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- Modelo de monitorização da regulação dos ecossistemas de montanha como instrumento de apoio à gestão sustentavél da floresta : o caso particular das Bacias de CabeceiraPublication . Ponte, Mauro José Zeferino; Dias, Eduardo Manuel FerreiraNo sentido de promover a dinamização e a proteção do património florestal, foi implementado pelo Governo dos Açores a certificação de um sistema de gestão dos Perímetros Florestais e Matas Regionais, com vista a garantir uma utilização sustentável dos recursos. Esta certificação encontra-se de acordo com os padrões do FSC® – Forest Stewardship Council®, nomeadamente, com adoção das 6 notáveis categorias incluídas no conceito Alto Valor de Conservação, compreendendo uma vasta quantidade de aspetos como, a biodiversidade, os serviços fornecidos pelos ecossistemas e os valores socioculturais. O setor florestal através desta estratégia pretende, por um lado, reforçar o incremento da produtividade dos solos e, simultaneamente, aumentar a reflorestação e a reabilitação dos ecossistemas naturais, prioridades essenciais, particularmente, pela necessidade existente de assegurar o papel regulador da floresta. Sendo assim, a Direção Regional dos Recursos Florestais idealiza um modelo de ordenamento que tem como fim adequar o uso do solo às capacidades e constrangimentos de cada estação. O tipo de povoamento florestal será alterado de forma gradual, através do estabelecimento de um conjunto de bosques e corredores ecológicos, com recurso à implementação de espécies vegetais endémicas e nativas, cuja principal função é a proteção do solo, dos recursos hídricos e a promoção da biodiversidade. Assim, este estudo tem como principal objetivo, a elaboração de um modelo de monitorização da regulação ecológica promovida pelos ecossistemas das zonas montanhosas dos Açores, como instrumento de apoio à gestão sustentável da floresta, particularmente, com recurso à análise e estabelecimento de indicadores estruturais e funções de regulação, tomando como referência o coberto vegetal típico das bacias de cabeceira mais naturais. Foram selecionadas um conjunto de 5 bacias de cabeceira com ocorrência no interior do perímetro florestal de São Miguel e da ilha Terceira. As bacias da ilha Terceira, consideradas como de referência, foram as que demonstram níveis de naturalidade superiores, comparativamente, às cabeceiras de São Miguel que se demonstraram caracteristicamente mais perturbadas. A análise multivariada para a classificação de grupos (Cluster), com recurso a dados resultantes da avaliação estratificada da cobertura vegetal, foi capaz de revelar a existência de dois grupos uniformemente separados, mostrando que existem diferenças significativas entre a estrutura da vegetação das bacias de referência e aquelas constituídas por estados de perturbação superiores. Em termos de indicadores ripários de sustentabilidade ecológica, as bacias de cabeceira de referência, são as que mais componentes estruturais ripícolas dispõem, sobretudo, quando comparadas com as bacias caraterizadas por níveis inferiores de naturalidade. Torna-se evidente que à medida que a naturalidade vai diminuído, a frequência destes indicadores vai-se tornando cada vez mais escassa, portanto, a ocorrência desses elementos ripários acaba, aparentemente, por refletir a presença de um gradiente que evolui em função do estado de conservação da cabeceira. As bacias de cabeceira em melhor estado de conservação também são as que produzem maiores concentrações de espécies consideradas como altos valores de conservação (Categoria 1), nomeadamente, com valores de riqueza específica (Margalef) e diversidade (Shannon) florística superiores. No mesmo sentido, cabeceiras notoriamente mais naturais são as que congregam maior extensão de habitats protegidos pela Diretiva Habitats. Através da determinação de indicadores relativos às funções de regulação ecológica exercidas (Categoria AVC 3), em particular, por meio de ensaios laboratoriais afetos a determinados comportamentos da água no substrato orgânico (altura do substrato; percentagem de MO total; capacidade de retenção de água intersticial e gravitacional; velocidade de percolação e capacidade temporal de retenção), foi possível desenvolver a noção de que as bacias de referência se destacam fortemente das cabeceiras mais perturbadas. Portanto, em termos médios, verifica-se que os sistemas em melhor estado de conservação são as desempenham melhor as funções de regulação. Neste trabalho, são propostos 5 modelos de uma bacia padronizada de referência, como um meio para se alcançar o formato de ordenamento mais adequado à ocupação vegetal em sistemas florestais e, por conseguinte, torná-las mais eficientes num contexto de produção. Em suma, é possível munir os gestores com indicadores viáveis e mensuráveis, de modo a que as decisões tomadas sejam as mais ajustadas às particularidades ecológicas de cada estação, quer na gestão das zonas mais naturais, como também, no manejo de sistemas culturais de produção. Assim, torna-se possível garantir a proteção dos elementos naturais e produtivos, nomeadamente, com recurso ao suporte ecológico fornecido pela estrutura da vegetação e, simultaneamente, pelos processos de regulação que se encontram baseados na atual realidade dos ecossistemas típicos das bacias de cabeceira mais naturais.