Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente
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Browsing Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente by Field of Science and Technology (FOS) "Ciências Naturais::Ciências da Terra e do Ambiente"
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- Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade da Matela - Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Ilha Terceira: Uma Abordagem Multi-taxaPublication . Sousa, Mariana Aguiar; Gabriel, Rosalina Maria de Almeida; Borges, Paulo Alexandre VieiraAs áreas protegidas estão no centro dos compromissos mundiais com a sustentabilidade, como forma de preservar as espécies, em benefício das gerações presentes e futuras. No presente estudo investigou-se a biodiversidade de um fragmento de floresta nativa na ilha Terceira, a Matela (Terra Chã, Angra do Heroísmo). Este pequeno fragmento está classificado como “Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies da Matela”, e integra o Parque Natural da Terceira (Açores, Portugal). Localizado a média-baixa altitude (300-400 m) encontra-se visivelmente alterado devido à invasão por espécies de plantas exóticas invasoras. Os objetivos gerais deste trabalho foram os seguintes: (i) listar as espécies de cinco grupos taxonómicos (briófitos, plantas vasculares, artrópodes, aves e mamíferos) para a Matela; (ii) comparar os padrões de diversidade da Matela entre os inventários históricos e uma amostragem realizada em 2022; (iii) avaliar o avanço e os efeitos das espécies invasoras e identificar o declínio das espécies nativas e endémicas dos Açores; (iv) identificar os fatores de risco em curso na Matela e (v) avaliar a necessidade de intervenção na Matela consoante a gravidade do estado de conservação do local. Para responder a estes objetivos, foi feita uma recolha sistemática dos documentos históricos sobre a área, mobilizando também dados de herbário e outros não publicados, tendo sido revistos 48 documentos com dados de biodiversidade. A amostragem em 2022 usou uma adaptação dos protocolos GIMS - A Global Island Monitoring Scheme: para os briófitos foram amostrados nove quadrats de 2 m x 2 m, e recolhidas três amostras (microplots) de 10 cm x 5 cm por substrato, num total de 71 amostras; para as plantas vasculares foram feitos inventários em 72 sub-plots de 5 m x 5 m, além de uma listagem de todas as espécies observadas; para amostragem de artrópodes foi utilizada a metodologia BALA, complementando um conjunto de 30 armadilhas de queda (pitfall traps) para amostrar os artrópodes do solo com batimentos na copa das árvores dominantes (10 amostras por espécie de árvore); além deste protocolo foram ainda utilizadas armadilhas de interceção de voo (SLAM traps) para amostrar artrópodes voadores ou com grande capacidade de dispersão; o recenseamento de aves foi realizado em 25 pontos de observação, sempre entre as 07h00 e as 11h00, aplicando o método do ponto de audição e outras observações; o inventário de mamíferos foi feito utilizando armadilhas fotográficas (camera traps) em 30 pontos de amostragem. Para os briófitos foi possível identificar 77 taxa (45 musgos; 32 hepáticas), sendo 73 indígenas, três indeterminados e um introduzido (Campylopus introflexus) e três espécies triplamente raras (distribuição, abundância e especificidade do habitat). A comparação temporal registou uma diminuição de riqueza. Nas plantas vasculares foram identificados 28 taxa indígenas e 26 exóticos, sendo três espécies triplamente raras. Para os artrópodes, no solo, foram registadas oito taxa indígenas e 25 exóticos verificando-se entre 2002 e 2022, que não foram observadas taxas endémicos e um aumento significativo das espécies introduzidas. Nos artrópodes da copa, identificaram-se 36 taxa indígenas e 18 exóticos. Nos artrópodes capturados nas armadilhas SLAM, registaram-se 24 taxa indígenos e 15 exóticos. No total, foram registados 103 taxa, sete deles classificados como triplamente raros. Foram registados 12 taxa de aves indígenas e um introduzido, verificando-se uma diminuição de taxa, principalmente de espécies exóticas. Uma das aves identificadas é triplamente rara. Nos mamíferos, observaram-se oito taxa exóticos, todos considerados novos registos para a Matela; o anteriormente conhecido morcego, Nyctalus azoreum, único mamífero endémico dos Açores, foi classificado como triplamente raro. Conclui-se que a Matela mantém um património natural muito assinalável, quando comparado com a biodiversidade total da Ilha Terceira. No entanto, as espécies introduzidas e introduzidas invasoras têm uma grande expressão em termos de diversidade e abundância, tendo aumentado substancialmente em quase todos os grupos onde foi possível fazer comparações. O impacto real destas espécies nas comunidades nativas ainda está por esclarecer na sua total dimensão, mas confirma-se a necessidade de enfrentar este problema real para a conservação da natureza nos Açores.
