ARQ - CS - N 01 (1986)
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Artigos publicados no Número 1 - 1986
CONTEÚDO / CONTENTS:
SILVA, Augusto - O ensino da sociologia e a profissionalização dos sociólogos.
CARMO, Francisco - O meio rural açoriano.
ROCHA, Gilberta; MEDEIROS, Octávio - Análise da evolução do casamento nos concelhos de Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada, no período de 1961 a 1985.
GONÇALVES, Rolando Lalanda - Eutopia e Emigração: abordagem micro-sociológica na freguesia da Ribeira Quente- S. Miguel.
MARTINS, Rui de Sousa - A luminária popular da ilha Graciosa.
MARTINS, Rui de Sousa - Sobre uma lâmpada tradicional da ilha do Pico (Açores).
COMUNICAÇÕES - No X Aniversário da Universidade dos Açores
NUNES, Ivo de Sousa - A Universidade dos Açores e o seu envolvimento na comunidade educativa.
ALVES, Mariano T. - Forças sociais e criação da Universidade dos Açores.
MARTINS, Rui de Sousa - A antropologia cultural na Universidade dos Açores: um contributo para a descoberta e a salvaguarda do património etnográfico insular.
RECENSÕES
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- O ensino da sociologia e a profissionalização dos sociólogosPublication . Silva, AugustoPara se poder afirmar que uma nova ciência ou técnica tem um estatuto socialmente consolidado, é necessário não só que o seu ensino esteja suficientemente difundido, mas ainda que a profissionalização dos que seguem esse ensino se apresente razoavelmente assegurada. A profissionalização não é considerada de tanta premência num primeiro tempo, ou porque são poucos os cultores da ciência em causa e, por isso mesmo, se vão ocupar quase integralmente na sua difusão, ou porque vão surgindo pessoas e organizações curiosas de experimentarem as novas capacidades que tal ciência oferece. O problema surge, e pode mesmo constituir-se em problema social, quando se multiplicam as escolas de um mesmo ensino e, simultaneamente, se não alargam, em proporções semelhantes, as possibilidades de profissionalização. Este é um problema que hoje se põe a várias das ciências sociais e, em particular, à Sociologia, e que se poderá agravar caso se continuem a multiplicar os seus cursos sem se alargarem as possibilidades profissionais que se oferecem aos sociólogos, uma vez finalizada a sua formação académica. Colocado perante tal perspectiva, reflectirei neste pequeno artigo, sobre o ensino da Sociologia e a profissionalização dos sociólogos, fazendo-me de algum modo eco das preocupações de não poucos dos que hoje, em Portugal, seguem um curso de Sociologia.
- O meio rural açorianoPublication . Carmo, FranciscoMerecida é a atenção e o estudo que se vêm prestando ao meio rural. A sua população é maioritária na Região Açores. Nele sobrevivem, em muitos casos, fenómenos de atraso ligados a uma sociedade tradicional e, tantas vezes, à incúria dos homens. É também ele objecto e sujeito de transformações e de inovações que vêm ocorrendo ao ritmo do tempo ou se projectam num sentido de promoção. Este quadro natural e humano tem um modo de ser que, participando do todo em que se insere, assume aspectos próprios, diferenciados que, no conjunto, se designam por cultura rural ou subcultura em relação com a globalidade social e nacional que o circunscreve, envolve. Assim podemos falar também do meio rural açoriano e da subcultura do açoriano.
