DBIO - Dissertações de Mestrado / Master Thesis
Permanent URI for this collection
Dissertação de Mestrado. Nível intermédio de uma dissertação (4 ou 5 anos de estudo). Contempla também dissertações do período pré-Bolonha para graus académicos que agora são reconhecidos como grau de mestre.
(Aceite; Publicado; Actualizado).
Browse
Browsing DBIO - Dissertações de Mestrado / Master Thesis by advisor "Armas, Jácome Ornelas Bruges"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Epidemiologia, Fatores de Risco e Agregação Familiar da Osteoartrose Avançada da Anca e Joelho: a Realidade da Ilha TerceiraPublication . Pinheiro, Luís Paulo Pontes Ferraz; Lima, Maria Manuela Medeiros; Raposo, Mafalda Sofia Bastos; Armas, Jácome Ornelas BrugesDas doenças músculo-esqueléticas, a osteoartrose (OA) é a mais prevalente, sendo uma das principais causas de incapacidade nos adultos. Em média, as pessoas começam a apresentar sintomas de dor e diminuição da mobilidade e função articular aos 55 anos, implicando uma diminuição da qualidade de vida e produtividade. O tratamento da OA consiste apenas no controlo da dor e, na doença avançada, na substituição articular (artroplastia), não existindo atualmente medicamentos capazes de modificar a doença. Desenhámos um estudo observacional de avaliação - transversal, de base hospitalar, com o objetivo geral de caracterização demográfica, epidemiológica e clínica da OA avançada da anca e do joelho na população da ilha Terceira. A amostra foi constituída por doentes naturais e residentes na ilha Terceira, com diagnóstico de OA avançada da anca e/ou do joelho. Um total de 254 doentes, 58 doentes com OA avançada da anca e 196 doentes com OA avançada do joelho, foram avaliados em consulta. Foi aplicado um formulário de recolha de dados sociodemográficos e clínicos e avaliados exames de imagem e parâmetros analíticos. Estes dados permitiram fazer uma caracterização demográfica, de fatores de risco e morfológica dos doentes, assim como uma definição de fenótipo: “lesão de cartilagem”, “remodelação óssea”, “inflamação”, “dor”. A análise de agregação familiar também foi efetuada. Por se ter identificado uma distribuição geográfica não uniforme no risco de desenvolvimento destas doenças na ilha, foram criados e comparados clusters de doentes, com base nesse risco (OR normal, aumentado e diminuído). Encontrámos na ilha Terceira uma prevalência de OA avançada da anca de 0,51/1000 habitantes e uma prevalência de OA avançada do joelho de 1,64/1000 habitantes, valores superiores aos identificados em Portugal, a partir de dados do estudo EpiReumaPT. Ser natural de Agualva, Vila Nova, Fontinhas, Vila de S. Sebastião ou Santa Bárbara aumenta o risco de desenvolver OA; ser natural de Santa Luzia, São Pedro, São Bento, Terra Chã, Santa Cruz da Praia da Vitória ou Porto Matins diminui o risco de desenvolver OA; ser natural das restantes freguesias da ilha acarreta um OR semelhante ao valor médio verificado na ilha Terceira. Tanto na OA avançada da anca como na OA avançada do joelho confirmámos que os fatores de risco estão presentes numa proporção muito significativa de doentes e sobrepõem-se àqueles identificados por outros autores, nomeadamente o excesso de peso/obesidade, a sobrecarga articular derivada de atividades profissionais ou desportos de alto impacto e as alterações morfológicas causadoras de incongruência articular. No que se refere às características morfológicas na OA da anca e na OA do joelho encontrámos uma proporção significativa de doentes com doença bilateral, associada a poliosteoartrose e a calcificações peri-articulares. O fenótipo mais frequentemente encontrado na OA da anca foi a associação entre lesão da cartilagem e remodelação óssea (41,4%); na OA do joelho os fenótipos mais frequentes foram a remodelação óssea (23,0%), a degradação da cartilagem (22,4%) e a remodelação óssea com inflamação (23,5%). Na comparação entre os três grupos com base no OR para desenvolvimento da doença evidenciou-se, no grupo de doentes das freguesias com OR aumentado, uma idade ao início de sintomas significativamente mais precoce, padrões de fatores de risco específicos, características morfológicas e fenotípicas particulares e maior agregação familiar. Isto levou-nos a ponderar que nestas freguesias poderá haver uma contribuição genética mais significativa para o aparecimento da OA, por maior frequência de variantes de risco, o que poderá estar eventualmente relacionado com algum isolamento geográfico. As características morfológicas encontradas, com envolvimento de várias articulações, remodelação óssea predominante e calcificações ectópicas, sugerem eventual presença de variantes genéticas de risco relacionadas com aspetos da formação e remodelação do osso e da cartilagem. A proporção muito alta de doentes com poliosteoartrose e calcificações ectópicas exuberantes, nas freguesias com OR aumentado, leva-nos a concluir que pode haver uma relação com os achados de Bruges-Armas e colegas relativos a outras patologias reumáticas prevalentes na ilha e com apresentações atípicas (condrocalcinose e hiperostose esquelética idiopática difusa). Como perspetivas futuras, que derivam deste estudo, consideramos relevante um estudo de base populacional, de âmbito regional (multicêntrico), para caracterização epidemiológica detalhada destas doenças na região; seria igualmente importante efetuar estudos de genética e epigenética, com particular enfoque nos doentes naturais das freguesias com alto risco de desenvolvimento de OA e comparando com a restante população. Os resultados obtidos neste estudo permitiram-nos ainda identificar os descendentes dos doentes com OA avançada como um grupo de população com risco relevante de desenvolvimento de OA. Do ponto de vista de investigação, desenhar estudos epidemiológicos e de análise de biomarcadores neste grupo de familiares com doença ligeira seria uma área a explorar. Além disso, estas pessoas devem ser avaliadas clinicamente, para atuar-se precocemente sobre os fatores de risco modificáveis de forma prevenir a progressão para doença grave.