- Contributo para a redução do risco de inundação na cidade de Angra do HeroísmoPublication . Silva, Vasco Barcelos Leandro; Quadros, Sílvia Alexandra Bettencourt de Sousa; Fontes, José Carlos GoulartEm resultado de elevados níveis de precipitação em períodos de tempo relativamente curtos, a alteração da ocupação/uso do solo e o declive acentuado das bacias hidrográficas que incluem o centro urbano da cidade de Angra do Heroísmo, tem conduzido à ocorrência de inundações. Estes episódios são consequência da insuficiente capacidade de infiltração e de escoamento da rede de drenagem urbana para águas pluviais, tornando-se de crucial importância face a fenómenos desta natureza, avaliar as principais causas do problema e posteriormente efetuar propostas de soluções que reduzam o escoamento superficial. Para o efeito foi desenvolvido um estudo recorrendo ao software ESRI® ArcGIS 10.5 preparado para criar um sistema de informação geográfica (SIG) integrado num modelo hidrológico, com o objetivo de estabelecer uma análise pormenorizada das características fisiográficas de uma das bacias hidrográficas que inclui o centro urbano da cidade de Angra do Heroísmo, bem como de simular o comportamento do escoamento superficial quando submetida a eventos de precipitação intensa de curta duração. Nesse sentido, além da caracterização da ocupação do solo que reflete o panorama atual verificado na unidade fisiográfica, foram construídos três cenários que enquadram medidas de mitigação e que pretendem simular o seu desempenho relativamente ao episódio verificado no dia quatro de setembro de 2015, que originou inundações sobre o centro urbano da cidade, nomeadamente numa secção que será pormenorizadamente analisada, localizada na Rua Direita. Concluiu-se que a bacia hidrográfica quanto às suas características fisiográficas, se apresenta com uma baixa tendência para a ocorrência de inundações, contudo ocupando 40% do centro urbano da cidade, verifica-se uma elevada área impermeabilizada que contribui para um aumento significativo da sua vulnerabilidade face a eventos de precipitação intensa de curta duração. Dessa forma, perante o estudo de cenários que enquadrem medidas de mitigação estruturais e não estruturais, aquele que demonstrou melhores resultados foi o que conjugou a implantação de pavimentação permeável e espaços verdes urbanos, verificando-se um aumento significativo das perdas associadas à infiltração e interseção do copado florestal, da capacidade da bacia em reter água que não originará escoamento superficial e consequentemente na diminuição dos caudais de ponta verificados na secção de referência. Além disso, quando dimensionada a secção que define a Rua Direita, este foi o cenário em que se observou a descida mais acentuada do nível da água, quando comparado com o panorama verificado no dia do evento de precipitação anteriormente descrito.
