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Abstract(s)
Na derradeira década de Oitocentos, S. Tomé e Príncipe confirmouse como um exemplo da prosperidade dos empreendimentos coloniais e,
acreditava-se à época, da superioridade da agricultura europeia. Essa ventura
baseava-se na monocultura do cacau, cuja produção ascensional se devia à fertilidade das terras florestais virgens desmatadas e trabalhadas de forma intensiva pelos crescentes contingentes de mão-de-obra resgatada no continente africano que não era repatriada. A implantação das roças
alterara drasticamente a composição social e demográfica, as dinâmicas económicas e a correlação de forças nas ilhas. As roças beneficiavam da condição política e jurídica diferenciada da mão-de-obra, cuja prestação
laboral estava legalmente regulamentada. Entre outras razões, devido à heterogeneidade social dos nativos e de europeus, a dicotomia racial não
coincidia com uma clivagem social. A presença europeia aumentava em número e em importância desde meados de Oitocentos, mas o facto crucial tornara-se a hegemonia dos roceiros assente no êxito das roças e favorecida por um contemporizador poder político colonial interessado nos resultados económicos da agricultura de exportação. Assim, a condução das roças e a definição das relações sociais nas roças eram deixadas ao critério dos roceiros. Naturalmente, embora sem determinarem o conteúdo
das relações sociais no seu exterior, as roças não deixavam de influenciar, mesmo se de forma esconsa, a evolução política nas ilhas. Mais até do que a ilha de S. Tomé, a ainda menor ilha do Príncipe era o exemplo acabado de uma colónia-plantação, quase tão só resumida ao labor e vida das roças. Ora, este quadro de prosperidade e o curso das relações nas roças conheceriam percalços nos alvores de Novecentos, desde logo pelas
mudanças então operadas no recrutamento de braços. [...]
Description
Keywords
Emigração Cabo-Verdiana História de São Tomé e Príncipe (século XX) Representações Sociais
Citation
"ARQUIPÉLAGO. História". ISSN 0871-7664. 2ª série, vol. 5 (2001): 325-370