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- Impacte da alga invasora Asparagopsis armata nas comunidades litorais dos AçoresPublication . Prestes, Afonso Costa Lucas; Neto, Ana Isabel de Melo Azevedo; Azevedo, José Manuel Viegas de Oliveira Neto; Cacabelos, Eva; Martins, Gustavo Oliveira de MenezesAs invasões biológicas ocorrem quando uma determinada espécie chega a um local fora de sua área natural de distribuição, expande‐se e passa a ser dominante, constituindo populações autossustentáveis. Quando a espécie ameaça a diversidade biológica do local onde se deu a sua chegada, diz‐se que se trata de uma espécie invasora. A taxa de sucesso da chegada e fixação de novas introduções está dependente de vários vetores, estando o aumento das invasões marinhas registado nas últimas décadas maioritariamente relacionado com o aumento do transporte comercial marítimo e a expansão da aquacultura marinha, actividades que têm contribuído sobremaneira para a transferência de espécies entre diferentes áreas e regiões geográficas. Os processos que facilitam ou inibem a taxa de sucesso das invasão marinhas, bem como a previsão do seu potencial impacte tanto ao nível ecológico, como comercial, são ainda pouco compreendidos. Não obstante, o aumento registado no número de espécies invasoras associado às alterações climáticas é apontado como uma das principais ameaças aos sistemas costeiros, com repercurssões difíceis de prever ao nível da estrutura e funcionamento das comunidades marinhas. Este estudo teve como objectivo investigar o potencial impacte da alga não nativa Asparagopsis armata nos Açores, prever processos de facilitem ou limitem a sua distribuição bem como prever o efeito expectável do aquecimento dos oceanos no seu metabolismo. Neste âmbito, desenvolveram‐se as seguintes tarefas: (1) avaliação das alterações ocorridas a longo prazo nas comunidades algais do litoral da ilha de São Miguel, comparando a estrutura atual com a de há vinte anos; (2) avaliação do potencial efeito das áreas marinhas protegidas nos padrões de distribuição da comunidade algal com enfoque nas espécies A. armata e A. taxiformis; (3) investigação do potencial efeito de macroherbívoros marinhos (ourços e peixes) na comunidade algal de pouca profundidade com enfoque na distribuição de A. armata; (4) comparação da fauna associada a A. armata, A. taxiformis e uma espécie nativa abundante nos Açores, Halopteris scoparia; e (5) avaliação da variação da produtividade e parâmetros fotossintéticos de Asparagopsis spp. e Falkenbergia sp. a diferentes temperaturas. A análise comparativa da estrutura das comunidades algais entre os dados históricos (≈20 anos) e os dados atuais revelou diferenças significativas e consistentes tanto ao nível da composição como da estrutura das comunidades algais, salientando‐se o decréscimo substancial e generalizado na abundância da maior parte dos grupos de algas, entre as quais A. armata. Foi detetado um efeito positivo das Áreas Marinhas Protegidas (AMP) na diversidade das comunidades algais, embora não se tenha registado qualquer efeito ao nível da alga invasora A. armata. O estudo da herbivoria na distribuição de A. armata foi limitado, tendo a experiência sido afetada pela existência de artefactos relacionados com a manipulação experimental que impossibilitaram uma clara interpretação dos resultados. A comparação do biota associado às três espécies de macroalgas examinadas revelou que a alga nativa H. scoparia suporta abundâncias inferiores, mas números de taxa maiores ou semelhantes aos associados às invasoras A. armata e A. taxiformis. Ou seja, H. scoparia revelou suportar uma maior densidade de espécies de macrofauna associada do que o género Asparagopsis. A resposta ao nível da produtividade e dos parâmetros fotossintéticos entre os três taxa testados (A. armata, A. taxiformis e Falkenbergia sp.) foi variável para as diferentes temperaturas testadas. De uma forma geral, os resultados revelaram a elevada adaptabilidade de A. taxiformis a variações no intervalo de temperaturas investigado.