- Diversidad y conservación de arañas en hábitats secos de la MacaronesiaPublication . Ros Prieto, Alejandra; Borges, Paulo Alexandre Vieira; Malumbres-Olarte, Jagoba; Gil, Artur José FreireAs ilhas são designadas por muitos autores como laboratórios para o estudo da biodiversidade e/ou evolução de espécies. Sendo sistemas ecológicos de pequena dimensão, isolados e jovens, os processos de emigração e extinção que nelas ocorrem podem ser extrapolados para estudos de conservação em sistemas continentais isolados. A destruição ou fragmentação de habitats naturais afeta os ecossistemas em todo o mundo, embora as consequências sejam geralmente mais dramáticas nos sistemas insulares, particularmente em ilhas remotas e pequenas. Esta tese tem como objetivo geral responder a várias questões sobre a distribuição e diversidade de espécies e grupos funcionais de aranhas de habitats secos das ilhas da Macaronésia. Para obter essa informação, utilizou-se os dados gerados pelo projeto MACDIV – “Macaronesian Islands as a testing ground to assess biodiversity drivers at multiple scales” FCT-PTDC/BIABIC/0054/2014. Nesse projeto, obteve-se dados sobre distribuição, abundância e diversidade de espécies num total de 30 locais de amostragem em seis ilhas pertencentes a três arquipélagos da Macaronésia: Madeira (Madeira, Porto Santo) Canárias (La Gomera, Tenerife) e Cabo Verde (São Vicente, Santo Antão). Para amostrar as aranhas utilizou-se o protocolo COBRA, obtendo-se as amostras por recolha direta diurna e nocturna e por armadilhas pitfall. Para a quantificação da diversidade e raridade utilizou-se a série de Hill o método de Tokeshi para o estudo da frequência de distribuição espacial das espécies e a técnica das oitavas e o modelo Gambin para o estudo da abundância relativa das espécies. Em todos os arquipélagos, verificou-se maior número de espécies e indivíduos pertencentes ao grupo funcional das aranhas caçadoras. Confirmando o fato de que a Macaronésia é um hotspot de biodiversidade, este estudo permitiu a captura de um número elevado de espécies endémicas em todos os arquipélagos, muitas delas potencialmente novas para a ciência. No total, foram identificados 8.800 indivíduos adultos pertencentes à ordem Araneae: 46,70% dos indivíduos do arquipélago das Canárias, 40,05% da Madeira e os restantes 13,25% de Cabo Verde. Foram registadas 34 famílias, 22 no arquipélago da Madeira, 25 nas Canárias e 22 no arquipélago da Cabo Verde. Em relação à distribuição espacial da raridade nos três arquipélagos, dominaram as espécies espacialmente raras, verificando-se o modelo Unimodal. Este é um padrão geral em artrópodes verificado em diferentes estudos realizados na Macaronésia. O número de espécies com um ou dois indivíduos foi, elevado, sendo nas ilhas Canárias (Tenerife e La Gomera) onde se verificou os maiores níveis de raridade. O arquipélago da Madeira foi o que apresentou menor número em ambas as categorias. Com base nos valores de Gambin que contabilizam os padrões de abundância relativa das espécies, o modelo Log-series aplica-se na maior parte das ilhas e arquipélagos, embora seja possível observar o modelo Log-normal em Cabo Verde. Em conclusão, o arquipélago das Canárias apresenta maior número de espécies, indivíduos, endemismos e valores intermédios de equidade e hiperdominância. Cabo Verde é o arquipélago com maiores níveis de equitabilidade, e o arquipélago da Madeira, especialmente a ilha da Madeira, é a que apresenta maior dominância consequência de fatores de perturbação.