- Análise da evolução do casamento nos concelhos de Angra do Heroísmo, Horta e Ponta Delgada, no período de 1961 a 1985Publication . Rocha, Gilberta Pavão Nunes; Medeiros, Octávio H. Ribeiro[…]. Actuando a nupcialidade de um modo particular na natalidade, variável presentemente considerada de maior responsabilidade na evolução da população mundial, difícil se torna ainda prever as consequências que nela terão os novos modos de pensar e agir. No entanto, é ainda fundamentalmente através do casamento que a fecundidade adquire maior expressão, mesmo nas sociedades tecnologicamente mais avançadas, o que não é o caso da região que nos propomos estudar - os Açores. A análise dos casamentos nos concelhos que integram as capitais dos três ex-distritos açorianos, nos anos 1961-1985, e a sua evolução, é o tema que nos propomos abordar. Sem pretender explicar de todo estes acontecimentos, de si complexos, desejamos contribuir para um melhor conhecimento dos Açores quer a nível demográfico quer sociológico. A consideração do período de 1961 a 1985 pretende abranger não só a última década, em que nos surgem mais significativas as mudanças, como os anos imediatamente anteriores em que estas, ainda que atenuadas, já se fazem sentir. […].
- Eutopia e Emigração : abordagem micro-sociológica na freguesia da Ribeira Quente, S. MiguelPublication . Lalanda-Gonçalves, RolandoA importância do fenómeno emigratório açoriano tem levado a algumas análises mais ou menos aprofundadas da realidade sócio-cultural pretendendo estudar as suas causas e consequências. Neste artigo pretendemos demonstrar, a partir de uma abordagem micro-sociológica, que o processo emigratório se enquadra nos processos sócio-culturais locais e como tal não resulta apenas de desequilíbrios socio-económicos ou sócio-demográficos. Para tal iremos apresentar o conceito de eutopia, que permite operacionalizar a imagem atractiva do país de emigração integrando-a nos processos sociais e culturais que se desenvolvem no contexto da freguesia. Esta abordagem parte, assim, da definição do contexto espacial, e após caracterizar a situação demográfica e económica, centra-se no estudo da lógica comportamental dos jovens da Ribeira Quente na qual se integra o processo emigratório através de uma lógica eutópica subjacente.
- A luminária popular da ilha GraciosaPublication . Martins, Rui de SousaProsseguindo o estudo sistemático das candeias de azeite açorianas, um dos utensílios indispensáveis no equipamento doméstico da antiga casa rural insular, é altura de nos debruçarmos sobre as lâmpadas da ilha Graciosa. De 1984 a 1986, tive a oportunidade de efectuar algumas estadias na illha Branca, que me proporcionaram um inesquecível convívio com os seus habitantes, e durante as quais me pude aperceber de quanto era urgente incluir também esta ilha nos programas de investigação do Centro de Estudos Etnológicos da Universidade dos Açores. Os vários projectos então iniciados revelaram aspectos inéditos e até surpreendentes do rico património tradicional da Região e, graças ao apoio incansável e desinteressado de tantos graciosenses, é possível divulgar agora os primeiros resultados do trabalho realizado.
- Sobre uma lâmpada tradicional da ilha do Pico (Açores)Publication . Martins, Rui de SousaEm anterior trabalho fizemos uma primeira abordagem das candeias de azeite utilizadas, até data recente, na iluminação das casas da ilha do Pico, feitas em ferro forjado, por ferreiros especializados, e suspensas no local que carecia de luz. No decurso de pesquisas de campo, efectuadas em 1980, na freguesia das Ribeiras (Lajes), deparou-se-nos uma lâmpada de pousar, feita em metal amarelo pela técnica de fundição. Esta candeia, pertencente a Lassalete Câmara da Silveira Soares (Caminho de Cima-Ribeiras), que a recebeu da avó materna, Luísa da Conceição Câmara Neves (1892-....) (Canto- Ribeiras), fugia completamente aos modelos usuais nos Açores e, por isso, lhe dedicamos um estudo à parte.
