FCAA - Faculdade de Ciências Agrárias e do Ambiente
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Browsing FCAA - Faculdade de Ciências Agrárias e do Ambiente by Field of Science and Technology (FOS) "Ciências Naturais::Outras Ciências Naturais"
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- Biodiversity conservation in Island protected areas : the case of plant-insect pollinating networksPublication . Picanço, Ana Luísa Coderniz; Borges, Paulo Alexandre Vieira; Rigal, FrançoisAs preocupações relativamente ao funcionamento dos ecossistemas surgiram com o declínio mundial da biodiversidade. Esta relação é particularmente evidente para os insectos polinizadores responsáveis por um importante serviço de ecossistema: a polinização das plantas, essencial para a manutenção da diversidade biológica das plantas e produção de alimentos. Porém, actualmente as comunidades de polinizadores encontram-se ameaçadas por todo o planeta, principalmente devido às alterações do uso do solo, considerado um dos factores contemporâneos mais importantes pela perda da biodiversidade. As alterações do uso do solo revelam ser mais proeminentes em ilhas oceânicas isoladas que foram desproporcionalmente afectadas pelas perturbações antropogénicas nos últimos séculos. Como tal, é urgente identificar devidamente as vias responsáveis pela mudança das comunidades de insectos polinizadores e subsequente estrutura das redes plantas – insectos polinizadores de modo a planear adequadamente a sua conservação, restauro e para a preservação dos serviços de ecossistemas que podem suprir os humanos. Nesta tese foi investigado o impacto das alterações dos usos do solo: (i) na estrutura da comunidade dos insectos polinizadores (capítulo 2), (ii) nas redes da interacção planta-insecto (capítulo 3), (iii) nos serviços de polinização tendo em conta o seu valor económico (capítulo 4), (iv) e foram propostas áreas prioritárias para a conservação dos insectos polinizadores (capítulo 5). Os insectos polinizadores foram amostrados durante dois anos através de um protocolo de amostragem padronizado em 50 transectos, em cinco tipos de habitat diferentes correspondendo a um gradiente do uso do solo na ilha Terceira (Açores). Os resultados revelam que as comunidades de insectos polinizadores estudadas são constituídas maioritariamente por espécies indígenas (sendo a maioria espécies nativas não endémicas) com prevalência por espécies de abundância intermédia. As comunidades de insectos polinizadores são também muito simplificadas ao longo de todo o gradiente com poucas diferenças entre os habitats, excepto entre a floresta nativa e as pastagens intensivas. Na ausência de fortes competidores exóticos, os insectos polinizadores indígenos expandem e ocupam novos habitats antropogénicos, facilitando assim a expansão de um vasto número de espécies de plantas exóticas. Notavelmente, não só as áreas de vegetação pristina, mas também as áreas agrícolas e de pomares possuem valores elevados de serviços de polinização, apesar de ambos os usos do solo possuírem níveis de perturbação opostos. Quanto às estruturas de rede planta-insecto, estas são basicamente redes pequenas e muito simplificadas, aninhadas e de modularidade não significativa. A natureza generalista e abundância relativa individual dos insectos polinizadores foi considerada como uma das principais causas para a estrutura da rede, o que seria de esperar de uma ilha oceânica recente e pequena. Inclusivé, ao agregar as redes dos habitats numa só matriz, foi verificado que não existe modularidade, sugerindo que as diferenças entre habitats não são suficientes para formar subgrupos interligados, evidenciando assim que a moderna paisagem da ilha Açoreana é uniforme ou homogénea em relação às espécies polinizadoras. Relativamente à valoração económica das comunidades de insectos polinizadores, os insectos contribuem com um total de 36,2% da média anual total do rendimento agrícola das colheitas dependentes dos polinizadores, o que enfatiza a importância dos insectos polinizadores para a produção agrícola. Por fim, a complementar estes resultados, a avaliação dos diferentes usos do solo para a conservação, permitiu verificar que para além das áreas protegidas e bem preservadas de floresta nativa da Terceira, outros usos do solo, como as áreas de vegetação naturalizada, florestas exóticas e pastagens semi-naturais poderão servir como um continuum para a rede de áreas protegidas. Este resultado tem implicações consideráveis para a conservação dos insectos polinizadores da ilha Terceira, implicando a necessidade de uma gestão mais sustentável das práticas humanas nos ecossistemas agrícolas.
- Caracterização farmacológica de diferentes partes da planta Vaccinium cylindraceum endémica dos Açores tendo em vista a sua valorização como alimento funcional e nutracêuticoPublication . Lima, Vera Catarina Branco Furtado; Lima, Elisabete Maria de Castro; Baptista, José António BettencourtA elevada incidência nas sociedades industrializadas ocidentais de doenças relacionadas com distúrbios alimentares, está a conduzir a grandes mudanças nos padrões dietéticos da população em geral, levando a que haja um maior interesse por alimentos promotores de saúde. Entre a grande variedade de alimentos naturais benéficos para a saúde humana, encontram-se os frutos vermelhos, nomeadamente o mirtilo (Vaccinium spp.), fruto muito conhecido quer pelo seu extraordinário poder antioxidante (atribuído sobretudo ao seu elevado teor e diversidade em compostos fenólicos), quer pelo seu sabor e aroma exóticos. De facto, o cultivo comercial deste fruto tem vindo a aumentar exponencialmente, em particular nos países da América do Sul, devido à extraordinária procura do mercado americano e europeu por este fruto fresco, seus subprodutos, ou produtos de valor acrescentado. Por outro lado, outras partes da planta do género Vaccinium, como por exemplo as folhas e os caules, embora menos conhecidas e estudadas do que o fruto, apresentam também propriedades antioxidantes que podem contribuir, em grande parte, para os efeitos terapêuticos que lhes são atribuídas. Sendo o setor agrário relevante para a economia da Região Autónoma dos Açores, reveste-se de grande importância a investigação das propriedades antioxidantes do mirtilo endémico da região (Vaccinium cylindraceum) que se encontra escassamente estudado, apesar de pertencer ao género Vaccinium muito valorizado pelos seus potentes efeitos farmacológicos, nomeadamente antioxidantes, atribuídos à sua fitoquímica única e diversificada. Acresce o facto de que Portugal continental cultiva e comercializa mirtilos, com sucesso, já desde a década de 90, colocando o fruto no mercado europeu nos meses de Maio/Junho de cada ano, ou seja, antes dos demais concorrentes. O fruto comestível do mirtilo-silvestre dos Açores, se comprovado cientificamente como sendo um produto diferenciado, poderá também vir a competir, pela diferença, com os mirtilos produzidos na América e Europa. Neste contexto, amostras de frutos, folhas e caules do mirtilo açoriano da ilha de São Miguel foram avaliadas, no presente trabalho, quanto ao seu potencial antioxidante, através do uso de diferentes ensaios antioxidantes (poder redutor, capacidade de sequestrar o radical DPPH, capacidade de sequestrar o radical anião superóxido, poder quelante e capacidade de inibição da oxidação lipídica pelo sistema β-caroteno/ácido linoleico) e da determinação do teor de compostos fenólicos (fenólicos totais, flavonóides totais e antocianinas totais). Para comparação do potencial antioxidante das amostras de V. cylindraceum foram analisadas, nas mesmas condições experimentais, amostras de fruto fresco maduro (comercial) de V. angustifolium, mirtilo selvagem de plantio biológico proveniente do norte do Canadá (Quebec), e de chá verde da Gorreana (Gorreana Hysson), da ilha de São Miguel (Açores), um poderoso antioxidante natural. […].