- Escenarios de cambio de cobertura y uso de la tierra en los bosques andinos y páramos del departamento de Boyacá ColombiaPublication . Castellanos-Mora, Luisa Fernanda; Borges, Paulo Alexandre Vieira; Gabriel, Rosalina Maria de Almeida; Agudelo, WilliamOs páramos e florestas andinas do departamento de Boyacá (Colombia) abrigam alta biodiversidade e são cruciais para a geração de importantes serviços ecossistêmicos, como a regulação da água, e seus solos são considerados uma importante despensa agrícola para o país. Este trabalho de investigação tem como objectivo compreender as dinâmicas das alterações do uso do solo nas terras altas de Boyacá (Colômbia), os fatores associados a essas alterações e as possíveis transformações das coberturas de páramo e florestas andinas através da modelação de Cenários do udo do solo. A área de estudo compreende os ecossistemas altos montanhosos do Departamento de Boyacá (Colômbia) localizados acima de 900msnm. Usando imagens de satélite, as alterações de uso da terra foram estabelecidas em dois períodos de tempo: 1998 a 2010 e 2010 a 2018. Foram analisados 7 submodelos de transição, associados a 36 variáveis explicativas categorizadas em oito grupos: físico-ambiental, acessibilidade, composição paisagística, estrutura paisagística, políticas de gestão, degradação, demográfica e socioeconômica. Três cenários futuros de alteração do uso da terra foram projetados para os anos 2030 e 2050: cenário tendencial, cenário de intensificação agrícola e cenário de conservação. Encontrou-se uma redução gradual dos páramos e florestas andinas, o aumento da vegetação secundária e um padrão recorrente de alteração entre as coberturas de culturas-pastagens e vegetação secundária. O submodelo de transição com maior valor de precisão foi o páramo para culturas-pastagens, com valor de 80,62%. As variáveis mais relevantes para explicar mudança alteração no uso da terra foram altitude, distância em relação aos trilhos, distância em relação às áreas protegidas e algumas variáveis do grupo de composição paisagística (como a distância em relação às culturas e pastagens) e degradação (distância em relação às áreas erodidas). As variáveis socioeconômicas não apresentaram grande influência nas transições, sendo as necessidades básicas não atendidas, conflitos de superutilização e produto interno bruto as mais relevantes. O cenário com maior impacto na floresta e na cobertura de páramo foi intensificação agrícola. Neste cenário, a floresta andina teria uma perda de 29% e 41% e o terreno baldio de 44% e 59% respectivamente para os anos 2030 e 2050. Os três cenários mostram um aumento da vegetação secundária e a perda de páramo e floresta andina com distribuições espaciais muito fragmentadas entre si, sendo mais drástico nos páramos. Tota-Bijagual-Mamapacha e Pisba provaram ser os páramos mais afetados nos três cenários, devido à perda de sua área e alta probabilidade de transformação, por isso recomenda-se reforçar os esforços de conservação nessas áreas (por exemplo, restauro ambiental, pagamento por serviços ambientais). A atividade agrícola é um motor constante das alterações de uso da terra na área de estudo. Recomenda-se aumentar programas relacionados a sistemas silvopastorais e alternativas voltadas para a geração de melhores práticas agrícolas nas comunidades agrícolas. O estudo para um possível sistema de corredores, a revisão da eficácia das áreas protegidas presentes e a monitorização constante desses importantes ecossistemas são apresentados como alternativas de conservação, que contribuiriam para minimizar os impactos das alterações de uso do solo aqui estimadas.
- Estudo paleoclimático e paleobotânico de Angra do Heroísmo a partir dos fósseis incorporados nas cinzas vulcânicas do Monte BrasilPublication . Machado, Pedro Leando Alves Soares; Rodrigues, António Félix Flores; Dias, Eduardo Manuel FerreiraEsta tese centrou-se na área da paleoclimatologia e paleontologia (mais precisamente a paleobotânica), na tentativa de perceber como o vulcanismo e o clima são capazes de alterar a paisagem e os ecossistemas. Possui-se neste momento um conjunto muito vasto de fósseis preservados nas cinzas vulcânicas do Monte Brasil, em Angra do Heroísmo, Terceira, Açores, Portugal, que permitiu encetar um estudo paleobotânico e paleoclimático a nível local. O material fóssil estudado foi proveniente das Baías (Falésias) do Fanal e de Angra do Heroísmo, e de um local em Santa Luzia, propriedade da Associação Espeleológica “Os Montanheiros” e de alguns particulares. Neste estudo, tentou-se verificar se o padrão geométrico de venação de folhas era suscetível de modelação para que, a partir dos modelos encontrados se pudessem identificar fragmentos de fósseis. Do grande conjunto de fósseis foliares recolhidos foram selecionados apenas 30 exemplares para estudo, sendo que ainda ficou uma significativa quantidade por analisar. Numa primeira fase, tentou-se a descrição mais completa possível dos espécimes de modo a identificar todo o material fóssil