Browsing by Author "Rego, Margarida Vaz do"
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- Contratos e contratadores régios : Açores - segunda metade do século XVIIIPublication . Rego, Margarida Vaz doA arrematação dos contratos régios era um dos principais sistemas de organização fiscal do Estado Português, de finais de Setecentos, levando à interpenetração dos dinheiros públicos com os privados. Na verdade, este sistema interessava a ambos. Ao primeiro permitia-lhe a garantia e eficácia da cobrança dos impostos, pois esta era delegada nos contratadores, cujo principal objectivo era maximizar os lucros e aumentar os rendimentos; isentava-o das suas responsabilidades perante os agentes de fiscalidade, diminuindo assim as despesas. Esta isenção era tão importante para o Estado que, por norma, ela era fixada nas primeiras claúsulas dos contratos sublinhando-se que: ”todos os contratadores e seus administradores deveriam cobrar os direitos, fazendo exaustivamente a arrecadação das dívidas dos mesmos após o fim do primeiro ano”. Permitia ainda estabilizar as expectativas de rendimento régio nos anos seguintes, introduzindo um mínimo de planificação orçamental (normalmente os contratos eram celebrados por prazos de 3, 6, 9 ou 12 anos). Quanto aos privados, o sistema dava-lhes a possibilidade de não só enriquecer, como ascender a uma elite comercial e muitas vezes à nobilitação. Os grandes contratos formavam pois, um poderoso mecanismo de acumulação e eram apontados como um meio fácil de enriquecimento e influência, aspecto não menos importante numa sociedade de privilégios como a que era a do Antigo Regime. Daí, ser usual, ouvirem-se comentários sobre os contratos régios como sendo infalíveis, exorbitantes, fabulosos, que com pouco trabalho se conseguiam grandes lucros, chegando mesmo alguns dirigentes, como por exemplo D. Rodrigo de Sousa Coutinho, a afirmarem que os “contratadores enriqueciam à custa do Estado”. [...]
- As ilhas das Flores e do Corvo na perspectiva de um negociante micaelense de setecentosPublication . Rego, Margarida Vaz doAo estudarmos a casa comercial de Nicolau Maria Raposo de Amaral, negociante de grosso trato da Praça de Ponta Delgada, entre os anos de 1769 a 1816, depararam-se-nos, entre numerosa correspondência, relevantes cartas destinadas a figuras que integravam o elenco governativo central. Uma delas, dirigida a D. Rodrigo Sousa Coutinho, Ministro e Secretário de Estado da Marinha e Domínios Ultramarinos, datada de 6 de Março de 1800, mereceu-nos particular atenção, devido a uma interessante descrição das ilhas Flores e Corvo, pois adianta-nos importantes informações sobre a economia florentina e corvina de finais de Setecentos, assim como representa mais um contributo para a compreensão da importância da Casa de Nicolau Maria Raposo, no incremento de inúmeras actividades inerentes à economia açoriana. [...]
- A literatura de viagens e os olhares femininos sobre os Açores setecentistas e oitocentistasPublication . Rego, Margarida Vaz doA expressão literatura de viagens abrange várias vertentes, que se filiam no género narrativo, próximo da crónica, da autobiografia, do diário, do relato científico, entre outros. Segundo Maria do Céu Fraga, «no fundo, exigimos destas obras apenas que o seu centro seja ocupado por uma viagem, isto é que o seu sentido se construa à volta da deslocação no espaço, quer seja narrada com pormenor, quer constitua apenas um pretexto para divagação do seu autor». Daí que a literatura de viagens não seja apenas um estudo literário, pois tem-se afirmado como uma preciosa fonte documental, não só para os historiadores, como também para a «descoberta do Outro e do nascimento do pensamento etnográfico, para a construção e reconstrução das geografias míticas e reais, do imaginário sociocultural de um dado autor ou de uma dada sociedade ou a génese de algumas utopias». Estas obras, que assumem um importante papel de testemunhas de uma época, resultantes da visão do outro (o visitante, o estrangeiro), tornam-se, pois, fontes importantíssimas para os historiadores, nomeadamente para os que estudam o espaço Atlântico e, em particular, para os estudos insulares. As ilhas levam de imediato a uma visão de viagem pois, nas épocas anteriores ao século XX, só podiam ser alcançadas por mar. O Europeu do século XVIII, o iluminista que pretende conhecer o mundo através da razão e da experiência, lança-se no Atlântico à procura dos segredos da natureza. A ciência é então baseada na experiência e as missões científicas ligam-se de forma direta ao traçado das rotas coloniais. […].
