Browsing by Author "Lima, Ana Patrícia do Rego"
Now showing 1 - 1 of 1
Results Per Page
Sort Options
- Hypercysteinemia as a potencial risk factor for coronary artery disease in Azores archipelago, PortugalPublication . Lima, Ana Patrícia do Rego; Medeiros, Maria Leonor Pereira de Almeida Pavão Sequeira; Batista, José António BettencourtNos Açores, a taxa de mortalidade padronizada por doença arterial coronária (CAD) é cerca do dobro da de Portugal continental. Para além dos factores de risco tradicionais, impõe-se a investigação de outros factores, no sentido de clarificar a fisiopatologia das doenças ateroscleróticas e, consequentemente, as diferenças acima referidas entre as duas regiões portuguesas. Os aminotióis, como a homocisteína (Hcy), a cisteína (Cys), a cisteinil-glicina (Cys-Gly) e o glutationo (GSH), quando presentes em concentrações alteradas, são marcadores indirectos de stresse oxidativo, o qual, por sua vez, desempenha um papel fundamental na génese e progressão da aterosclerose. São por isso encarados com muito interesse na predição de CAD. Avaliou-se a prevalência dos factores de risco tradicionais, bem como o perfil aminotiólico plasmático em indivíduos saudáveis das cidades de Ponta Delgada (PDL) e de Lisboa, com o objectivo de encontrar biomarcador(es) precoce(s) da doença. Foram também determinadas as concentrações dos aminotióis no plasma e no eritrócito, assim como vários parâmetros redox, em 174 indivíduos açorianos de alto risco (e preventivamente medicados) com e sem CAD, tal como documentado por angiografia coronária, a fim de se encontrar preditores bioquímicos de CAD e da sua severidade. No estudo transversal que envolve indivíduos saudáveis, não se encontraram diferenças entre os grupos de estudo (PDL vs. Lisboa) relativamente à prevalência dos factores de risco convencionais, com a excepção da obesidade central e da inactividade física, ambas mais prevalentes nos homens de PDL. A hipercisteinémia (que se sugere resultar de dietas ricas em aminoácidos com enxofre e/ou de uma deficiente absorção da vitamina B12) revelou ser significativamente mais prevalente nos indivíduos de PDL vs. Lisboa (18% vs. 4%, P=0,001), nomeadamente no sexo masculino. Além disso, os níveis plasmáticos de Cys mostraram predizer os do perímetro abdominal (coeficiente β = 0,102, P=0,032) e a inerente obesidade central, estando também associados a resistência à insulina. Contudo, a prevalência da hiper-homocisteinémia foi semelhante nos dois grupos de estudo, apesar de a frequência de deficiência em vitamina B12 ter sido maior nos indivíduos de PDL do que nos de Lisboa (19% vs. 6%, P=0,003). No estudo caso-controlo, cerca de três-quartos dos doentes com CAD eram homens. Na análise de regressão multivariada, a hipercisteinémia (≥ 286μM – 4º quartil) revelou ser um preditor independente de CAD (ao nível das prevenções primária e secundária) em indivíduos de alto risco referenciados para angiografia coronária, correspondente a um risco 3 vezes superior de contrair a doença (OR [95% IC] = 2,97 [1,34-6,59], P=0,007). Uma vez mais, a hiper-homocisteinémia não evidenciou ser um factor de risco relevante de CAD no arquipélago dos Açores. O nível plasmático de cobre, que se mostrou fortemente associado à fase aguda da inflamação, também evidenciou capacidade preditiva de CAD na prevenção primária, mas não na prevenção secundária. Dada a natureza de ambos os estudos, não foi possível estabelecer uma relação directa de causa-efeito entre os níveis plasmáticos de Cys e a obesidade central, ou o risco de CAD. Contudo, os resultados encontrados sugerem fortemente que a hipercisteinémia é um factor de risco potencial para as doenças metabólicas e para a CAD no arquipélago dos Açores, uma hipótese que urge ser confirmada em futuros estudos prospectivos de maior dimensão.