coletado, através da arquitetura foliar dos espécimes. Numa segunda fase, para auxiliar na identificação dos espécimes, optou-se por elencar um conjunto de parâmetros baseados principalmente nas caraterísticas biométricas (e.g. ângulo das nervuras secundárias, densidade, entre outras) de folhas de espécies atuais que se assemelhassem aos fósseis analisados. Da análise florística efetuada resultou a identificação de 30 morfotipos, sendo que 21 dos quais foram identificados conforme (cf.) a espécie. Conforme Laurus azorica foram identificados 47%; cf. Viburnum treleasei (19%); cf. Picconia azorica (9%); cf. Morella faya (5%); cf. Juniperus brevifolia (5%); cf. Hedera azorica (5%); cf. Polystichum setiferum (5%); cf. Dracaena draco (5%). Dos 7 identificados conforme a família, podese dizer que foram de Lauraceae; Parmeliaceae; Dryopteridaceae. Os restantes 2 morfotipos foram atribuídos a folhas dicotiledóneas indeterminadas. A coloração da superfície de alguns dos fósseis recolhidos, pode ser associada a processos de silicificação e piritização que de acordo com testes laboratoriais realizados, permite admitir a existência de uma zona muito húmida ou encharcada localizada entre Santa Luzia e a Baía do Fanal. Tais resultados apontam para um ambiente também muito distinto do que é hoje o de Angra do Heroísmo. Perante os cenários paleoambientais obtidos e tendo em conta as diferentes associações observadas de vegetação, podemos inferir que no Quaternário, o local de estudo aparentemente possuía um clima mais frio e mais húmido do que o atual, de baixa altitude, com um tipo de vegetação, aparentemente heterogénea, e provavelmente constituída por mosaicos casuais e com diferentes associações vegetais.
- Impacto da exposição Insetos em Ordem nas perspetivas e conhecimentos de crianças açorianas acerca de insetos e da naturezaPublication . Mendes, Flávia Alexandra Vieira; Arroz, Ana Margarida Moura; Gabriel, Rosalina Maria de AlmeidaUm dos grandes desafios que se coloca aos cidadãos do século XXI consiste na preservação do ambiente, sendo cada vez mais assumida a necessidade de salvaguarda da equidade entre gerações, assente num modelo de desenvolvimento sustentável. Assim sendo, e para garantir a sustentabilidade do planeta, há necessidade de trabalhar a problemática ambiental, sobretudo devido aos sérios problemas que têm de ser enfrentados, nomeadamente a perda de biodiversidade, a poluição, as alterações climáticas e muitos outros. A divulgação científica é fundamental para o desenvolvimento da ciência, uma vez que esta é responsável pela divulgação de resultados de estudos e pesquisa para a população em geral, garantindo que haja circulação e apropriação de novas ideias. A divulgação científica pode ser aliada às atividades escolares como complemento ao ensino formal. Neste âmbito surge a exposição “Insetos em Ordem”, uma exposição científica interativa, visando transmitir o “segredo” da identificação biológica de animais pequenos e geralmente considerados como muito difíceis de identificar. A exposição desenvolve-se em várias etapas, e tem como objetivo classificar um incesto verdadeiro (envolvido por resina acrílica) na sua Ordem; é um processo sequencial em que, a partir da presença ou ausência de características morfológicas o visitante avança no espaço, alcançando finalmente um painel com a descrição da Ordem de cada exemplar. A exposição foi criada com o objetivo de dinamizar e dar maior visibilidade a atividades científicas e culturais em curso, bem como de valorizar e rentabilizar os melhores recursos nacionais de divulgação científica, mas até agora não foi feita nenhuma avaliação formal junto do público-alvo a que se destinava, para perceber qual o seu impacto. Assim, o objetivo desta tese é avaliar a exposição para saber se foram produzidos os impactos desejados junto de alunos do 1º e 2º Ciclo do Ensino Básico. A avaliação dos conhecimentos foi feita com um questionário realizado antes, no dia seguinte e cerca de seis semanas depois da visita. O questionário, com perguntas abertas e de resposta forçada, associação livre de palavras e desenho, permite avaliar os conhecimentos e atitudes na área da biodiversidade. A filmagem em vídeo permite aceder às emoções e sensações demonstradas pelas crianças ao contactarem pela primeira vez com o inseto a classificar. Desta forma, avaliámos os aspetos positivos e negativos da exposição junto de crianças, de modo a verificar quais os aspetos a transferir para outras exposições, as possíveis melhorias a introduzir, com o objetivo de obter um instrumento interessante para avaliar o contributo para a divulgação científica de iniciativas similares. Os resultados deste estudo mostram que esta exposição permitiu contornar algumas das resistências das crianças face a estes organismos. Verificou-se que a visita das crianças à exposição Insetos em Ordem pode ser considerada uma boa estratégia de ensino, uma vez que as crianças gostaram da visita e a maioria voltaria a repetir porque aprenderam e foi divertido ao mesmo tempo.
