Correio dos Açoresǡʹʹ†‡ƒ‹‘†‡ʹͲͳͶ ensino 17 Dia Internacional do bom humor Sendo hoje, 22 de maio, o dia internacional do bom humor, que melhor maneira de comemorá-lo do que fazendo um Stand Up Matemá- tico. Numa mistura entre a fi cção e a realidade, de relatos originais ou adaptados, e com histórias na pri- meira pessoa, desejamos ao leitor um bom momento de graça. Vamos ver se o objetivo é alcançado. Em geral, quase todos os mate- máticos são um pouco distraídos, por isso utilizam muito a lógica na sua vida. Mas há momentos em que essa lógica é desafi ada… Ouvi con- tar a história de um matemático que foi fazer uma viagem aos Estados Unidos da América e deparou-se com algumas leis em determina- dos Estados americanos que trans- cendem a lógica. Num dos Estados soube de uma lei que refere: Quando dois comboios chegarem juntos num cruzamento de vias, ambos devem parar completamente, e nenhum deve seguir adiante até que o outro tenha ido… Penso que será algo difícil de acontecer, já que um só pode andar se o outro andar. E então, qual andará primeiro? … Por falar em matemáticos, noutro dia um matemático e um físico esta- vam num bar observando a entrada e saída das pessoas de uma loja que estava em frente. Inicialmente viram entrar duas pessoas e depois, saírem três. A esta observação o físico co- mentou: “a medição não foi exata, duas entradas e três saídas”. Ao que o matemático conclui: “se entrar mais uma pessoa a loja fi ca vazia”, justi- fi cando o facto com uma relação nu- mérica. Ou seja, como entraram duas pessoas, temos +2, como saíram três pessoas, temos -3, então o resultado de 2 +(-3) é igual a -1. Se então entrar uma pessoa temos +1, e uma vez que na loja havia -1 pessoa, segue que (-1) + 1 = 0 e a loja fi ca vazia. Semana passada, fazendo as usu- ais pesquisa na Internet, deparei-me com um site que menciona 60 coisas que devemos fazer, ou testar, antes de morrer. Fiquei surpresa com algumas delas. Uma dizia que se dividirmos o número de abelhas fêmeas pelo núme- ro de machos de qualquer colmeia do mundo, sempre obteremos o mesmo número Pi (3,14159265…). Será que estamos preparados para comprovar esta teoria. Seria o fi m da picada… Para os mais supersticiosos, eis uma dica: Todo o mês que começa em um domingo possui uma sexta-feira 13. Cuidado com o próximo mês de junho, pois, ele começa num domin- go. Preparem amuletos e talismãs, não passem por debaixo de escadas e cuidado se “cruzarem” com um gato preto… Mudando um pouco de assunto. Você sabia que um mosquito tem dentes? E perguntariam então o que isto tem de matemático. Ao qual respondo: um número primo. Pois o mosquito possui 47 dentes. E essa em! (recordando o inesquecível jornalista português Fernando Pessa) E por falar em dentes. Você sabe qual o animal que tem o maior nú- mero de dentes? É o peixe-gato, que mede no máximo 30 cm, e possui 9280 dentes. Provavelmente iam-me pergun- tar: Para que serve esta informação? Ora, para enriquecer o nosso conheci- mento, diriam os intelectuais, e para termos noção que comparados com outras espécies, os seres humanos são uma das espécies mais desdentadas, pois possuem apenas 32 dentes. Mas vejamos o lado agradável da informa- ção. O número 32 é uma potência de base 2 com expoente igual a 5, ou seja, 2x2x2x2x2 = 32, sendo expresso na base 2 por 100000. Se não levarmos em conta as bases envolvidas e ape- nas o numeral apresentado, ganhamos do peixe-gato com grande vantagem. Aliás, esta é uma técnica que uso para pensar que tenho muito dinheiro, con- verto o valor da base 10 para a base 2, e sinto-me milionária… Ainda no tema dos animais, e pon- do em evidência os olhos, digam qual o animal que tem 3,14 