Browsing by Author "Sousa, Paulo Silveira e"
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- As actividades industriais no Distrito de Angra do Heroísmo, 1852-1910 : um mundo de possibilidades escassasPublication . Sousa, Paulo Silveira eNeste artigo pretendemos apresentar os primeiros dados do que desejamos vir a constituir uma nova interpretação historiográfica do processo de transformação económica do sector industrial do distrito de Angra do Heroísmo, durante a segunda metade do século XIX e primeira década do século XX. Seguindo alguns trabalhos recentes da história económica portuguesa, mais do que insistir nas persistências e no lado tradicional da economia de ilhas como a Terceira, São Jorge e Graciosa pretendemos antes demonstrar como existiu dinamismo e como o distrito e os seus protagonistas foram capazes de apostar na reconversão e na diversificação do seu reduzido sector industrial. Esta intenção leva-nos a estar igualmente atentos quer aos constrangimentos, quer ao campo de possibilidades existente no arquipélago, analisando os mercados e a capacidade de diversificação e de modernização deste sector, no quadro de uma região que era e permaneceu marcadamente agrícola. Procedendo desta forma veremos como estávamos perante um mundo de possibilidades escassas, mas onde, no entanto, se tentaram várias vias de transformação. Nesta abordagem reforçaremos ainda o papel destacado dos agentes económicos e a importância dos seus desempenhos. O suposto fraco dinamismo das elites económicas, o peso da rotina e da tradição, ou a falta de apoio do Estado deixam assim de poder ser encarados como os inevitáveis grandes culpados do atraso económico das Ilhas. O retrato que emerge nesta nova interpretação será, pois, mais diversificado, dinâmico e pleno de diferentes matizes. [...]
- As elites, o quotidiano e a construção da distinção no distrito de Angra do Heroísmo durante a segunda metade do século XIXPublication . Sousa, Paulo Silveira eNa segunda metade do século XIX os espaços e as práticas de sociabilidade actuavam como estruturantes das disposições individuais e colectivas, e constituíam uma das mais importantes dimensões da vida quotidiana. Estes lugares e estas práticas baseavam-se em modelos codificados de interacção. No entanto, se bem que suficientemente claros e definidos para classificar e para identificar os agentes, marcando as fronteiras face a quem desconhecia as normas e os princípios de distinção, eles continham variantes e margens para a manifestação de algum desvio no seu interior. Estas normas complexas estruturavam, portanto, uma realidade que se podia dizer construída e segmentada por campos e por jogos, onde se cruzavam desempenhos diversos e relações de poder. Elas incluíam quer as disposições corporais e determinados cânones da elegância e da aparência exterior, quer o conhecimento e a aderência a determinadas normas morais e a elementos da cultura burguesa formal e codificada, ligados ao teatro, à música e à literatura. As sociabilidades e os consumos tinham, pois, um papel decisivo nas estratégias pelas quais as pessoas se identificavam e se distinguiam umas das outras. E os gastos ostensivos, quer fossem realizados através da caridade pública ou de despesas em conforto e em novos equipamentos, eram uma forma de converter o capital económico em capital simbólico, social, cultural e até político. O mesmo sucedendo com a aposta, cada vez mais comum, no aumento da escolaridade e dos diplomas dos seus herdeiros e com a sua progressiva ligação ao emprego público. [...]
- Gerir o dinheiro e a distinção : as caixas económicas de Angra do Heroísmo e os seus corpos dirigentes (1845-1915)Publication . Sousa, Paulo Silveira eAs instituições de crédito local são espaços institucionais onde convergem o giro monetário, o exercício da influência e as redes dos negócios e da política. A sua análise e a dos seus corpos dirigentes surge como uma boa maneira de se avançar numa descrição mais clara do grupo dos principais protagonistas dos negócios e do capital nos Açores, ajudando-nos a perceber quem eles eram e quais os seus interesses e as suas práticas. Simultaneamente, ela permitir-nos-á compreender melhor o desempenho económico do distrito e perceber que, por detrás dos discursos mais pessimistas, havia uma realidade económica, por vezes pouco visível, mas que manifestava um relativo dinamismo. De facto, numa ilha que esteve afectada pela escassez de moeda até ao final da década de 1880, que manteve défices quase constantes na balança de pagamentos ao longo de quase todo este período, e cuja economia era ciclicamente classificada como estando em crise, as caixas económicas locais sobreviveram, prosperaram e foram-se modernizando. [...]
- A gestão social da propriedade na ilha de São Jorge durante a segunda metade do século XIXPublication . Sousa, Paulo Silveira eNo século XIX o Liberalismo veio consagrar a propriedade como o principal instrumento de acesso dos cidadãos à riqueza e ao usufruto das capacidades cívicas e políticas. A posse de bens passou a determinar a importância e o lugar do indivíduo na sociedade, fazendo com que a terra e a sua distribuição social constituíssem factores decisivos de produção e de reprodução económica, social e política. Este estudo pretende dar uma visão panorâmica das grandes unidades que organizavam a distribuição da terra numa pequena ilha dos Açores (São Jorge), durante a segunda metade do século XIX. Utilizando monografias e arquivos locais, imprensa periódica e alguns testamentos iremos analisar o modo como os grupos sociais e algumas instituições geriam, distribuíam e controlavam a terra. Este conjunto de processos sedimentava estruturas e contribuía para moldar o campo económico, bem como as relações e as redes de poder. Contudo, sobretudo ao longo do último quartel do século XIX, a intensa emigração consolidou-se como um importante factor de mudança social. Muitas famílias camponesas viram os seus recursos aumentar e tornaram-se proprietárias, abrindo assim o mercado fundiário.