- Impacto das atividades humanas sobre a floresta da reserva florestal de Inguane no Distrito Municipal KaNyaka, MaputoPublication . Tomo, Gerson Titos; Dias, Eduardo Manuel FerreiraO Distrito Municipal KaNyaka, faz parte de uma região internacionalmente reconhecida como um Hotspot de biodiversidade e como um centro de endemismo de plantas, a ecoregião de Maputaland, onde ocorrem mais de 230 espécies e subespécies de plantas endémicas. A População de KaNyaka, maioritariamente dependente dos recursos naturais para sua subsistência, está presentemente a observar um crescimento acompanhado por uma expansão desordenada ao longo do território, delapidando de forma progressiva e indiscriminada os recursos naturais e florestais em especial. Esta delapidação é efectuada sobre as florestas através de diferentes usos de solo. Considerando a preponderância do Distrito Municipal KaNyaka para a subsistência das comunidades locais, a sua importância ecológica e as crescentes pressões decorrentes das actividades humanas, a presente pesquisa propõe analisar o impacto das actividades humanas sobre a floresta da Reserva Florestal de Inguane em KaNyaka. A análise foi realizada por meio de exploração e comparação de indicadores de alteração funcional/estrutural da floresta (Biovolume total de plantas lenhosas e Composição Química do solo) colhidos em 50 pontos amostrais da Reserva Florestal de Inguane e da Ilha dos Portugueses. Identificou-se e mapeou-se as principais actividades humanas e determinou-se as distâncias mínimas dos pontos amostrais às actividades humanas e foram usadas como proxy de intensidade destas actividades. Os indicadores de alteração funcional/estrutural não mostraram grandes discrepâncias entre a Reserva de Inguane e a Ilha dos Portugueses, tendo sido observadas as maiores frequências de Biovolume nas primeiras classes tendendo a reduzir. Quanto à composição do solo a Ilha dos Portugueses apresentou maior teor de sais em relação à Reserva de Inguane. E por fim, as actividades humanas não apresentaram impactos significativos sobre a função/estrutura da Reserva Florestal de Inguane, devido à baixa intensidade dos distúrbios decorrentes destas actividades, que são realizadas dentro dos limites da resiliência do ecossistema garantindo a sustentabilidade. Não obstante, as regiões Central e Norte da Reserva de Inguane estão em maior iminência de sofrerem perturbações mais severas por actividades humanas.
