Browsing by Author "Bailote, Helga Gisela Bento Murracas"
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- Assessment of iodine intake and related cognitive function impairments in elementary schoolchildren from Terceira Island, Azores (Portugal)Publication . Bailote, Helga Gisela Bento Murracas; Rodrigues, Armindo dos Santos; Carvalho, Célia Maria de Oliveira Barreto Coimbra; Garcia, Patrícia VenturaO iodo é um oligoelemento imprescindível ao bom funcionamento do organismo, sendo obtido a partir do consumo de alimentos que o contenham. Dependendo da biodisponibilidade de iodo, a tiroide tem a capacidade de fazer o balanço deste para a produção de hormonas tiroideias, participando ao nível do funcionamento de diversas estruturas cerebrais, tais como o hipocampo, processos de mielinização e sistemas neurotransmissores. Porém, quando há um défice do aporte de iodo, o hipotiroidismo, bem como diversos comprometimentos a nível cerebral são as perturbações dominantes. Embora vários estudos tenham registado uma relação entre a exposição a baixos níveis de iodo e um baixo desempenho intelectual, nenhum estudo foi desenvolvido neste âmbito em Portugal, nomeadamente nos Açores, onde se verifica o pior cenário nacional de deficiência de iodo, com 78,4% das crianças em idade escolar a apresentar iodúrias <100 μg/L. Os objetivos deste estudo visam determinar em que medida o aporte de iodo tem implicações ao nível das funções cognitivas de crianças do 1º ciclo (7 a 11 anos; 3º e 4º ano de escolaridade), da Ilha Terceira, Arquipélago dos Açores (Portugal). As Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (MPCR) foram usadas para avaliação do QI no total da população [n=256; média da Concentração de Iodo Urinário (CIU) de 66.2 μg/L]. Por sua vez, a Wechsler Intelligence Scale for Children (WISC-III), foi aplicada em dois subgrupos divididos por iodúrias moderadamente baixas (n=30) e iodúrias adequadas (n=30). Verificou-se pouca sensibilidade por parte das MPCR para observar diferenças em todo o espectro amostral; por sua vez, a WISC-III demonstrou ser o instrumento privilegiado para avaliar a função cognitiva junto de crianças, em idade escolar, com aportes deficientes de iodo. Ao nível da escala completa, o subgrupo de iodúrias moderadamente baixas pontuou 15.13 valores inferiores ao resultado médio de QI do grupo de iodúrias adequadas, com um nível de significância de 0.013 e magnitude de efeito de 0.7. Diferenças estatisticamente significativas foram também encontradas em 6 das 13 escalas de QI Verbal e de Realização: informação, semelhanças, memória de dígitos, complemento de gravuras, disposição de gravuras e cubos. Estes resultados revelam uma predisposição de aporte de iodo moderadamente baixo para comprometimentos ao nível da função cognitiva, quer na eficiência intelectual geral (QI), quer em funções mentais superiores (atenção, memória e linguagem), que poderão estar na origem de dificuldades ao nível da aquisição de competências leitoras e de raciocínio lógico matemático, entre outras. Sendo a inteligência um forte determinante do rendimento escolar e do futuro destas crianças, urge priorizar medidas e apostar em ações concertadas de prevenção e eliminação do défice de iodo. Sendo este o primeiro estudo a documentar o impacto de um aporte moderadamente baixo de iodo no QI de crianças em idade escolar, com recurso à escala completa da WISC-III, no qual se demonstra que este instrumento é mais sensível que as MPCR, sugere-se que este tipo de metodologia seja utilizado em estudos para avaliação dos efeitos nas funções cognitivas, decorrentes do aporte de iodo em populações de crianças em idade escolar.