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- Património imaterial etnobotânico na Serra do Buçaco : relevância e estratégias de preservaçãoPublication . Branco, Soraia Patrícia Lousado; Gabriel, Rosalina Maria de Almeida; Arroz, Ana Margarida MouraO conhecimento tradicional sobre as plantas faz parte do património imaterial de cada povo e nos vários estudos etnobotânicos realizados até à data tem-se observado que este está em declínio. Em alguns países da Europa este conhecimento já é considerado perdido, mas sendo Portugal um dos países Europeus com mais população a viver em áreas rurais é ainda possível encontrar quem viva em íntima relação com as plantas e saiba usá-las para vários fins. Existe por parte da comunidade científica interesse em resgatar este conhecimento quer para manutenção do património e identidade culturais, quer como estratégia de valorização do património natural, quer pela utilidade que este conhecimento pode ter como complemento do conhecimento científico. O presente estudo foca-se na Serra do Buçaco por ser um dos bastiões de diversidade botânica do país e contar com comunidades rurais residentes nas proximidades. Os três grandes objetivos deste trabalho foram 1) Recolher o conhecimento tradicional etnobotânico quer por escrito quer em vídeo; 2) Analisar as dinâmicas intergeracionais de transmissão de conhecimentos e a sua continuidade; 3) Perceber se existe interesse por parte dos habitantes da Serra em que este conhecimento seja preservado e de que maneiras. Foram aplicadas entrevistas semi-estruturadas em nove aldeias, a um total de 60 entrevistados, de ambos os sexos e diferentes idades pertencentes a três gerações diferentes dentro de cada família, a viver ou não nas comunidades rurais. Registaram-se no total 99 taxa pertencentes a 42 famílias botânicas. Foram mencionados 115 usos específicos diferentes para estas plantas, tendo estes usos sido agrupados em sete categorias de uso. A Geração mais velha (G1) mencionou mais 47% plantas diferentes do que a geração mais nova (G3). O maior número de citações foi registado nas entrevistas aos informantes com idades compreendidas entre 61 e 70 anos, e o número mais baixo nas entrevistas aos informantes menores de 20 anos. As mulheres mencionaram, no geral, mais plantas do que os homens. Os elementos da G3 admitiram saber menos 70% da informação acerca do uso e procedimentos das plantas que mencionaram do que os seus avós. Contudo a grande maioria dos entrevistados (97%), mesmo os mais novos, considera que é importante preservar o conhecimento etnobotânico. Existe bastante interesse por parte da geração intermédia em saber mais sobre este assunto, e os conhecimentos tradicionais continuam a ser transmitidos, sobretudo por via familiar. Existem vários fatores que condicionam a utilização das plantas por parte dos habitantes da Serra, muitos deles inerentes a tendências próprias da evolução humana, mas também devido a alterações na abundância das espécies úteis nos ecossistemas naturais. Estudos como este ajudam-nos a perceber a importância cultural das plantas para as pessoas fornecendo argumentos a favor da conservação do património natural.