Browsing by Author "Azevedo, Elisabete Nunes"
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- O barbado da Terceira : estudo comportamentalPublication . Azevedo, Elisabete Nunes; Vouzela, Carlos Fernando Mimoso; Rosa, Henrique José DuarteO cão Barbado da Terceira constitui uma população canina autóctone dos Açores, mais particularmente, da ilha Terceira, especialmente utilizado na condução de gado bovino existente na ilha, com especial destaque para o gado bravo, guarda de bens e propriedades e, mais recentemente, como cão de companhia. Este trabalho teve como objectivo determinar alguns traços da personalidade do cão Barbado da Terceira, nomeadamente a sociabilidade, coragem, vinculação, comportamento de procura de atenção, focalização no treino, sensibilidade ao toque, comportamento predatório, interesse na brincadeira, actividade e excitabilidade. Foi também intenção deste estudo verificar a propensão destes cães para o desenvolvimento de alguns problemas comportamentais sociais, sensoriais e neurais, comunicativos, alimentares, eliminativos e outros. Para avaliar os traços de personalidade e propensão para o desenvolvimento das patologias comportamentais foram realizados dois inquéritos comportamentais a proprietários de 67 cães Barbados (38 machos e 29 fêmeas), com mais de um ano de idade e inscritos na Associação Açoriana dos Criadores dos Cães Barbados da Ilha Terceira (AACCBIT). Primeiro efectuou-se o inquérito informativo sobre o canídeo, que fornecia informações relativas à identificação dos animais, vivência, higiene e estado sanitário e depois o Canine Behavioral Assessment and Research Questionnaire (C-BARQ) composto por 101 questões, subdivididas em várias secções que abordavam situações variadas. Para além dos inquéritos, realizou-se um ensaio comportamental composto por 16 subtestes e 47 variáveis comportamentais, em 24 cães (11 machos e 13 fêmeas), durante 10 dias nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro de 2011. Todos os animais foram sujeitos ao mesmo teste comportamental, duas vezes no mesmo local, desfasados de um mês, com a mesma ordem e com a mesma equipa de trabalho, colaboradores e avaliador, de forma a uniformizar as condições de trabalho. Enquanto os inquéritos forneceram informações disponibilizadas pelos donos acerca do dia-a-dia do Barbado e como este reage em determinadas situações, o ensaio permitiu observar o seu comportamento perante estímulos específicos. Os resultados apontaram para uma maior propensão na aquisição do cão Barbado como animal de companhia em detrimento da função de pastoreio, para o qual fora originalmente seleccionado. Os cães Barbados da amostra eram, no geral, animais estáveis, sociáveis, capazes de estabelecer boas relações com pessoas estranhas e outros animais. As excepções surgiram essencialmente quando o cão sentia o seu território ou a sua posição hierárquica ameaçada, reagindo, por isso, de forma agressiva. Quanto à coragem em contextos não sociais, verificou-se serem animais pouco medrosos, no entanto, com alguma dificuldade em abordar rapidamente a fonte do barulho sem apoio do dono. São cães que estabelecem um vínculo forte com um determinado membro da família e não exigem constante atenção. Não evidenciaram um comportamento predatório muito elevado nem um grande interesse em brincar com objectos, possivelmente por os estímulos não terem sido os mais adequados e o número de questões ser insuficiente para determinar esses traços. Demonstraram ser cães obedientes, activos, que se deixavam manipular apesar de sentirem algum stress e não propensos a manifestar a maior parte das patologias comportamentais, com excepção de alguma agressividade motivada por contextos de dominância quando se sentiam ameaçados. Não foram encontradas grandes diferenças estatisticamente significativas, entre géneros, na maioria das variáveis comportamentais estudadas. Não foi identificada uma grande confiabilidade teste-repetição para a maioria das variáveis comportamentais, nem foi possível validar estatisticamente o inquérito com o ensaio comportamental, conforme pretendido inicialmente. No entanto, foram detectadas algumas correlações significativas entre determinadas questões do inquérito C-BARQ e algumas variáveis comportamentais do ensaio comportamental, como por exemplo, entre o medo perante objectos desconhecidos perto dele e a reacção de sobressalto aquando o surgimento das latas, quer no teste (r= 0,496, p <0,05), quer na sua repetição (r= 0,429, p <0,05).