Browsing by Author "Serpa, Ana Isabel Câmara"
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- Determinação do efeito de sombreamento artificial através de respostas fisiológicas em bovinos na estação quente açorianaPublication . Serpa, Ana Isabel Câmara; Souto, Luís Filipe Martins Amaro RamadaNos Açores, os bovinos são mantidos em regime de pastoreio ao longo de todo o ano. Nestas condições, os animais estão sujeitos à ação direta do clima, com potenciais reflexos na produtividade, no conforto térmico e bem-estar animal. O presente trabalho decorreu em 2 épocas do ano com diferentes condições climáticas: na estação amena (meses de abril e maio de 2010 e 2011), e na estação quente (meses de julho e agosto de 2010 e mês de julho de 2011). O objetivo do estudo foi determinar o efeito de sombreamento artificial em bovinos nas condições climáticas açorianas na estação quente, considerando as respostas na taxa de respiração, na temperatura retal e na concentração de cortisol plasmático. E estimar o balanço térmico e a taxa de respiração dos animais. Na raça Holstein, os animais ao Sol na estação quente registaram uma maior correlação entre a taxa de respiração e a temperatura do ar (r = 0,69), com um aumento de 4,53 mr min.-1 por 1 °C. O THI obteve a correlação maior (r = 0,68), com um aumento de 3,61 mr min.-1 por unidade. Nos animais à sombra registaram-se correlações negativas fracas com os parâmetros climáticos e com o THI e o BGHI. Na raça Aberdeen-Angus, os animais ao Sol na estação quente e amena registaram, com as temperaturas do ar e do globo negro, igual correlação com a taxa de respiração (r = 0,85). O aumento de 1 °C da temperatura do ar desencadeou o maior aumento na taxa de respiração (2,21 mr min.-1). O THI (r = 0,86) obteve uma correlação semelhante à do BGHI (r = 0,87), bem como o incremento da taxa de respiração (1,76 mr min.-1 vs. 1,45 mr min.-1, respetivamente). Na estação quente, o THI (r = 0,42), registou o maior aumento na taxa de respiração (2,22 mr min.-1). Nos animais à sombra, verificou-se uma correlação negativa fraca com a temperatura do ar (r = -0,23) com o THI (r = -0,057), a qual foi quase nula. A temperatura do globo negro (r = 0,29) e o BGHI (r = 0,35) obtiveram correlações positivas fracas com a taxa de respiração. Na raça Limousine, nos animais ao Sol na estação quente e amena, a taxa de respiração obteve a maior correlação com a temperatura do globo negro (r = 0,63). Porém, o maior aumento na taxa de respiração (2,53 mr min.-1) verificou-se com a temperatura do ar (r = 0,33). O THI (r = 0,66) e o BGHI (r = 0,64) obtiveram correlações semelhantes. Na estação quente, o THI (r = 0,23) causou o maior incremento na taxa de respiração (1,24 mr min.-1). Nos animais à sombra registaram-se correlações iguais (r = -0,56) com a temperatura do ar e com o THI. Não houve correlação entre a temperatura do globo negro e a taxa de respiração, e com o BGHI a correlação foi positiva fraca (r = 0,19), com uma variação impercetível na taxa de respiração. Obtiveram-se diferenças altamente significativas (p < 0,001) entre a taxa de respiração dos animais ao Sol e à sombra na estação quente para as 3 raças em estudo. Isto permitiu concluir que o sombreamento teve um efeito positivo no conforto térmico dos animais. Na raça Holstein, os animais ao Sol na estação quente registaram uma maior correlação entre a temperatura retal e a temperatura do ar (r = 0,77), com um aumento de 0,1°C por 1 °C deste parâmetro climático. O THI (r = 0,69) e o BGHI (r = 0,7) apresentaram correlações semelhantes, mas o aumento da temperatura retal por unidade de THI foi superior (0,08 °C). Nos animais à sombra, a temperatura retal apresentou correlações positivas fracas com os parâmetros climáticos e índices de conforto térmico, exceto com o THI (r = 0,5). Na raça Aberdeen-Angus, nos animais ao Sol na estação quente e amena, não se verificaram correlações entre a temperatura retal e os parâmetros climáticos nem com o THI ou o BGHI. Nos animais à sombra, a temperatura retal apresentou correlações negativas fracas com a temperatura do ar (r = -0,23) e o com o THI (r = -0,21); com a temperatura do globo negro (r = 0,22) e com o BGHI (r = 0,21) registaram-se correlações positivas fracas. As variações registadas na temperatura retal dos animais à sombra não foram percetíveis. Na raça Limousine, nos animais ao Sol na estação quente e amena, a temperatura do globo negro obteve a maior correlação (r = 0,73) com a temperatura retal, mas foi com a temperatura do ar (r = 0,66) que registou o maior aumento (0,1 °C). O BGHI registou a maior correlação (r = 0,73) e o THI (r = 0,68) o maior incremento na temperatura retal (0,08 °C) por unidade. Nos animais à sombra, a temperatura retal apresentou correlações positivas fortes com a temperatura do ar (r = 0,84) e o com o THI (r = 0,83). Com a temperatura do globo negro (r = -0,86) e BGHI (r = -0,97) verificaram-se correlações negativas fortes. Registaram-se diferenças significativas (p < 0,05) entre a temperatura retal dos animais ao Sol e à sombra na estação quente apenas para a raça Holstein. Não se verificaram diferenças significativas (p > 0,05) entre a concentração de cortisol plasmático dos animais ao Sol e à sombra na estação quente nas 3 raças em estudo. Conclui-se que as condições climáticas registadas não se refletiram sobre a concentração desta hormona. O balanço térmico estimado foi semelhante para os animais ao Sol das 3 raças, onde as maiores perdas por calor sensível se verificaram nas primeiras horas, quando o gradiente térmico foi maior. As perdas por via latente, nomeadamente as perdas de calor por evaporação no trato respiratório atingiram o seu valor mais alto, sempre que a temperatura do ar e os ganhos de calor por radiação solar verificaram os seus máximos. As taxas de respiração também acompanharam estes 2 parâmetros ambientais. Nos animais à sombra, e também para as 3 raças, o modelo não apresentou resultados consistentes com os valores observados. Assim, não foi possível efetuar a comparação do balanço térmico e da taxa de respiração entre os animais ao Sol e os animais à sombra. De forma geral, concluiu-se que o sombreamento artificial teve um efeito sobre as respostas fisiológicas dos animais das raças em estudo, em particular na taxa de respiração e na temperatura retal. Nas raças em que foram registadas ligeiras variações na temperatura retal, o efeito no balanço térmico foi irrelevante, em função das condições de ambiente térmico que ocorreram durante o período experimental.
