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- A relevância de Hannah Arendt para a Filosofia para Crianças: espaço público, juízo e açãoPublication . Silva, Laurinda Aguiar Jorge da; Silva, Rui Jorge Sampaio; Mendonça, Dina Serra da LuzPercorrendo alguns conceitos fundamentais da obra de Arendt, a dissertação pretende mostrar a sua relevância no domínio da Filosofia para Crianças (FpC), na sua conceptualização ou prática. Um desses conceitos é o de juízo que em Arendt tem uma inspiração kantiana e aristotélica reconhecendo-se a importância do bom julgamento para situações em que não podemos simplesmente seguir uma regra universal dada. No âmbito da política, por exemplo, essa boa capacidade de julgar é tudo a que podemos recorrer. Assim, defende-se que a FpC, através da Comunidade de Investigação Filosófica (CIF) em muito reforça a capacidade de julgar, sendo que julgar faz reunir capacidades lógicas puras, bem como uma escuta do contexto e do outro, para que se alcance aquilo que Lipman designou por razoabilidade. Uma vez que o bom julgamento decorre da discussão em CIF, perguntamo-nos se esta é - ou apenas prepara - para um espaço público e em que medida lhe dá condições de existir. Nele o ser humano, segundo Arendt, substancia o conceito de natalidade, a sua liberdade e a sua capacidade de agir. Apesar de Arendt discordar que a escola possa inserir-se na esfera pública e de a FpC mormente se realizar em escolas e âmbitos educativos, pensamos que a CIF prefigura um espaço público na sua atuação. Não é nem deve ser política, no sentido forte e constrangedor do termo, no sentido de instrumentalização e doutrinação, mas é-o num sentido fraco, pois proporciona um contexto plural, de publicidade e de discussão de ideias que visa preparar os alunos para a esfera pública. Ao identificar o conceito de liberdade com o de ação, Arendt fez-nos pensar que preservar o espaço público, onde a ação pode existir, é preservar a liberdade. Então, manter as condições para este espaço é cultivar a possibilidade da liberdade. O que nos pode mostrar que a FpC e o modo como se operacionaliza a CIF devem ter em conta as condições que sustentam a agência humana. Se a ação, como o juízo, é um dos conceitos centrais em Arendt, torna-se importante compreendê-la e a empatia ajudou-nos nisso. Além de permitir o descentramento, a transposição para o lugar dos outros e de poder funcionar como uma disposição para certas virtudes intelectuais, a empatia coloca o foco da CIF naquilo que tem de comunitário. Deste modo, equilibra o seu aspeto relacional e que deve estar mais presente nas nossas conceções de FpC e nas práticas do facilitador. Face a um enfoque na autonomia, que advém da definição de liberdade como livrearbítrio, a conceção de liberdade como ação e a observação de que a FpC e a CIF comportam pensamento multidimensional, o que inclui o pensamento de cuidado, é possível sublinhar que a FpC e a CIF promovem um espaço público tangível, onde a ação é possibilitada e desenvolvida.