Browsing by Author "Nascimento, Augusto"
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- A Liga dos Interesses Indígenas de S. Tomé e Príncipe (1910-1926)Publication . Nascimento, AugustoApesar da quase inexistente bibliografia e das escassas informações, patentes quase só nos jornais coevos, tentaremos neste texto reconstituir a trajectória da Liga dos Interesses Indígenas de S. Tomé e Príncipe, temporalmente quase coincidente com a República. Para isso destacaremos os objectivos, a representatividade e o dinamismo da Liga dos Interesses Indígenas (doravante LII) quer na colaboração, quer no confronto com autoridades e os europeus. [...]
- Notas sobre a valia política simbólica e económica dos movimentos migratórios em S. Tomé e PríncipePublication . Nascimento, AugustoOs estudos da época colonial sobre questões demográficas e movimentos migratórios foram influenciados pelas preocupações políticas e económicas dos poderes e interesses coloniais e, embora reflectindo as sucessivas políticas relativamente ao aproveitamento da mão-de-obra, nunca se demarcaram da “problemática” dessa mais-valia colonial. Foi quase sempre de uma perspectiva inspirada pela tutela política e administrativa colonial que se encararam os movimentos migratórios em S. Tomé e Príncipe, a espaços significativamente designados “correntes” migratórias. Mais recentemente, as transformações sociais e políticas no continente africano, de que uma das consequências é a pressão social agregada ao aumento demográfico, sugeriram o estudo de perfis demográficos e, em particular, de movimentos migratórios. Em S. Tomé e Príncipe, tais estudos não se encontram muito aprofundados. Vários deles espelham a convicção da importância das migrações na etnogénese do povo são-tomense. Noutros, algumas ideias sobre as migrações são ainda tributárias do modelo da atracção-repulsão. Ao peso da racionalidade económica inerente à decisão individual de emigrar, os estudiosos são-tomenses acrescentam, embora sem as aprofundar, as motivações políticas como razão para a emigração. Nesse sentido, as menções às emigrações comportam, conquanto implicitamente, uma avaliação da condução política e económica do país. Ainda com referência às diversas abordagens, assinale-se que também se procuram explicações na história do arquipélago para a postura dos são-tomenses face à emigração. [...]
- A passagem de coolies por S. Tomé e PríncipePublication . Nascimento, AugustoA faceta mais visível da recolonização do arquipélago de S. Tomé e Príncipe em Oitocentos foi, porventura, a construção das roças – nome local das plantações –, um processo sugerido pela crença na superioridade técnica e económica da agricultura europeia e, sobretudo, impulsionado por condições políticas propícias ao estabelecimento de plantações baseadas no recurso a mão-de-obra africana barateada. Com efeito, as condições políticas inerentes à arquitectura colonial induziam à equação da necessidade de mobilização de apreciável volume de força de trabalho socialmente disjunta do grupo dos proprietários e, em S. Tomé e Príncipe, dos próprios nativos, alguns deles igualmente proprietários e empregadores de mão-de-obra importada. A diferenciação social dos nativos constituía, de resto, um empecilho à sua sujeição a ritmos laborais comuns nas roças erguidas ao longo de Oitocentos. Aquele requisito básico das plantações pareceu posto em causa pelo processo abolicionista que, ao tempo, foi atravessando o mundo colonial. Contudo, em S. Tomé e Príncipe, após a crise braçal, derivada da emancipação dos libertos em 1875, e a contratação por alguns anos de africanos de territórios do golfo da Guiné, os roceiros voltaram-se, de novo, para Angola, donde, desde a década de 1860, tinham chegado braços para as culturas do café e do cacau em clara expansão desde meados de Oitocentos. Resgataram-se, novamente, indivíduos no hinterland, por vezes decerto para lá das actuais fronteiras de Angola. Esses sujeitos eram depois exportados através dos portos desta província para S. Tomé e Príncipe. Angola ou, dito de outro modo, o sertão africano tornou-se uma fonte fiável de abastecimento de mão-de-obra ao longo da década de 1880. A expansão das roças e a prosperidade do cacau, que sucedera ao café tornado menos rendoso, mormente devido à concorrência brasileira, requeriam cada vez maiores contingentes de mão-de-obra sobre a qual os roceiros pretendiam deter um arbítrio tão lato quanto possível e, dessa forma, modular as relações laborais. Ou seja, mesmo tendo de lutar com alguma escassez no tocante a braços, os roceiros preferiam apostar na importação dos designados angolas, sobre os quais lograriam construir um grande ascendente, a procurar outras soluções económicas e sociais. [...]
