Browsing by Author "Riley, Carlos Guilherme"
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- Açorianos na caça às focasPublication . Riley, Carlos Guilherme; Barreiros, João P.Conhecidos pela sua destreza como arpoadores, alguns dos açorianos que integravam as tripulações das frotas baleeiras americanas estiveram também envolvidas na caça às focas, como destaca o historiador Donald Warrin num interessante estudo publicado recentemente – The Whalemen’s other bounty: Azoreans and Cape Verdeans in the hunt for Seals (2015). A caça às focas, profundamente impregnada no quotidiano e cultura do povo Inuit que habita as regiões árticas, foi uma atividade também praticada pelos baleeiros americanos que depois vendiam as peles ou o óleo extraído deste mamífero aquático. […].
- Os antigos modernos : o liberalismo nos Açores : uma abordagem geracionalPublication . Riley, Carlos Guilherme; Pires, António Machado; Ramos, Luís A. de Oliveira[…]. Jacques Le Goff, na entrada que redigiu sobre este tema para o 1º volume da Enciclopédia Einaudi, diz-nos o seguinte: O par antigo/moderno (…) durante o período pré-industrial, do século V ao XIX, marcou o ritmo de uma oposição cultural que, no fim da Idade Média e durante as Luzes, irrompeu na ribalta da cena intelectual. Conforme é seu timbre, dele e da chamada historiografia pós-moderna, Le Goff sublinha a ambiguidade e o relativismo histórico destes dois conceitos, debitando os exemplos clássicos do Renascimento – cuja modernidade passa pelo culto da Antiguidade – e do Romantismo, onde a rejeição dos tempos modernos se exprime pela valorização das tradições folclóricas e medievais. Dito de outro modo, antigo e moderno não são categorias com valor universal e absoluto, dependendo o seu significado do quadro histórico em que as analisamos. No caso da presente dissertação e sem prejuízo do seu carácter monográfico, o pano de fundo sobre o qual decorrem os acontecimentos é o da transição das Luzes para o Liberalismo ou, se preferirmos a linguagem cronológica, é o de um compasso com 60 anos de raio, da década de 1770 à de 1830. Ora, atendendo ao perímetro do campo de análise, há que manusear os conceitos de antigo e moderno com particular cautela, pois se é verdade que este arco cronológico, na perspectiva histórica do Ocidente, corresponde indiscutivelmente à Era das Revoluções e à passagem do Antigo Regime para a sociedade moderna, também não deixa de ser certo que, na perspectiva da História de Portugal e, mais restritamente, na da História dos Açores, este mesmo período representa um processo de viragem bem menos linear, pois o arquipélago experimentou não uma, mas duas experiências revolucionárias entre 1766 e 1832: a reforma pombalina (e centralizadora) do Governo dos Açores e a fragmentação política das ilhas por ocasião das marés Liberais das décadas de 1820 e 1830. Para acrescentar mais alguma densidade à questão e dissipar aquela ideia – tão afiada quanto a guilhotina – de que é a Revolução Liberal que faz rolar a cabeça do Ancien Régime em Portugal, recorde-se como os Republicanos celebraram no 1º centenário da morte do Marquês de Pombal a memória deste símbolo do Despotismo Iluminado como sendo o primeiro dos modernos portugueses. A atribuição de tal adjectivo a Sebastião José de Carvalho e Melo ainda faz mais sentido quando focamos o nosso olhar sobre os Açores, já que as reformas administrativas por ele operadas no arquipélago representaram – muito embora dentro da moldura institucional do Antigo Regime – a primeira experiência política moderna jamais ensaiada nestas ilhas desde o seu povoamento. Dir-se-ia, portanto, que Pombal é ao mesmo tempo uma coisa e o seu contrário, configurando um oxímoro político e cultural particularmente adequado ao tipo de abordagem aqui ensaiada em torno do par antigo/moderno pois, ao contrário de Le Goff, acreditamos que ela pode (e deve) ser feita no pressuposto de que estes dois conceitos não são necessariamente opostos. Colocando a tónica nas reformas pombalinas e delas partindo para a abordagem do Liberalismo nos Açores, procurámos ir contra aquela visão segmentada do passado que tem por hábito arrumá-lo em gavetas, período a período, como se os grandes terramotos da vida política que dividem o antigo regime e a modernidade liberal ou, noutra variante do vocabulário académico, a História Moderna e a História Contemporânea, fossem uma espécie de cronologia meridiana de Greenwich que regula o discurso historiográfico europeu. Se nos é permitida uma metáfora geográfica, o último quartel do século XVIII em Portugal e, muito particularmente, nos Açores, é como um rio a atravessar determinado território. Há quem nele veja a marca separadora entre duas províncias, concelhos, ou freguesias, e há quem o olhe como factor inclusivo de união entre as duas margens. Ora, tal como a