- Impacto de uma intervenção educativa sobre resíduos sólidos urbanos no município de Namibe : contributos para a elaboração de um modelo de educação ambientalPublication . Culo, Job Moniz da Silva; Gabriel, Rosalina Maria de Almeida; Arroz, Ana Margarida MouraA produção de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) é uma consequência inevitável da forma como o Homem se tem relacionado com a natureza. Todavia o maior ou menor grau de poluição por eles originados, deve-se sobretudo a deficiência da sua gestão, o que sucede em muitas comunidades, nomeadamente aquelas onde pretendemos intervir. De facto, a falta de sensibilização, planeamento, gestão e intervenção são preocupantes no município do Namibe, uma zona com características desérticas, situada no sudoeste de Angola. A educação dos jovens é um dos primeiros passos para a sensibilização da população, já que estes podem intervir para promover o bem-estar das comunidades e auxiliar na mitigação do problema. Sendo assim, os objectivos deste trabalho incluem: (1) a realização de intervenções de Educação Ambiental no âmbito dos Resíduos Sólidos Urbanos que permitam enriquecer, simultaneamente, o currículo escolar com a exploração de temas transversais e promover uma cidadania ativa junto de 70 alunos da 7ª classe do I Ciclo do Ensino Secundário em duas escolas da cidade do Namibe (Escola 1º de Maio e Escola São João Paulo II), bem como junto dos seus pais e encarregados de educação; (2) a avaliação dos resultados e dos impactos dessa intervenção educativa; e (3) conceber um modelo de promoção de Educação Ambiental na Escola para o Município do Namibe, promovendo o interesse e participação das comunidades em acções concretas. A metodologia utilizada incluiu uma avaliação diagnóstica (inquéritos por questionário em Março de 2015), a intervenção educativa propriamente dita, teve a duração de oito meses (32 h de aulas teóricas e 48 h de trabalhos nos jardins, sanidade da escola, uso racional da água, deposição e recolha dos resíduos) e finalmente uma recolha de dados finais (inquérito por questionário em Abril de 2016). Além dos questionários foram ainda obtidos desenhos sobre o ambiente e foi feita uma avaliação de comportamentos, como a recolha de pilhas usadas. Os pais e encarregados de educação (PEE) também foram inquiridos, no final da intervenção. Os resultados mostram que as crianças têm perspectivas mais negativas de ambiente do que os seus PEE, valorizando mais os resíduos e a higiene. Todos reconhecem a existência de um problema ambiental relacionado com os resíduos sólidos no bairro Forte de Santa Rita, onde residem. A maioria das crianças afirma caminhar em média 20 minutos para se descartar dos resíduos sólidos produzidos pela família, embora os PEE estimem valores ainda mais elevados. As crianças envolveram-se seriamente no concurso “Vamos separar pilhas”, coligindo centenas de pilhas junto dos seus agregados familiares e amigos. As crianças defendem a separação de RSU sobretudo para poder viver num local organizado e limpo, evitar doenças e para melhoria do ambiente. As crianças responsabilizavam sobretudo a Administração Comunal e a Administração Municipal pela correcta gestão dos RSU, mas após a intervenção educativa essa responsabilidade passou a ser assumida por “todos”, opinião partilhada pelos PEE. Também após a intervenção, a maioria das crianças acha possível acabar com as lixeiras no município do Namibe, o que não acontecia antes. A avaliação desta intervenção educativa possibilitou maior sensibilização e informação dos alunos e seus pais (como previsto), sensibilização dos professores e corpos gerentes das escolas (efeito adicional) e também estimulou a recolha e separação de pilhas. Esta atividade enriqueceu o currículo escolar, produziu alterações nos conhecimentos e opiniões dos alunos e sensibilizou os seus pais e encarregados de educação, bem como os professores. Os alunos e os seus PEE atribuem grande importância à disciplina de Educação Ambiental, porque educa o homem a gostar e cuidar do ambiente, com vista à sua preservação e ao desenvolvimento da qualidade de vida, maior organização e salubridade no município. Por outro lado, a existência da disciplina de Educação Ambiental é valorizada porque tem como objectivo ensinar a conhecer mais o ambiente, ser higiénico, preparar o futuro, não permitindo que esta geração cometa os mesmos erros que a do passado o que ajudará o homem a viver num clima apropriado com água à disposição e boa alimentação. Em função da relevância atribuída à disciplina de Educação Ambiental e dos resultados obtidos neste estudo é suportado um modelo interdisciplinar para a sua lecionação, em vez do actual modelo multidisciplinar. As mudanças de atitudes por parte dos alunos, pais e encarregados de educação, bem como dos professores devem ser trabalhadas nas famílias, escolas e outros sectores da sociedade. O Governo deve evidenciar mais esforços no sentido de minimizar os problemas na gestão do tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos, bem como na conservação e preservação do meio ambiente para permitir que as escolas e cidades tenham um saneamento básico regular.