- As ciências sociais : ponto de encontro entre o compromisso social e a função cultural da UniversidadePublication . Carmo, FranciscoDez anos passaram sobre a criação da Universidade dos Açores. É pouco para uma instituição, mas o bastante para ver de pé uma experiência e sabê-la consistente. Ela deve-se à nteligência e tenacidade de um homem que a lançou – o Prof. Doutor José Enes P. Cardoso. Mas não é alheia à sua eficácia, e não lhe tira o mérito, a acção de outros, de diversas proveniências, que criaram apoios, um ambiente favorável, originaram um consenso. A organização inicial foi, com dedicação inteligente, continuada e apurada pelo Reitor sucessivo e actual – o Prof. Doutor António Bettencourt Machado Pires. A estas acções de arranque e de organização consolidada é de juntar a presença, a resposta adequada e o bom senso dos alunos-estudantes que a souberam trazer viva e não mutilada, apesar das dificuldades, até este 10.º Aniversário. Sem eles não haveria Universidade. E a colaboração útil e o suporte dos funcionários não são de esquecer. E aqui estamos neste novo limiar que, se é ocasião propícia para celebração, também é de reflexão sobre os problemas pendentes e as soluções que se descobrem, face à experiência adquirida e às interpelações que a sociedade e a Região nos levantam.
- A Universidade dos Açores e o seu envolvimento na comunidade educativaPublication . Nunes, Ivo de SousaEncontrava-me no Canadá, em 1977, quando me foi dirigido o convite para vir para os Açores trabalhar na formação de professores. Nessa época, a formação de professores constituía um dos problemas mais inquietantes de qualquer sistema educativo. Fora essa mesma preocupação, por coincidência, que me levara a prosseguir os estudos no Instituto de Ciências da Educação da Universidade de Toronto que frequentava na altura em que recebi o referido convite. A ideia de vir para os Açores trabalhar na formação de professores afigurava-se-me, portanto, aliciante, quer pela actualidade da problemática, quer por corresponder a interesses pessoais. Por isso aceitei integrar-me, desde a primeira hora, na pequena família do então Instituto Universitário dos Açores. Volvidos cerca de nave anos, eis-me aqui a fazer um balanço do que foi o envolvimento da Universidade na comunidade educativa, entendendo com esta expressão as pessoas da comunidade mais directamente responsáveis pela educação, com especial referência aos professores. Esta breve comunicação tem em vista, descrever o que a Universidade dos Açores já fez, o que não fez mas deveria ter feito e o que deverá ainda fazer, no domínio do desenvolvimento educativo.
- Forças sociais e criação da Universidade dos AçoresPublication . Alves, Mariano TeixeiraAs forças sociais responsáveis pela criação da Universidade dos Açores não se limitam aos anos de 1974 e 1975. Se as condições ambientais determinam certas acções, umas e outras implicam valores que, por seu turno, explicam as forças sociais que têm regido os Açores durante séculos. Desde o início do povoamento do Arquipélago dos Açores até ao século XX destacam-se quatro forças sociais fundamentais e da maior importância: económica, demográfica, política e religiosa. […].
- A antropologia cultural na Universidade dos Açores : um contributo para a descoberta e a salvaguarda do património etnográfico insularPublication . Martins, Rui de Sousa[…]. Mas a evolução cultural e, nos últimos anos, a avassaladora implantação da sociedade de consumo, das suas práticas e da sua ideologia levou ao abandono e à morte de muitos valores da cultura tradicional açórica. O açoriano vai despindo a sua roupa cultural para a trocar por outra que não se adapta à sua pele nem à sua maneira de ser. O rico património tradicional com que se identificava morre e esquece. Os açorianos são progressivamente um povo sem memória, sacrificado a um tipo de desenvolvimento alienante. Parece-me que o progresso técnico que é real nos Açores não foi adaptado às características geográficas e culturais da região nem as respeita. Neste contexto os etnólogos podem e devem contribuir para o inventário, o estudo, a protecção e sobretudo para a dignificação dos aspectos da cultura tradicional que estão em vias de se perder. Devem consciencializar as pessoas para o valor do seu património tradicional e divulgá-lo a todos os níveis. No caso dos Açores, julgo que é urgente dar uma dimensão enraizadamente cultural a um processo de regionalização que tem sido sobretudo administrativo e político. […].