- Mar dos Açores, mar de Portugal, mar da Europa : aprofundar o passado para projectar o futuro : resumosPublication . Rego, Margarida Vaz do; Chaves, Duarte Nuno; Costa, Ricardo Manuel Madruga daDesde sempre o mar foi fundamental na definição da identidade e das fronteiras de Portugal e os Açores, por força do mar, foram sustentáculo da expansão de Portugal no Mundo, sendo igualmente o mar dos Açores um dos elementos determinantes da dimensão oceânica da União Europeia. Cientes desta importância e impelidos pelo repto lançado em 1982 pela convenção da Nações Unidas, que "todos os assuntos do mar estão interligados e devem ser tratados como um todo", o Centro de História d'Aquém e d'Além Mar da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e da Universidade dos Açores promove o Colóquio Internacional Mar dos Açores, Mar de Portugal e Mar da Europa. Aprofundar o passado e projetar o futuro, que assenta no cruzamento dos saberes da História com os demais contributos das ciências sociais, humanas, naturais e tecnológicas. Neste desafio o CHAM conta com importantes parcerias científicas e institucionais, nomeadamente o da Universidade de Pablo de Olavide (UPO), o do Governo Regional dos Açores, Secretaria Regional do Mar, Ciência e Tecnologia, assim como dos municípios da Ribeira Grande (CMRG) e Lagoa (CML). [da Nota de Apresentação]
- Mar e Terra : dualidade na economia micaelense nos finais de setecentosPublication . Rego, Margarida Vaz doPor definição, uma ilha é um bocado de terra rodeado de mar por todos os lados. Mar e Terra, dois espaços que se interpenetram e que não se podem isolar um do outro na vida das gentes açorianas. É verdade que a maioria dos habitantes das ilhas preferiu a terra, convertendo a agricultura na actividade económica dominante. Mas, também não deixa de ser verdade a sua dependência do cheiro da maresia e do revolto das suas águas, que se, por um lado, isolam, por outro, também permitem estabelecer elos de ligação com o resto do mundo. Esta dupla Mar e Terra esteve sempre presente na economia micaelense, nunca separadamente, mas sempre em interligação uma com a outra. A costa da ilha elevada e escarpada, cortada quase na vertical até ao mar, assim como os ventos ciclónicos que, por vezes, sopram o arquipélago afastaram as nossas gentes da pesca, tornando esta actividade muito elementar e pouco desenvolvida. Isto, apesar de alguns esforços individuais para a incrementarem, nomeadamente na segunda metade do século XVIII, quando um dos grandes comerciantes micaelenses, Nicolau Maria Raposo de Amaral, ao conseguir um contrato com a Secretaria dos Negócios Estrangeiros e Ultramar, para “prover os armazéns das reais fábricas de peixe salgado”, tentou desenvolver a pesca, cativando os pescadores com algumas ajudas monetárias e com outras melhorias técnicas, mandando mesmo buscar novos barcos. Também através de intervenções suas junto do Governo central, como testemunha uma carta endereçada a Martinho de Mello e Castro, denunciando a prática do Governo local de taxar o pescado, procedimento por vezes usado pelos almotacés dos Municípios, mas condenado pelo Governo central, o qual muito prejudicava os pescadores. A pesca, contudo, nunca foi considerada um elemento dinamizador da nossa economia. Pelo contrário, a agricultura foi desde os primórdios da ocupação a característica principal da ilha de S. Miguel. A alta fertilidade das suas terras levou a economia micaelense a não se confinar à auto-subsistência, aliando-se a produção para o mercado externo, abrindo assim a porta para um mercado mais vasto, tendo por via o mar. Foi assim desde sempre. Primeiro, com o trigo e o pastel, depois, com o linho, juntando-se a estes, nos finais de Setecentos, o milho e a laranja. Esta dialéctica Mar-Terra vai tomar grande acuidade na passagem do Iluminismo para o Liberalismo, pois é nela que os novos ideais de desenvolvimento económico mais se vão sentir. [...]
- O milho nos finais de setecentos na Ilha de S. MiguelPublication . Rego, Margarida Vaz do"O arquipélago dos Açores, desde o seu descobrimento apresentou-se aos Portugueses, como uma excelente área de experimentação para o cultivo das plantas de «civilização». Na verdade, os primeiros povoadores deparam-se com um terreno completamente virgem, que após as primeiras queimadas ultrapassa todas as expectativas - 60:1 moios de trigo, segundo Gaspar Frutuoso. Apesar desta produtividade não se ter mantido a este nível, os Açores e particularmente S. Miguel, continuaram com uma boa produção cerealífera, (segundo um cálculo de Francisco Borges da Silva a produção no século XVIII era 20:1) permitindo a sua exportação para o continente Europeu, arquipélago da Madeira e Praças do Norte de África. [...]"