultivo para 931.
- Temporal variability of cetaceans in the Azores and its relation with oceanographic features as derived by satellite imageryPublication . Olio, Marília Pereira; Martins, Ana Maria de Pinho Ferreira Silva Fernandes; Tepsich, PaolaO Arquipélago dos Açores (Portugal) é composto por nove ilhas vulcânicas no Nordeste Oceano Atlântico e detém uma elevada diversidade de cetáceos, com 28 espécies documentadas. Este é o primeiro estudo nos Açores, que avalia a utilidade de dados do turismo de observação de baleias para estudos científicos sobre a distribuição dos cetáceos, e que relaciona a sua ocorrência e variabilidade com imagens MODIS/AQUA de clorofila a (Chla) e temperatura à superfície (SST) com 1 km de resolução obtidas através do site da NASA Ocean Color. Neste estudo, cinco anos de dados de campo (2010-2014) foram utilizados para avaliar a presença das baleias azul, comum, sardinheira e bossas. Foram consideradas três escalas temporais (quatro anos em conjunto, anuais e mensais). Dado que o esforço não foi consistente ao longo dos anos, as taxas de avistamento (Encounter rate, ER=avistamentos.esforço-1) foram utilizadas como medidas padronizadas para comparações temporais de presença. Imagens diárias de Chla e SST foram processadas estatisticamente, obtendo-se médias mensais, sazonais, anuais, tendências e anomalias para o período de 2010 a 2014 para a região dos Açores e relacionados com a variabilidade local de quatro espécies de baleias de barbas para tentar explicar as diferenças registadas ao longo dos anos. Os principais resultados mostraram que a presença das quatro espécies de baleias de barbas nos Açores variou entre os anos. Diferenças intra-sazonais foram encontradas para as taxas de presença e estas variaram de acordo com a espécie. A presença de Bm foi observada durante a primavera sugerindo que estas baleias usam os Açores como área de alimentação durante estes meses enquanto estão na sua rota de migração para norte e que, a variação de Chla e o início do crescimento do fitoplâncton são bons indicadores do tempo efectivo destas na região. Resultados semelhantes foram encontrados para a BP, mas a sua associação com Chla e o momento do crescimento do fitoplâncton é posterior à Bm Sendo a Bp mais oportunista e tendo uma dieta mais variada, as suas presas podem estar a níveis diferentes cadeia alimentar. O pico de Bb variou nos meses de primavera e verão e estas diferenças podem ser explicadas pela suposição, já referida por outros autores, de que os Açores provavelmente são visitados por duas populações diferentes de Bb, uma durante a fase de migração na primavera e a segunda durante o final do verão e no outono. Assim sendo, a concentração de Chla seria um parâmetro biológico associado com o pico de Bb apenas para uma das populações. Por último, os picos de presença de Mn foram observados principalmente durante a primavera e o número de meses dos avistamentos duplicou em 2014 e 2015, sugerindo que Mn poderia utilizar os Açores como área de alimentação durante estes meses, durante o seu caminho de migração para norte. A temperatura da superfície do mar, a concentração de Chla e o início do crescimento do fitoplâncton, aqui ilustrados como médias gerais, médias ajustadas (tendências) e anomalias, suportam a hipótese de que o ciclo sazonal e a variabilidade inter-anual são bem demarcados nesta região podendo explicar as diferenças observadas na presença das baleias ao longo os anos. Ao remover o ciclo sazonal, SST é muito conservador ao longo dos anos, com uma ligeira tendência de aumento com o tempo. Com relação à Chla, nem todos os anos apresentam floração de primavera, mas 2010 e 2014 revelam os picos maiores de Chla, coincidindo também com um aumento global de observação das baleias, particularmente para 2014. O uso de plataformas de oportunidade pode dar aos cientistas um meio de recolha de dados sobre uma ampla gama de fauna marinha quando o financiamento da investigação é limitado. No entanto, face às limitações encontradas nos dados de cetáceos, este estudo apresenta novas sugestões de introdução nos protocolos de amostragem por forma a que os dados MONICET possam produzir dados detalhados para fins científicos.