geografia administrativa diverge da geografia humana na análise do mesmo objecto, também no campo historiográfico existem abordagens diferentes do processo de transição do absolutismo para o liberalismo, isto é, do antigo para o moderno. No caso vertente, aquela que adoptamos situa-se na esteira de uma tradição historiográfica inaugurada por José de Arriaga no século XIX e, nesse sentido, não apresenta qualquer ponta de originalidade, embora não se trate tanto aqui de escolher modelos historiográficos prêt à porter, mas sim de explicar as razões que nos levaram a segui-lo. A primeira delas foi a forma como o modelo se prestava muito naturalmente à abordagem geracional deste período de transição e, além disso, pareceu-nos interessante assumir uma grelha de leitura – geracional – que desde os tempos de Oliveira Martins e da geração de 70 enforma a percepção colectiva da nossa contemporaneidade e, mais ainda, que marca a própria separação meridiana entre o antigo e o moderno em Portugal. Outra das razões que nos levou a abraçar este modelo prende-se com o facto dele estar em contratempo com uma certa tradição historiográfica açoriana que, desde os tempos do Liberalismo, cavou uma trincheira muito funda entre o século XVIII e o século XIX, isto para não falar do enorme silêncio que pairava sobre a sociedade setecentista insular até ao último terço do século passado, desfeito a partir do trabalho pioneiro de José Guilherme Reis Leite e depois prosseguido, já no quadro institucional da Universidade dos Açores, pela investigação aprofundada de Avelino de Freitas de Meneses sobre o meio-dia do século XVIII nos Açores. Apesar do grande mérito desses trabalhos e também do contributo de José Damião Rodrigues para o conhecimento da ilha de S. Miguel na centúria de setecentos, julgamos persistir no campo historiográfico açoriano uma fronteira a separar os séculos XVIII e XIX, fronteira essa recentemente esbatida, é certo, pelo trabalho de Ricardo Manuel Madruga da Costa sobre Os Açores em finais do regime de Capitania-Geral (1800-1820), mas ainda assim tacitamente presente na sua própria moldura cronológica, o mesmo se podendo dizer da investigação de Maria Fernanda Teixeira Enes sobre O Liberalismo nos Açores, cujas coordenadas de estudo se situaram entre 1800 e 1832. Dito isto, não presumimos ocupar com a presente dissertação um hiato – se é que ele existe – na historiografia açoriana, mas, por outro lado, estamos conscientes dela representar uma abordagem do Liberalismo que, embora consagrada há muito pela velha historiografia republicana, tem estado ausente das investigações feitas entre nós neste último quarto de século, facto tanto mais notável quanto a periodização histórica açoriana até oferece uma moldura política e administrativa – a do regime da Capitania-Geral – particularmente convidativa para esse tipo de enquadramento. [da Introdução]
- Da origem inglesa dos Almadas : genealogia de uma ficção linhagística.Publication . Riley, Carlos Guilherme"Em 1641, logo após a Restauração, D. Antão de Almada é enviado por D. João IV como chefe de uma embaixada ao Rei de Inglaterra e, na carta a este dirigida, o monarca português frisa que «me pareceo enviar a V. Mgde. por meus embaixadores a D. Antão de Almada do meu concelho que tem origem da antígua nobreza de Inglaterra». Por meados do século XVII já se via assim consagrado, e pela boca do fundador da dinastia de Bragança, um dos aspectos mais prezados da memória linhagística dos Almadas: a origem inglesa da família. Situação a diversos títulos peculiar porque, primeiro, é o próprio rei português a corroborar a componente imaginária que molda o mito fundacional dos Almadas e, segundo, porque esse aspecto particular da sua tradição linhagística era, à altura, de uma extrema modernidade. […]".
- Um discípulo açoriano de Mahan : Alfredo Botelho de Sousa : subsídios para o estudo da sua vida e obraPublication . Riley, Carlos GuilhermePareceu-me oportuno trazer aqui alguns subsídios para o estudo de um açoriano natural da ilha de S. Miguel, Alfredo Botelho de Sousa, cuja notoriedade no capítulo da História Militar portuguesa na primeira metade do século XX - quer pelo protagonismo político e militar desempenhado nas duas Grandes Guerras Mundiais, quer pelo labor historiográfico no domínio dos conflitos navais portugueses dos séculos XVI-XVII -, justifica sem dúvida a sua presença, enquanto objecto de estudo, no âmbito do presente Colóquio. Nascido na freguesia da Bretanha em 1880, Alfredo Botelho de Sousa passa a infância nas Capelas, sua terra adoptiva, após o que vem para Ponta Delgada onde frequenta o curso liceal, que completa em 1896. Parte da ilha de S. Miguel para ingressar na Escola Politécnica em Lisboa, donde transita em 1898 para a Escola Naval, dando aí entrada a 20 de Outubro como Aspirante de Marinha. [...]