- Ocupação do solo e conservação : modelo de interação espacial para a sustentabilidade hídrica de CampinasPublication . Nepomuceno, Daniel Carvalho; Dentinho, Tomaz Lopes Cavalheiro PonceExiste escassez hídrica nas principais cidades do Estado de São Paulo nos últimos anos, resultado não só de causas naturais, mas também de um uso do solo que não permite a captação e armazenamento dos recursos hídricos mobilizáveis pelas cidades. Este trabalho pretende evidenciar, retratar e analisar a dinâmica de ocupação do solo frente a problemática da água na cidade de Campinas (Brasil), que é agravada pela ocupação urbana e especulação imobiliária elitizada de zonas periféricas, destinadas à proteção de recursos hídricos, como a APA Campinas. Para entender estes conflitos formula-se e calibra-se um modelo de interação espacial com uso do solo, atratividades e atritos, e simulam-se os efeitos para a área de Campinas. Os resultados indicam que o processo contemporâneo de expansão urbana do município de Campinas apresenta-se como um fenômeno emblemático e insustentável. Ao expandir de forma semi-desordenada para áreas periféricas e de fragilidade hídrica contribui para segregação socioespacial, desestimula uma economia local centralizada, prejudica a gestão urbana, aumenta a área impermeável, degrada a Área de Proteção Ambiental e, consequentemente, agrava o cenário hídrico.
- Património imaterial etnobotânico na Serra do Buçaco : relevância e estratégias de preservaçãoPublication . Branco, Soraia Patrícia Lousado; Gabriel, Rosalina Maria de Almeida; Arroz, Ana Margarida MouraO conhecimento tradicional sobre as plantas faz parte do património imaterial de cada povo e nos vários estudos etnobotânicos realizados até à data tem-se observado que este está em declínio. Em alguns países da Europa este conhecimento já é considerado perdido, mas sendo Portugal um dos países Europeus com mais população a viver em áreas rurais é ainda possível encontrar quem viva em íntima relação com as plantas e saiba usá-las para vários fins. Existe por parte da comunidade científica interesse em resgatar este conhecimento quer para manutenção do património e identidade culturais, quer como estratégia de valorização do património natural, quer pela utilidade que este conhecimento pode ter como complemento do conhecimento científico. O presente estudo foca-se na Serra do Buçaco por ser um dos bastiões de diversidade botânica do país e contar com comunidades rurais residentes nas proximidades. Os três grandes objetivos deste trabalho foram 1) Recolher o conhecimento tradicional etnobotânico quer por escrito quer em vídeo; 2) Analisar as dinâmicas intergeracionais de transmissão de conhecimentos e a sua continuidade; 3) Perceber se existe interesse por parte dos habitantes da Serra em que este conhecimento seja preservado e de que maneiras. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas em nove aldeias, a um total de 60 entrevistados, de ambos os sexos e diferentes idades pertencentes a três gerações diferentes dentro de cada família, a viver ou não nas comunidades rurais. Registaram-se no total 99 taxa pertencentes a 42 famílias botânicas. Foram mencionados 115 usos específicos diferentes para estas plantas, tendo estes usos sido agrupados em sete categorias de uso. A Geração mais velha (G1) mencionou mais 47% plantas diferentes do que a geração mais nova (G3). O maior número de citações foi registado nas entrevistas aos informantes com idades compreendidas entre 61 e 70 anos, e o número mais baixo nas entrevistas aos informantes menores de 20 anos. As mulheres mencionaram, no geral, mais plantas do que os homens. Os elementos da G3 admitiram saber menos 70% da informação acerca do uso e procedimentos das plantas que mencionaram do que os seus avós. Contudo a grande maioria dos entrevistados (97%), mesmo os mais novos, considera que é importante preservar o conhecimento etnobotânico. Existe bastante interesse por parte da geração intermédia em saber mais sobre este assunto, e os conhecimentos tradicionais continuam a ser transmitidos, sobretudo por via familiar. Existem vários fatores que condicionam a utilização das plantas por parte dos habitantes da Serra, muitos deles inerentes a tendências próprias da evolução humana, mas também devido a alterações na abundância das espécies úteis nos ecossistemas naturais. Estudos como este ajudam-nos a perceber a importância cultural das plantas para as pessoas fornecendo argumentos a favor da conservação do património natural.