olhos. Essa é fácil, não é? Só pode ser o piolho. Po- demos fazer vários trocadilhos com o Pi. Seguem alguns exemplos: o que os matemáticos comem quando vêm um fi lme (pipoca); um peixe, que tal como a matemática, é o temido por muitos (piranha); brincadeira de criança com grande constante matemática (pião); roupa que o matemático usa para dormir (pijama); o que os matemáti- cos adoram comer no jantar (pizza); profi ssão arriscada de matemático (piloto); etc. Podemos ter páginas e páginas de adivinhas envolvendo o prefi xo Pi. Agora uma informação muito útil… As estatísticas mostram que as pessoas que têm mais anos de vida são as que fazem mais aniversários. Então, vamos comemorar bastantes aniversários! … As mulheres não gostam muito quando perguntamos a sua idade. Por isso, noutro dia, fi z ao contrário, per- guntei a um amigo qual era a idade que ele me dava. Fiquei inicialmente muito lisonjeada com a resposta. Ele disse-me: pelos cabelos dou-lhe quin- ze anos; pelo olhar, uns dezoito; pelas mãos, uns dezassete; pelo andar, uns vinte e um, e assim seguiu a descrição. Só não gostei do fi nal. Foi quando ele disse que, para dizer a minha idade, ainda faltava calcular a soma… Como pessoa religiosa, fui a mis- sa num desses domingos e fi quei sur- preendida quando em determinado momento o padre começou a dizer: ípsilon é igual a dois xis ao quadra- do mais quatro xis mais cinco. Todos perguntaram o que era aquilo, ao qual o padre respondeu: meus fi éis não se assustem, é apenas mais uma parábola… Quem me conhece sabe o quan- to não gosto de andar de avião. E em conversa com algumas pessoas que sofrem do mesmo problema, deram-me um conselho que penso seguir. Assim, dá próxima vez que tiver que voar, irei usar um sapato de cada cor, pois a probabilidade de um avião cair com uma pessoa, matemática, usando um sapato de cada cor é extremamente peque- na… Como gosto de matemática e de brincar com os números, deram-me o seguinte problemas: Qual a dife- rença entre um ventilador quebra- do e um homem cansado? Depois de pensar e penar, respondi: é 30, pois um ventilador quebrado não venta (90) e um homem cansado se senta (60). Assim, a diferença é 90-30=60. A vida vai passando, seguindo o seu curso, e vamos recordando momentos agradáveis do passado. Lembro-me que durante todo o meu percurso universitário conheci muitos colegas que vibravam com as disciplinas do Curso de Matemática. Um deles era um pouco exagerado, pois começava o dia com um peque- no-almoço de pão integral com deri- vados de leite. No limite da sua von- tade gastronómica, apreciava aros de cebola. Há gostos para tudo! Seu pro- grama preferido era, e ainda é, o Fator X e para não falar dos filmes e séries de televisão que assistia através da sua antena parabólica: Cubo, Hipercubo, a vida de Pi, xXx (triplo x), o Enigma de Fermat, Os Números, entre outros. Desempenhava uma função constante no seu trabalho, em que agia de acor- do com um referencial de alta qua- lidade. Era muito complexo quando menino, pois vivia num mundo ima- ginário. Durante toda a sua vida, só fi cou uma vez doente, com cálculos nos rins. Adorava viajar por países exóticos e conhecer diversos sistemas de numeração. Deleitava-se quando o chamavam de matemático. Eu, feliz- mente, fazia parte do seu círculo de amigos. Era uma pessoa transcenden- te, acreditem, ou não… O mundo está rodeado de factos e notícias, matemáticos ou não, e cabe a nós transformá-los em episódios de bom humor. Desfrutem bem este dia, com muitas risadas à mistura. *hmelo@uac.pt Professora Auxiliar Centro de Matemática Aplicada e Tecnologias de Informação Departamento de Matemática Universidade dos Açores Helena Sousa Melo*