- A emigração açoriana para o Brasil no século XIX : braçais e intelectuaisPublication . Riley, Carlos GuilhermeNo contexto das relações luso-brasileiras, quantas vezes ambiguamente separadas/unidas por esse grande oceano que alguém já teve a felicidade de chamar Rio Atlântico, é importante (e clarificador) deixar bem vincada a certidão de nascimento do nosso discurso, isto é, dizer de qual das margens desse rio nos encontramos a falar. No caso vertente, não me situo em nenhuma delas, pois vivo e trabalho há bastantes anos nos Açores, arquipélago oceânico português localizado, precisamente, quase a meio do Atlântico numa posição intercontinental que lhe conferiu sempre, sobretudo nos séculos que precederam o advento da navegação a vapor, uma centralidade muito peculiar no quadro das trocas entre o Velho e o Novo Mundo. Um geógrafo francês, Aubert de La Rue, definiu os Açores como archipel carrefour, expressão que resume de forma luminosa a função de placa rotativa desempenhada por este grupo de ilhas ao longo do processo expansionista português. Fosse à partida, como sucedeu na transição dos séculos XV-XVI com as expedições para a terra do bacalhau, fosse à chegada, caso da escala atlântica que nestas paragens se consolida da segunda metade do século XVI em diante, os Açores sempre foram um nó górdio das diferentes malhas que o império ultramarino português ia tecendo. Assim, nos séculos XVII-XVIII, quando ao ciclo da pimenta e da Índia se sucede o do açúcar e ouro do Brasil, as ilhas açorianas (que Magalhães Godinho qualifica de ponto de encontro de todos os regressos) interpõem-se de forma cada vez mais frequente nas rotas entre as terras de Vera Cruz e Portugal. [...]
- Garrett de passagem por São Miguel : marcas e viagens do romantismo ilhéuPublication . Riley, Carlos GuilhermePerante tão eminentes especialistas dos estudos garrettianos, dita-me o bom senso que não fale muito de Almeida Garrett. Mas, por outro lado, manda a boa educação que não ignore aquele que hoje aqui homenageamos. Face a este dilema resolvi falar da sua passagem pela ilha de S. Miguel que, como é sabido, foi breve e poucas páginas ocupa nas biografias que lhe são dedicadas, para depois me deter com mais vagar sobre algumas manifestações locais dessa cultura romântica de que o autor das Viagens é o porta-estandarte nacional. [...]
- As ilhas e a abertura da fronteira oceânicaPublication . Riley, Carlos Guilherme[...]. O Objectivo desta comunicação é o de chamar a atenção para o processo histórico que se encontra subjacente ao descobrimento da América, e não deixa de ser irónico que este evento, habitualmente considerado pela historiografia ocidental como aquele que assinala o início da Idade Moderna seja afinal, produto de uma herança cultural da Antiguidade Clássica, largamente difundida no decurso da Idade Média. Estamos, assim, perante o aparente paradoxo de ter sido a tradição que gerou a modernidade. [...]
- In Memoriam : Alberto Vieira (1956-2019)Publication . Meneses, Avelino de Freitas de; Riley, Carlos Guilherme; Lalanda, Margarida Sá Nogueira
- Informação, espaço e poder : um relatório enviado ao regente D. Pedro (circa 1441)Publication . Riley, Carlos GuilhermeHá cerca de seis anos, num colóquio realizado em Lisboa, o hispanista inglês Harold Livermore apresentou uma comunicação em que pela primeira vez tornava público parte do documento cujo estudo hoje aqui retomo. Trata-se da "Copia antiga de uma carta que ao Infante D. Pedro, Duque de Coimbra, mandou o Conde de Abranches estando em Castela". [...]
- José do Canto : retrato de um cavalheiro na primavera da vidaPublication . Riley, Carlos Guilherme[...] O carácter multiforme de José do Canto, que se desdobra como que heteronímicamente por diferentes interesses ao longo da vida, já foi posto em evidência por muitos autores, designadamente aqueles que logo após a sua morte, em 1898, publicam na imprensa local linhas de homenagem que ultrapassam em muito o mero obituário elegíaco, assumindo-se desde logo como subsídios históricos para a biografia do falecido. Estão neste caso as extensas notas que sobre ele escrevem Eugenio Vaz Pacheco de Castro e Augusto Loureiro, ambos de gerações mais jovens6, mas ligados ao biografado por laços de parentesco e privança pessoal, sendo igualmente de destacar, embora num plano mais impessoal e sumário, as linhas que lhe dedica o inevitável Francisco Maria Supico, figura já então patriarcal do jornalismo e das letras micaelenses. O meu propósito não será o de aprofundar, cem anos depois, o retrato à vol d’oiseau que estes três autores então nos deixaram de José do Canto. Tal empresa já foi cumprida pelo Dr. Fernando Aires com o seu estudo publicado em 1982. O âmbito desta palestra, bem mais restrito, circunscreve-se cronologicamente ao período de 1820-1850 e procurará analisar José do Canto até aos 30 anos de idade, pelo que a intitulei de retrato de um cavalheiro na primavera da vida. [...]