- O quotidiano dos Europeus nas roças de S. Tomé nas primeiras décadas de novecentosPublication . Nascimento, AugustoEm princípios deste século, sob o impulso do populismo imperial, em parte resultante da exaltação nacionalista em torno da disputa das colónias, do emergente associativismo de classe e, sobretudo, da pressão social resultante do afluxo de migrantes ao arquipélago, alargou-se a discussão sobre a presença de europeus em S. Tomé e Príncipe, até então restrita a estudiosos e governantes. Com crescente incidência na imprensa, o seu objecto passaria a ser o inalterado estatuto social de origem e mesmo a miséria de parte dos imigrantes europeus nas ilhas. Com as soluções políticas autoritárias na Europa, com o golpe do 28 de Maio em Portugal e a subsequente camuflagem de todas as questões sociais sob os paradigmas da vocação colonizadora, para os críticos da presença europeia em terras africanas, os critérios económicos reprovavam tal “sacrifício”, que para os apologistas constituía a prova insofismável da humanidade e do aventureirismo dos portugueses. Nos anos 30, já radicalmente alterado o ambiente político, celebrar-se-ia o estoicismo dos colonos cuja desdita não parecia senão fornecer o lema para as apologéticas lucubrações acerca da rija têmpera colonizadora. Tais eram, sucintamente, os parâmetros da discussão sobre a presença de europeus no arquipélago, não por acaso dito do `cacau’, expressão que em Lisboa se incorporara na linguagem como um significativo sinónimo de dinheiro que, todavia, não era para todos. Neste trabalho, abordaremos aspectos do quotidiano dos assalariados europeus nas roças. O estudo desse segmento populacional, em geral esquecido, afigura-se relevante, não apenas por, em benefício alheio, terem sido eles os executantes da colonização, mas, sobretudo, por lhes ter cabido emprestar credibilidade e conferir materialidade aos objectivos oficiais nas relações com os africanos e, em concreto, com os serviçais contratados noutras colónias para o trabalho nas roças. [...]
- Representações sociais e arbítrio nas roças : as primeiras levas de caboverdianos em S. Tomé e Príncipe nos primórdios de novecentosPublication . Nascimento, AugustoNa derradeira década de Oitocentos, S. Tomé e Príncipe confirmouse como um exemplo da prosperidade dos empreendimentos coloniais e, acreditava-se à época, da superioridade da agricultura europeia. Essa ventura baseava-se na monocultura do cacau, cuja produção ascensional se devia à fertilidade das terras florestais virgens desmatadas e trabalhadas de forma intensiva pelos crescentes contingentes de mão-de-obra resgatada no continente africano que não era repatriada. A implantação das roças alterara drasticamente a composição social e demográfica, as dinâmicas económicas e a correlação de forças nas ilhas. As roças beneficiavam da condição política e jurídica diferenciada da mão-de-obra, cuja prestação laboral estava legalmente regulamentada. Entre outras razões, devido à heterogeneidade social dos nativos e de europeus, a dicotomia racial não coincidia com uma clivagem social. A presença europeia aumentava em número e em importância desde meados de Oitocentos, mas o facto crucial tornara-se a hegemonia dos roceiros assente no êxito das roças e favorecida por um contemporizador poder político colonial interessado nos resultados económicos da agricultura de exportação. Assim, a condução das roças e a definição das relações sociais nas roças eram deixadas ao critério dos roceiros. Naturalmente, embora sem determinarem o conteúdo das relações sociais no seu exterior, as roças não deixavam de influenciar, mesmo se de forma esconsa, a evolução política nas ilhas. Mais até do que a ilha de S. Tomé, a ainda menor ilha do Príncipe era o exemplo acabado de uma colónia-plantação, quase tão só resumida ao labor e vida das roças. Ora, este quadro de prosperidade e o curso das relações nas roças conheceriam percalços nos alvores de Novecentos, desde logo pelas mudanças então operadas no recrutamento de braços. [...]