DBIO - Teses de Doutoramento / Doctoral Thesis
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Browsing DBIO - Teses de Doutoramento / Doctoral Thesis by Author "Coelho, Márcia Catarina Mendes"
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- Bryophytes from the Azorean native vegetation : their diversity and contribution to ecosystem servicesPublication . Coelho, Márcia Catarina Mendes; Gabriel, Rosalina Maria de Almeida; Ah-Peng, ClaudineOs briófitos são uma componente importante na diversidade de plantas, ocorrendo desde o litoral ao topo da montanha, e são especialmente conspícuos nas florestas açorianas. Essas plantas dependem muito da água disponível no habitat, a qual interceptam pela chuva, orvalho ou nevoeiro, e transportam externamente (capilaridade) e internamente (estruturas celulares). Neste sentido, os briófitos desempenham um papel importante na regulação dos fluxos de água nas florestas pela sua extraordinária capacidade de retenção de água. Contudo, este papel fundamental dos briófitos nos ecossistemas e as suas características fisiológicas não estão totalmente estudados nem quantificados. Este trabalho focou-se num estudo de diversidade e ecofisiologia de briófitos das ilhas Pico e Terceira (Açores, Portugal). Os principais objetivos são: (i) investigar a diversidade e padrão de distribuição das comunidades de briófitos da ilha do Pico, caracterizando os seus habitats nativos ao longo de um gradiente altitudinal (dos 10 aos 2200 m de altitude); (ii) quantificar a capacidade de 14 espécies, comuns da floresta nativa dos Açores, de reter água (interna- e externamente); e (iii) analisar in situ, durante 1 ano, o estado de hidratação das espécies selecionadas em 3 altitudes, na ilha Terceira. Uma metodologia padronizada (BRYOLAT) foi usada para determinar a distribuição de briófitos ao longo de um gradiente altitudinal (a cada 200 m) através de observações em plots de 100 m2. No total, 51 % (144) da riqueza de briófitos conhecida para a ilha foi alcançada. A distribuição, ao longo do gradiente altitudinal, apresentou um pico de riqueza aos 800 m (49 hepáticas e 23 musgos). Nesta faixa altitudinal são muito favoráveis as condições climáticas aumentando a complexidade da floresta (ótimos habitats para os briófitos). Novos locais foram registados para a ocorrência do musgo endémico raro Echinodium renauldii bem como um registo de uma espécie nova para os Açores, o musgo Antitrichia curtipendula (1600 m). A caracterização ecofisiológica envolveu seis hepáticas e oito musgos representando taxonomicamnente duas divisões e quatro classes. O conteúdo absoluto de água (AWC) foi determinado em ensaios experimentais através da saturação das amostras (peso saturado) e da sua completa desidratação (peso seco). A maioria das 14 espécies demonstraram preferencialmente um comportamento ectohídrico, mais de 60 % da água retida ocorre pela superfície da planta. A capacidade máxima de retenção de água variou de 646 % no Polytrichum commune, a 5584 % no Sphagnum subnitens. A perda de água por evaporação directa demonstrou, para a maioria das espécies, um declínio exponencial ao longo do tempo, onde no minuto 1 o máximo de água perdida foi exibido pela classe Bryopsida (espécie Thuidium tamariscinum: 12 %) e a taxa máxima de evaporação foi alcançada pela classe Sphagnopsida (0.84 g/min). O nível de hidratação das espécies em campo foi analisado através do FWC (conteúdo de água em campo) e do RWC (conteúdo de água relativo à capacidade máxima). Cinco réplicas por espécie foram colhidas no campo e medidas mensalmente ao longo de 4 estações. O FWC, nalgumas classes, aumentou com o gradiente altitudinal e sazonalmente nas estações mais húmidas (inverno e primavera). Perceber quanta água os briófitos nativos adquirem, retêm e libertam para os ecossistemas contribui para um melhor conhecimento da capacidade da vegetação nativa resistir a alterações, por exemplo climáticas, bem como os seus potenciais impactos sobre a disponibilidade e qualidade da água – importante serviço dos ecossistemas realizados pelas plantas.